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Micro e pequenos negócios movimentam a sustentabilidade do Brasil

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Mecânica Chiquinho adotou práticas verdes como a separação de resíduos e hoje até recebe acadêmicos para estudar sua gestão sustentável. Foto: KYB Amortecedores

Uma tendência do empresariado brasileiro tem chamado a atenção e se tornado uma perspectiva positiva para o meio ambiente. Os micro e pequenos empresários têm apostado na sustentabilidade como modelo de negócio, fazendo com que o setor gere renda, empregos e promova mudanças de hábito. O movimento é ainda mais significativo se levarmos em conta os números que compreendem esse universo no país: as micro e pequenas empresas são responsáveis pela geração de R$ 13,7 milhões por ano e pela metade dos empregos. Respondem ainda por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Para ajudar a mapear essa tendência empresarial, em caráter inédito no Brasil, o Centro Sebrae de Sustentabilidade (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) ouviu 1.887 empresários de micro e pequenos negócios dos quatro principais setores econômicos (agropecuária, indústria, comércio e serviços) de todos os estados do país e do Distrito Federal. O resultado constatou que quase 90% concordam com o papel relevante dos pequenos negócios no desenvolvimento sustentável brasileiro, especialmente nas economias locais.

A pesquisa apontou ainda que os principais motivos que levam os pequenos empresários a adotarem práticas sustentáveis, como eficiência enérgica, uso racional da água e gestão de resíduos são a preservação ambiental (67%), a redução de custos (20%), o marketing e propaganda (3%) para a empresa e o cumprimento da legislação (2%).

Para a gestora de sustentabilidade do Sebrae, Helen Camargo de Almeida, só se pode falar em sustentabilidade econômica se o empreendimento estiver baseado em três pilares: social, ambiental e econômico.

“Uma empresa sustentável é aquela que gera lucro para os acionistas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e melhora a qualidade de vida das pessoas com quem mantém interações”, explica. 

Bons exemplos

À primeira vista, a oficina mecânica de Francisco Severiano Alves não é muito diferente de qualquer outro estabelecimento. Mas basta conhecer um pouco mais a “Mecânica Chiquinho”, em Itaquaquecetuba, para notar suas práticas sustentáveis, adotadas pelo proprietário para economizar custos.

O começo da transformação foi trocar as telhas tradicionais escuras de cerâmica por materiais transparentes e translúcidos. A mudança já baixou drasticamente a conta da energia elétrica. Os valores que antes chegavam a 220 reais, hoje não passam de 120 reais.

O próximo passo foi a redução do consumo de água. No começo, o empresário utilizava duas calhas que despejavam a água de chuva em uma caixa d’água de mil litros. Mas logo a invenção se mostrou pequena e foi preciso trocar por uma cisterna que capta mais de 15 mil litros.

“O investimento foi alto, mas em seis meses a economia na conta cobriu o valor”, explica.

Todo óleo utilizado é encaminhado para a reciclagem e os resíduos sólidos, como papelão das embalagens e peças usadas, são vendidos para cooperativas, gerando em torno de 300 reais para a oficina.

“Além de gerar uma receita incrível para o comércio, contribuímos com o meio ambiente e ganhamos um certificado da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) como um local que destina corretamente os resíduos, principalmente os contaminantes, como óleo lubrificante de carro”, conta Francisco.

Hoje, o estilo de trabalho sustentável da Mecânica Chiquinho é referência para estudos acadêmicos dos universitários do curso de administração de empresas, economia e gestão ambiental. “Às vezes, têm alunos que vêm até de outro estado para escrever uma tese sobre a gestão da oficina”, orgulha-se o mecânico. O profissional inclusive já foi para a região Norte e Nordeste do país compartilhar suas práticas sustentáveis.

Cachaça sustentável

No meio da zona da mata pernambucana, na cidade de Chã Grande, a 85 km de Recife, um engenho funciona à base de energia solar em toda a sua produção para elaborar uma cachaça orgânica com alto teor de sustentabilidade.

A propriedade da família Barreto Silva, formada pelos irmãos Elk, Max, Oto e os pais Moacir e Glória, também utiliza a energia eólica para uso doméstico e um terço do bagaço da cana-de-açúcar serve como fonte de alimentação para esquentar a caldeira e produzir a cachaça.

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Engenho da cachaça Sanhaçu que utiliza energia solar em toda sua produção e incluiu várias práticas sustentáveis em sua operação. Foto: Cachaça Sanhaçu

Os outros dois terços do bagaço, junto com materiais orgânicos e as cinzas das caldeiras, retornam para o canavial como um excelente adubo natural. Toda água utilizada para resfriamento na produção da bebida é reutilizada proporcionando uma economia de 50%.

“Essas práticas ambientais combinam com a nossa produção artesanal que não leva nenhum tipo de química, aceleradores de fermentação ou aromatizantes”, explica Elk Barreto, responsável pela área comercial da empresa.

Depois de estruturar toda a produção do engenho, a família queria mais desafios e resolveu praticar o agroflorestamento, que busca produzir árvores frutíferas. No passado, antes da chegada dos Barreto Silva na região, a terra estava degradada e improdutiva, pois sofria muitos processos de queimadas, técnica primitiva da agricultura destinada à limpeza do terreno para o cultivo de novas plantações ou formação de pastos. Com o plantio de novas vegetações, os animais nativos da zona da mata pernambucana começaram a frequentar o local, entre eles o pássaro Sanhaçu, que inspirou o nome da cachaça.

Para 2019, os planos são investir na construção sustentável. Em breve, a empresa terá um depósito de bebidas feito com hiperadobe, uma prática que ensaca terra em uma tela em formato de tubo e os molda de acordo com a intenção da pessoa. 

Com todas essas ações, a família abriu as portas da propriedade e acompanha alunos de escolas e universidades para conhecer o processo de produção da bebida, o espaço e as práticas ambientais que possuem. Atualmente, os visitantes também podem apreciar os artistas locais, já que as cisternas foram pintadas por artistas da região. “Inclusive uma delas tem xilogravuras, uma arte tradicional do Nordeste e que valorizamos muito”, explica Elk, que também utiliza o desenho típico de cordel nas embalagens de madeira que guardam a garrafa.

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Valorizar arte local também é uma forma de sustentabilidade. Na imagem, artista pinta em estilo de xilogravura (pintura tradicional nordestina) as cisternas do engenho. Foto: Cachaça Sanhaçu

A cachaça é o produto principal do engenho e já é conhecida em vários estados brasileiros, mas ela não é o único artefato da família. Açúcar mascavo, rapadura, licores, doces e até mesmo cerveja de cana-de-açúcar são produzidos no local seguindo as diretrizes ambientais.

A repercussão sustentável conquistou os pernambucanos e o mundo.  O Engenho Sanhaçu ganhou 18 premiações nacionais e internacionais. Em Pernambuco, em 2013, foi reconhecida como a melhor economia criativa do estado. Em 2016, ficou com a medalha de prata na San Francisco Word Spirit Competition, concurso mundial de destilados nos Estados Unidos. Em 2017, ficou com a medalha de ouro no concurso mundial de destilados em Bruxelas, na Bélgica. Em São Paulo, recentemente, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), considerou o Engenho Sanhaçu como o pequeno negócio mais sustentável do Brasil.

A realidade mostra que os consumidores têm valorizado cada vez mais negócios que têm engajamento com causas ambientais. Além da conquista de novos clientes e mercados, as empresas que conseguem demonstrar sua sustentabilidade apresentam mais chances de captar recursos financeiros.

Outra característica é que, na contramão das grandes corporações que recheiam o noticiário e redes sociais com suas práticas, as pequenas empresas costumam fazer isso de maneira silenciosa. Mas o Sebrae se preocupa em mostrar o trabalho dos pequenos negócios que levantam a bandeira verde, portanto, uma das funções da profissional de comunicação da empresa, Vanessa de Brito, é procurar esses micro e pequenos empresários ambientais e escrever sobre eles.

“Acho incrível divulgar que existem empresas que fabricam pano de chão na região seca do Nordeste e precisam economizar água na produção ou então achar um mecânico com uma oficina sustentável. A sustentabilidade está em áreas que nem imaginamos”, conta.

Vantagens em abrir um micro e pequeno negócio com sustentabilidade econômica

• Maior economia financeira a médio e longo prazo

• Aumento de lucros e redução do risco por meio de combate à poluição e melhoria da eficiência ambiental de produtos e processos

• Melhora da imagem perante cidadãos e consumidores

• Obtenção de ganhos indiretos, pois terão um meio ambiente preservado

• Menor geração de lixo

• Maior desenvolvimento econômico e a garantia de uma vida melhor para as futuras gerações

• Vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes

• Estudiosos que consideram que as micro e pequenas empresas têm vantagens para a adoção de mudanças que representem diferenciais competitivos. Isso porque elas têm uma enorme capacidade de adaptação às necessidades do mercado, já que podem tomar decisões mais rápidas do que grandes empresas, reagindo de imediato às mudanças e às exigências do mercado.

Fonte: Sebrae

Serviço

Engenho Sanhaçu
Endereço: Sitio Valado s/nº/ Chã Grande, Pernambuco – Brasil
Agendamento de visita: [email protected]
Telefones: (81) 9-9226-6474/(81) 9-9802-5889

 

Mecânica Chiquinho
Avenida Vereador João Fernandes da Silva, 977. Bairro: Vila Virgínia. Itaquaquecetuba (SP).
Telefone: (11) 4640-3648/ 4732-2790
Horário de funcionamento: segunda a quinta-feira das 8h às 13h30
Sextas: das 8h às 17h30

 

Texto produzido em 30/01/2019


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