02 de Julho de 2019,18h12
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São Paulo foi palco de um grande evento em prol do meio ambiente: o Congresso Ambiental da VIEX, primeira organização brasileira especializada em eventos empresariais para o setor ambiental. Com a participação de autoridades do Governo, multinacionais e advogados, o Congresso debateu, ao longo de três dias de junho, temas relacionados ao atual cenário da gestão socioambiental, econômica e jurídica do país.
Durante a abertura, autoridades governamentais se reuniram para falar sobre suas gestões. Patrícia Iglecias, presidente da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), contou sobre o lançamento de um programa para fechar os lixões que funcionam de forma irregular no estado. “Esses locais não possuem controle ambiental, queremos mostrar que é possível combater esses depósitos irregulares de resíduos”, disse.
Também presente na mesa de debate, Marcos Penido, secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo, disse que é preciso eficiência para resolver os problemas do excesso de lixo.
“Estamos apostando em novas tecnologias para otimizar a coleta seletiva e abertos para receber novas ideias tecnológicas”.
Para Artur Lemos, secretário estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, assuntos ambientais tendem a cair em ideologias, portanto, a urgência é olhar para a realidade e resolver a questão. “Cerca de 95% da população rio-grandense vive na área urbana, precisamos melhorar a coleta e tratamento de esgoto no Estado”.
Já representando o Mato Grosso, a secretária estadual de meio ambiente, Mauren Lazzaretti, compartilhou o desafio de conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação da natureza. “Ao mesmo tempo em que temos 64% dos nossos biomas preservados, também somos o maior produtor brasileiro de soja”, disse.
Agilizar as ações ambientais também está entre as metas do chefe da Pasta de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Luiz Gomes Vieira. Para ele, é preciso desconstruir a máxima de que agilizar processos dentro do governo é sinônimo de flexibilidade e falta de boas análises de casos. “Desburocratizar os trâmites ambientais e agir no prazo que a sociedade precisa é a nossa meta. É possível resolver as questões com agilidade, levando em conta os requisitos técnicos”, defendeu.
A criação de fluxos mais eficientes envolvendo os processos ambientais também deu a tônica das palestras jurídicas que compuseram a extensa programação do Congresso. Advogados e especialistas em direito ambiental concordaram que ações ágeis devem se tornar a regra. Durante palestra sobre crises e acidentes ambientais, Marcelo Kokke, procurador federal que atua na Advocacia Geral da União, explicou que para atingir a almejada celeridade, os documentos técnicos devem ser práticos e com linguagem acessível. “Dessa forma, quanto mais rápido um advogado resolve um problema ambiental, mais ele é valorizado”.
A preocupação é estendida para o setor empresarial. Multinacionais, como a Ambev, empresa produtora de bebidas, e a Red Bull, líder do segmento em energéticos, marcaram presença na palestra sobre programas ambientais corporativos, parte da programação do segundo dia do evento.
Filipe Barolo, gerente de sustentabilidade da Ambev, expôs que a empresa busca captar água e recursos financeiros para as regiões semiáridas do país.
“O cenário é preocupante. De acordo com a ONU, 40% no abastecimento de água potável terá um déficit até 2030. No Brasil, cerca de 35 milhões de pessoas não têm acesso a esse recurso tão necessário”, contou.
Para ajudar essa parcela da população, a compania criou a marca de água AMA, cujo lucro das vendas é revertido para projetos de captação de água no nordeste.
Já a tática da Red Bull para movimentar a sustentabilidade na sociedade brasileira é apostar na realização de oficinas, workshops e eventos. A gerente de qualidade e sustentabilidade da marca, Eduarda Dworakowski, disse ser necessário estimular o compromisso sustentável com o país, já que a empresa é estrangeira e não possui produtos fabricados nacionalmente. “Para isso, promovemos ações sempre abordando a questão da reciclagem e reutilização", explicou à uma plateia lotada.
Em maio, por exemplo, a multinacional promoveu em São Paulo, um workshop para reutilizar e reciclar resíduos eletrônicos. Já em julho, fará uma oficina sobre reciclagem de roupas.
“Por meio dos eventos, queremos dar asas para a sustentabilidade crescer no Brasil”, contou a executiva.
As formas inadequadas de destinação do lixo foram tratadas novamente na mesa sobre resíduos sólidos urbanos. “Dá para resolver o problema dos lixões? Dá”, afirmou Luiz Gonzaga Alves Pereira, presidente da ABETRE (Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes) durante a discussão. Segundo o especialista, para os lixões serem erradicados é necessária a implantação de 500 aterros sanitários no país, atendendo 42 milhões de habitantes que ainda convivem com esse problema. "Quando há vontade política e a autoridade a exerce, dá certo", afirmou.
Para Roberta Danelon, sócia da empresa de advocacia Machado Meyer, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), responsável por reger a atividade ambiental no Brasil, apresenta as obrigações do poder público, do setor empresarial, mas também da população.
“O cidadão também é responsável pela destinação correta dos resíduos”, ponderou.
Segundo a doutora, revistar suas próprias condutas, no condomínio ou mesmo dentro do apartamento, faz parte da obrigação “legal” da população na gestão do lixo.
Mais de 100 palestras, com temas socioambientais e econômicos, foram abordadas durante os três dias do Congresso. “Me sinto realizado ao ver o meio ambiente despontando em todos os setores. O cenário está mudando. No passado, o assunto era tratado apenas por ecologistas, hoje está competindo no mercado global”, disse o agrônomo e agroambientalista, Xico Graziano, que também ministrou palestra no evento.
Texto produzido em 01/07/2019
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