07 de Maio de 2018,00h00
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É notório que a sociedade brasileira (e por que não mundial?) consome muitas garrafas PET. Pense só na quantidade de refrigerante, suco, água e afins que você compra cada vez que vai ao supermercado. Por isso, a reciclagem deste tipo de garrafa é algo tão discutido em todo o planeta. Mas o que poucos sabem é, afinal, o que compõe a embalagem PET. Mais: quais malefícios traz ao meio ambiente, quais são suas vantagens, como funciona sua reciclagem...
Abaixo está um mergulho no mundo das garrafas que estão no nosso dia a dia.
PET é a sigla utilizada para Polietileno Tereftalato, um polímero termoplástico desenvolvido por dois químicos britânicos, John Rex Whinfield e James Tennant Dickson, em 1941. Ele é utilizado, principalmente, na forma de fibras para a indústria têxtil e de embalagens para bebidas.
Dentro da categoria dos poliésteres, o PET (Polietileno Tereftalato) tem origem na polimerização por condensação entre o etilenoglicol (1,2-etanodiol) e o ácido tereftálico (ácido p-benzenodioico). Patenteado no mesmo 1941 por trabalhadores da Calico Printers' Association, na cidade de Manchester, na Inglaterra, foi utilizado pela primeira vez para fins de tecelagem na empresa americana DuPont, no início da década de 1950. Foi apenas no início da década de 1970 que o composto químico começou a ser utilizado na fabricação de embalagens, após cuidadosa revisão dos aspectos de segurança e meio ambiente. Mais tarde, na década de 1990, o governo dos Estados Unidos autorizou o uso deste material reciclado para a produção de embalagens para alimentos.
O PET é um tipo de poliéster amplamente utilizado para a fabricação de engarrafados porque, na década de 1970, surgiu a necessidade da produção de garrafas maiores, de peso leve e inquebráveis para armazenar bebidas gaseificadas.
As características do PET estão relacionadas com sua transparência e resistência ao desgaste e à corrosão. Possui acabamento de alta resistência e suave, o que explica sua ampla utilização em garrafas de água mineral, refrigerantes, sucos, óleos comestíveis, produtos farmacêuticos etc.
O material possui ainda baixa absorção de água e boa resistência às forças de tração – sua resistência é similar à do filme de alumínio. O poliéster é geralmente transparente e sua resistência à tração pode atingir de 1/3 à metade da do aço, se for processado por desenho orientado.
Uma das maiores vantagens das garrafas PET é sua relação entre o peso de uma garrafa de dois litros (aproximadamente 54 gramas) e o seu conteúdo. Isso significa que pouco material é necessário para envasar uma grande quantidade de produto – diferentemente, por exemplo, de uma garrafa de vidro (que é bem mais pesada), na qual é necessária a utilização de mais matéria-prima para armazenagem da mesma quantidade de produto. É por conta deste custo-benefício que sua produção e sua reciclagem são tão interessantes e rentáveis.
Com o uso em grande escala das garrafas PET, principalmente a partir da década de 1990, um problema ambiental sério surgiu: muitas destas garrafas eram descartadas de forma incorreta e acabavam parando em terrenos, rios, esgotos, mares e matas. Só que este material pode demorar até 800 anos para se decompor (daí a importância de sua coleta e reciclagem).
Algumas pessoas, para se livrarem do volume das garrafas, podem pensar em queimar o material. Quando o PET é queimado, apresenta uma chama de cor amarelada que pode explodir durante a queima. Mas, além de ser muito inflamável, o material libera toxinas e gases como monóxido e dióxido de carbono, acetaldeído, benzoato de vinila e ácido benzoico na atmosfera, contribuindo para a poluição do ar e, consequentemente, com o efeito estufa.
Além disso, o plástico em geral – incluindo o PET – é o poluente mais comumente encontrado nos oceanos. Em alguns sistemas de correntes marinhas rotativas, a quantidade de plástico encontrada é tão grande que os pesquisadores dizem que ele já se tornou parte do oceano.
Entende, agora, por que reciclar garrafa PET é tão importante? Além de tudo isso, ela preserva recursos naturais utilizados para criar o plástico – principalmente o petróleo.
Além dos impactos ambientais já citados – e que são evitados com a reciclagem de garrafa PET –, há as vantagens econômicas que ela traz ao país. Assim como qualquer tipo de reciclagem, ela gera empregos para catadores e suas cooperativas, bem como nas empresas que fazem o processo.
De acordo com a Abipet, a indústria recicladora do PET no Brasil é economicamente viável, sustentável e funcional. Seu crescimento anual constante – em média superior a 11% desde 2000 – permite planejar novos investimentos, que são incrementados e incentivados pela criação de novos usos para o PET reciclado.
De acordo com dados levantados pela Associação Brasileira da Indústria do PET – Abipet, a Reciclagem do PET em nosso país é uma das mais desenvolvidas do mundo. Contamos com uma vasta gama de aplicações para o material reciclado, o que cria uma demanda constante e garantida do PET.
O portal Ecycle informa que existem em torno de 500 empresas recicladoras no Brasil, e elas geram aproximadamente 11.500 empregos e um faturamento anual de R$ 1,22 bilhão. O problema nessa história toda é que 80% das companhias são baseadas na região sudeste, o que aponta a fragilidade desse tipo de atividade no Brasil como um todo.
Porém, ainda segundo a Abipet, a indústria recicladora de PET no Brasil está cada vez mais madura e consolidada: mais de 90% das empresas têm mais de cinco anos de atividade.
Caso não consiga dar novas utilidades às garrafas PET que possui em casa, é interessante que você as separe dos demais materiais para que elas sejam encaminhadas para a reciclagem.
Para ajudar o trabalho dos catadores e das cooperativas, separe o reciclável (como as garrafas PET) do lixo comum (orgânico, não-reciclável, como restos de comida) em sacolas diferentes.
Se quiser colaborar ainda mais com a coleta seletiva de seu bairro ou cidade, você pode separar os materiais recicláveis nas categorias mais comuns: plástico, vidro, metal e papel. Caso queira ser ainda mais atencioso e minucioso com seu lixo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA aconselha que os resíduos sejam separados em dez categorias: papel/papelão (lixeira azul); plástico (lixeira vermelha); vidro (lixeira verde); metal (lixeira amarela); madeira (lixeira preta); resíduos perigosos (lixeira laranja); resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde (lixeira branca); resíduos radioativos (lixeira roxa); resíduos orgânicos (lixeira marrom); resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação (lixeira cinza).
Descarte cada tipo em uma sacola e entregue-os nos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs). Também é possível clicar aqui e pesquisar se alguma cooperativa realiza a busca em seu bairro.
Fontes: Wikipedia; AEDB; Pensamento Verde; Ministério do Meio Ambiente; Sua Pesquisa; Reciclagem no Meio Ambiente; The Guardian e E-Cycle
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