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Aprender brincando é a forma mais gostosa de adquirir conhecimento e praticar o bem para o meio ambiente. Pensando nisso, o Recicla Sampa criou dois jogos: o caminho da reciclagem e o do lixo doméstico. Dessa forma, é possível unir educação com diversão, fazendo com que a consciência ambiental e a importância de se fazer a separação correta de resíduos seja um valor construído desde cedo.
“Quando se aprende brincando, o conteúdo é melhor assimilado de forma integral e definitiva. É algo que marca a criança e ela tem mais chances de carregar o que aprendeu por um longo período, sem esquecer”, conta a psicopedagoga Ingrid Delvechio.
Não esquecer! Esse é o maior objetivo dos jogos da coleta para formar desde pequeno um cidadão paulistano com práticas sustentáveis, que lembre da importância de se colocar, por exemplo, duas lixeiras em casa: uma para recicláveis e outra para orgânicos.
Educação ambiental tornou-se necessidade frente à grande crise mundial de poluição, aquecimento global, desmatamento e emissão de poluentes. Se a criança crescer com o pensamento de que se poluir a água um dia ficará sem ela, que se desmatar não terá mais sombra, que se jogar o papel no chão pode gerar doenças e enchentes, elas vão querer encontrar uma forma de preservar o planeta.
“Meus filhos me ensinaram que devo desmontar todas as caixas de leite para deixar pouco volume no lixo”, conta a agrônoma Marta Kokubu.
As crianças de Marta estudam em uma escola paulistana que traz o meio ambiente na grade de matérias escolares. Ela também revela que os pequenos mostraram para a mãe que deve lavar todas as latinhas e potes antes de armazenar no lixo, pois facilita o manejo de quem trabalha com resíduos.
Quando os pequenos aprendem algo novo, acontece um efeito cascata. Eles querem compartilhar o conhecimento com os amigos e parentes. Adquirir aprendizado de forma lúdica acelera esse efeito de compartilhar e praticar boas ações.
Esse jogo interativo é importante para a criança entender que o lixo não desaparece num toque de mágica quando é colocado fora de casa. Ao contrário, é a partir desse momento que o resíduo inicia uma longa jornada.
Tudo começa quando o caminhão sai da garagem das duas principais concessionárias que dividem a coleta seletiva em São Paulo: a Loga e a Ecourbis. Os transportes se dividem por regiões da cidade e em dias alternados. A Loga faz a coleta seletiva na zona central, norte e oeste do município e a Ecourbis, nas zonas sul e leste.
Com o mapa em mãos, os motoristas e coletores já sabem em quais lugares devem passar para recolher o lixo reciclável composto por latas de refrigerante, papéis, papelões, embalagens plásticas, vidros, garrafas pet e outros materiais que podem ser reaproveitados. Todos são recolhidos. Nada fica para trás.
Os sacos recolhidos pelos funcionários são arrumados no caminhão para que não sejam danificados. Todo resíduo deve ficar intacto, pois tem valor comercial, social e ambiental. É importante saber que, ao jogar fora vidro, seja garrafa ou copo, é importante enrolar em um jornal ou colocar dentro de uma caixinha de papelão e escrever “VIDRO”, assim nenhum coletor se machuca. Outra dica que faz toda diferença para quem recolhe o lixo é que o saco seja azul-claro ou branco, assim permite olhar o que tem dentro.
Com o caminhão cheio de sacos de materiais recicláveis, a próxima etapa do jogo interativo, assim como na vida real, é a Central Mecanizada de Triagem. Quando o veículo está lotado, com 3 toneladas de resíduos, ele descarrega em dois locais de São Paulo: a Central Mecanizada de Triagem e Transbordo Ponte Pequena (administrada pela Loga), que fica na zona norte e a Central Mecanizada Carolina Maria de Jesus (Ecourbis), na zona sul. Em cada uma delas já tem gente esperando pelo lixo. São as pessoas que trabalham nas cooperativas que fazem a separação de forma manual e levam os resíduos para serem prensados e separados em fardos.
Os fardos são compostos por materiais da mesma família, ou seja, papel fica com papel, plástico com plástico e assim por diante. Eles são vendidos para outras empresas, que utilizam esse material como matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Todo o lucro vai para os trabalhadores das cooperativas que se mantêm com as vendas desses materiais recicláveis. O que não pode ser reaproveitado vai para o aterro sanitário.
De acordo com a profissional, saber fazer a separação do lixo não só desenvolve os conceitos ambientais dos pequenos, mas traz benefícios como a capacidade de organização, uma forma de pensar priorizando o coletivo e ações para solucionar o que não está certo.
As filhas de 11 e 13 anos da empresária Ana Lúcia Pretti foram muito além do “papel, plástico, vidro e metal” e levaram a mãe até a escola para aprender a fazer uma composteira com restos de alimento. “Dá para ter até em apartamento”, destaca. Ana acredita que educação ambiental deveria ser tão importante quanto matemática na disciplina escolar das crianças.
Geralmente, os rejeitos são restos de alimentos como cascas, sobras, bagaços, papel higiênico, fralda descartável e ponta de cigarro. Ao contrário do que muita gente pensa, misturar lixo orgânico com reciclável é um erro fatal. Além de estar deixando de colaborar com algum trabalhador de cooperativa que transformará o material em dinheiro para sobreviver também estará dando um destino incorreto para o resíduo no aterro sanitário. O reciclável ficará parado no aterro, com um futuro inútil, sendo que poderia ter sido reaproveitado. Ele não é um lixo orgânico. Ensinar desde cedo que os recicláveis têm vida útil e podem retornar para a economia e até para as preateleiras é uma grande tarefa para os educadores e responsáveis pelas crianças.
Entender o mecanismo do lixo é fundamental. A realidade do dia a dia do recolhimento do resíduo domiciliar de São Paulo conta com a coleta feita por caminhões de rejeitos que possuem a capacidade máxima de transportar 10 toneladas, que são levadas para uma estação de transbordo.
A estação é um local onde o lixo é descarregado pelos caminhões em um fosso e, depois, colocado com escavadeiras em uma carreta que leva todo o resíduo para o aterro sanitário, seu destino final.
“O tema da reciclagem de lixo, além de estar no foco, é muito importante, principalmente se for ensinado nos anos iniciais do aprendizado. Além do essencial, como aprender a ler e escrever, a criança precisa ter uma noção sobre o mundo em que vive e quais os maiores problemas que ele tem. Precisa estar diretamente envolvida com tudo que acontece em seu bairro, cidade, estado e país”, finaliza a psicopedagoga.
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