03 de Outubro de 2023,15h00
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Um estudo conduzido pelo Instituto do Mar (IMar-Unifesp) visitou 40 supermercados em São Paulo e no Rio de Janeiro e analisou os produtos supostamente feitos com plásticos biodegradáveis expostos à venda.
Ao todo, 49 produtos diferentes, incluindo sacolas, copos, pratos, talheres e utensílios de cozinha acabaram identificados. Eles eram, em média, 125% mais caros do que os fabricados em plásticos convencionais.
Mas a grande surpresa dos pesquisadores foi verificar que nenhum deles, mesmo os de marcas famosas, atendia aos requisitos mínimos para serem considerados realmente biodegradáveis.
O estudo teve como primeira autora a doutoranda Beatriz Barbosa Moreno, bolsista da FAPESP, sob orientação de Ítalo Castro, professor do Instituto do Mar. Os resultados foram publicados no conceituado periódico Sustainable Production and Consumption.
“Para ser considerado biodegradável, um produto, quando descartado no meio ambiente, deve-se converter em água [H2O], gás carbônico [CO2], metano [CH4] e biomassa em um intervalo de tempo relativamente curto. Não há consenso sobre que intervalo de tempo é esse. Mas a ideia geral é que varie de algumas semanas a um ano. Nenhum dos 49 itens que investigamos atendeu a esse requisito”, explica Castro.
Segundo o pesquisador, mais de 90% deles eram feitos com uma classe de materiais chamados de oxodegradáveis.
Apesar do nome, esses materiais não sofrem degradação em condições ambientais normais. São polímeros de origem fóssil aditivados com sais metálicos.
Os sais aceleram o processo de oxidação e fragmentação. Mas os fragmentos podem permanecer por décadas na natureza.
Além de não contribuir para a degradação, a fragmentação acelera a formação de microplásticos.
“Os plásticos oxodegradáveis já foram proibidos em vários locais do mundo, incluindo a União Europeia. Na maioria dos casos, as proibições ocorreram pela falta de evidências de biodegradabilidade em ambientes reais, associada ao risco de formação de microplásticos”, informa Castro.
Clique aqui e confira a reportagem de José Tadeu Arantes no site da FAPESP
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