23 de Maio de 2019,12h00
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Uma exposição interativa sobre reciclagem automotiva com peças de carro separadas para ensinar o público a necessidade de seu reaproveitamento foi a grande protagonista da Ecomondo Brasil 2019. Em sua primeira edição no país, a feira de soluções tecnológicas chega à São Paulo com o objetivo de apresentar as principais novidades e tendências no universo da gestão de resíduos urbanos, industrial e automotivo. “O Brasil é um país que gera muitos resíduos e acompanhamos diariamente os problemas que isso causa. Trazer esse evento pra cá é discutir essas questões e ainda apresentar, em um só local, soluções para todos os segmentos que envolvem o meio ambiente”, defende Luiz Fernando Pereira, gerente de projetos da feira.
O segundo dia do evento, realizado entre 21 e 23 de maio, foi dedicado especialmente ao Fórum Internacional de Soluções Sustentáveis, que teve como principal objetivo fomentar a reflexão e apresentar iniciativas de especialistas e tomadores de decisão públicos e privados no que diz respeito à gestão sustentável. O empresário Ricardo Young foi o nome de destaque na programação, comandando a palestra de abertura sobre os desafios na área. Um dos maiores nomes do tema de sustentabilidade no Brasil, Ricardo destacou o crescimento acelerado das cidades e a necessidade de fazer delas espaços de regeneração ambiental.
"Nós vivemos um fenômeno nunca antes vivido de concentração urbana não planejada, isso destrói ecossistemas em todo mundo. Mas novas tecnologias e novos sistemas já estão sendo disponibilizados e permitem que as cidades sejam restauradoras no lugar de destruidoras", afirmou o especialista, que acredita que estamos tendo oportunidades de reverter o contexto atual, em que as cidades ainda não aceleraram em soluções sustentáveis na velocidade necessária.
Com o intuito de trazer luz à discussão entre poder público e privado na aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei que defende a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos entre fabricantes, importadores, distribuidores, cidadão e municípios, estiveram presentes no evento Anícia Pio, gerente do Departamento de Meio Ambiente da FIESP e Cezar Augusto Capacle, representando Rogério Menezes, presidente da ANAMMA – Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente.
A discussão, mediada pelo presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), apontou a série de obrigações que o poder público municipal e a indústria possuem na aplicação da logística reversa e reforçou a necessidade desses selos trabalharem em parceria para que iniciativas sejam mais eficazes. "A gestão de resíduos é responsabilidade de todos nós. Temos que estar engajados e atuarmos efetivamente", destacou Anícia.
Segundo Cezar, o tema é fundamental para a gestão do município já que, de 2003 a 2017, a população brasileira cresceu em 8% e a produção dos resíduos em 28%. “Nós precisamos ver a gestão de resíduos como uma oportunidade de negócio, e não como um problema. Esse é o caminho. Tem muito dinheiro sendo jogado no lixo”, afirmou. O especialista também defendeu que o melhor jeito de eliminar o resíduo é não gerá-lo. “O foco é reduzir para depois reciclar”, completou.
Seguindo a mesma linha de redução de resíduos, o administrador e engenheiro civil Marcelo Gomes discorreu sobre a urbanização sustentável do bairro Pedra Branca, em Santa Catarina. Aliando sustentabilidade e criatividade, o objetivo foi demonstrar como a necessidade de pertencimento da população é fundamental para o planejamento urbano. Levando em consideração a Teoria da Janela Quebrada, que comprova que a desordem gera desordem, o especialista defendeu "o banco da praça tem que ser o melhor banco, o belo é fundamental".
A discussão sobre inovação no ambiente urbano com foco na construção e no uso sustentável fechou a tarde de palestras com a participação de Cláudio Nascimento, diretor de Tecnologia de Olinda. Além de apresentar o projeto do Porto Digital, parque tecnológico de Recife reconhecido por requalificar de forma acelerada a economia local e recuperar o patrimônio histórico do centro da cidade, Nascimento mostrou as ações de coleta seletiva do tradicional carnaval de Olinda.
Neste ano, foram recolhidas 53 toneladas de material reciclável por catadores e a cidade gerou cerca de 100 mil empregos diretos e indiretos na área. "Quando falamos em cidades inteligentes, temos que saber que não existem 'cidades burras', existe gestão burra. Se fala muito em dados, mas o que é preciso é cuidar de quem produz esses dados", apontou.
Com um balanço positivo apresentado pela organização da feira, a próxima edição já está agendada para 14 a 16 de abril de 2020 e pretende oferecer um leque maior de negócios sustentáveis. Assim como nessa edição, o evento acontecerá simultaneamente à Ecoenergy e à ExpoBiogás, com o intuito de oferecer um panorama completo de novidades e tendências para gestão de resíduos e para energia, biogás e biomassa.
Texto produzido em 23/05/2019
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