21 de Outubro de 2020,11h00
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Existe em São Paulo um grupo de pesquisadores da USP que criou uma iniciativa voltada para soluções definitivas relacionadas aos resíduos têxteis. A plataforma coleta dados sobre descarte de tecidos e possui projetos sociais que formam artesãos que utilizam sobras têxteis para confeccionar peças como bolsas, tapetes, almofadas e outros produtos.
Algumas pessoas não sabem, mas os retalhos, quando limpos e selecionados, são passíveis de reciclagem e reutilização. A iniciativa oferece oficinas de aprendizagem para produção de tapetes feitos com sobras de tecidos gerados nas indústrias. As aulas são dadas em Centros de Acolhida para pessoas carentes. A atividade possibilita a geração de renda com a venda dos produtos em feiras e bazares.
“Este é um projeto que está comigo desde 2015. Já passaram por nós mais de 500 alunos. É gratificante ver as pessoas em situação de vulnerabilidade aprendendo um ofício. No curso, nós conseguimos para eles, uma carteirinha de artesão para que possam exercer o trabalho. Teve uma edição especial, em que eu acompanhei de perto cerca de 15 alunos. Eles tiveram apoio psicológico, pedagógico e voltaram a estudar. Cerca de 30% deles conseguiram se reerguer e sair de uma realidade difícilâ€Â, conta a pesquisadora e doutora Francisca Dantas Mendes, mais conhecida como professora Tita, que lidera o grupo de pesquisadores.
Tita conta que a reinserção das pessoas na sociedade é o que faz todo o trabalho com resíduos de tecidos valer a pena.
“Tivemos um caso de um aluno que estava em situação de vulnerabilidade, morando na rua, e ele aprendeu a fazer tapetes com sobras têxteis. Ele começou a ganhar renda com o novo ofício e decidiu voltar para o estado dele e abrir um negócio. Essas histórias me deixam muito feliz e realizadaâ€Â, conta.
Além dos projetos sociais que mudam a vida das pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, Tita e seus alunos criaram uma plataforma chamada “residômetroâ€Â, onde se quantifica os resíduos têxteis. É possível ver a quantidade de materiais coletados na cidade desde 2017, ano em que começou a contagem. De acordo com Tita, os dados são coletados a partir de cálculos que contaram com a ajuda da Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana) e da Loga.
De 2017 até 2020 (antes da pandemia), foram mais de 29.169 toneladas de resíduos têxteis gerados na cidade, dos quais 23.824 são de materiais de corte produzidos em confecções e o restante de roupas pós-consumo. Atualmente, o “resídometro†parou de contabilizar as peças por conta do isolamento social.
A professora Tita conta que a meta do Sustexmoda é ter um espaço para receber sobras de tecido. O objetivo é aprofundar as pesquisas acadêmicas e também firmar cada vez mais as oficinas de artesanato com os insumos recebidos. “Gostaria de ter um galpão para receber os resíduos têxteis gerados na cidade de São Pauloâ€Â, finaliza.
Texto produzido em 29/09/2020
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