28 de Fevereiro de 2019,12h00
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Componentes indispensáveis no traje carnavalesco, o glitter e a purpurina são os queridinhos do Carnaval e marcam presença em fantasias que desfilam pelas ruas, blocos e sambódromos. No entanto, ambientalistas apontam que o uso desses materiais traz grandes prejuízos para a natureza, principalmente por levarem centenas de anos para se decompor e por causarem danos à vida marinha.
Feitos de placas de garrafa PET ou PVC, que são metalizadas com alumínio e tingidas com cores diferentes, o glitter é cortado em pequenas partículas por uma máquina trituradora com 60 dentes rotativos, o que permite que fiquem no seu formato original: bem pequenos, coloridos e atrativos. De acordo com o biólogo marinho Cláudio Gonçalves, pelo seu tamanho, o material não pode ser retirado do meio ambiente e acaba contaminando o solo e o fundo dos rios e dos mares. "Eles liberam continuamente substâncias químicas presentes na sua matriz plástica, além dos pigmentos sintéticos, que dão sua cor e brilho", explica em entrevista para a revista Superinteressante.
Além de fazer mal à fauna marinha quando ingerido, o glitter também afeta a vida dos seres humanos, que muitas vezes se alimentam de peixes e frutos do mar. "Os microplásticos ingeridos por esses organismos podem afetar seu crescimento e atrapalhar sua alimentação como um todo - e consequentemente impactar toda a cadeia de alimentação", conta Trisia Farrelly, especialista em ecologia urbana da Universidade de Massey, em entrevista para BBC.
Para Gonçalves, devido a facilidade com que esses materiais chegam ao mar, a melhor opção é manter distância do glitter e da purpurina. "É uma poluição desnecessária, assim como o rojão é desnecessário, por causa da poluição sonora. Na verdade, acho que nós não fazemos muito bem ao meio ambiente", diz em entrevista para o jornal O Globo.
Para quem não dispensa o uso do brilho no Carnaval, a boa notícia é que já existem empresas que produzem o glitter biodegradável, uma purpurina que não faz mal a ninguém. Produzido de maneira artesanal por duas biólogas marinhas, a Brilhow está disponível em três modelos: estelar, escaminha e areia mágica.
Amante do carnaval carioca, Frances começou a fazer experimentos caseiros para encontrar soluções e não deixar de se banhar em purpurina. Foi de uma brincadeira que nasceu a Pura Biglitter, marca vegana e artesanal de bioglitter feito à base de algas marinhas e mica, com diversas opções de cores e brilho.
Com o lema de "vamos brilhar sem culpa", Maíra Inaê concebeu a Glitra. Com matéria-prima importada da Europa, ele é feito à base de celulose e eucalipto, misturados ao óleo de jojoba e vitamina D. Com quatro cores, a marca promete hidratar a pele e reverter parte do lucro para projetos que ajudam a causa dos oceanos.
Fontes: Superinteressante, BBC, O Globo, Brilhow, Pura Biglitter, Glitra
Texto produzido em 15/01/2019
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