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Ambientalistas contam suas trajetórias para salvar os recursos naturais

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Foto: Gerd Altmann / Pixabay

Entre os brasileiros surge uma tendência cada vez maior para valorizar a sustentabilidade. Prova disso é uma pesquisa feita pelo Ministério do Meio Ambiente que aponta que quase 100% da população considera necessário os cuidados e proteções com a natureza.

Ser um cidadão “eco”, aquele que promove ações para melhorar o meio ambiente, está em alta, principalmente entre a juventude. Prova desse movimento é a advogada Amanda Mauro, de 26 anos. A história com o meio ambiente vem desde pequena. Criança curiosa, ela sempre questionou a relação do ser humano com a natureza. “Comecei a procurar respostas desde cedo sobre o papel do ser humano no mundo e fui enxergando que nós e a natureza somos parte de um todo, estamos interligados e precisamos manter esse ecossistema”, comenta.

A partir dessa reflexão, Amanda decidiu que faria a diferença na sociedade e decidiu cursar direito para ajudar juridicamente a causa ambiental, além de se inscrever em três ongs diferentes. “Uma delas é a Engajamundo. Participamos de um evento que conscientizava as pessoas a trocarem o copo plástico por um reutilizável”, diz. 

Além dos trabalhos ambientais, a advogada deseja influenciar a nova geração, inclusive a que está na família. Ela conta que seu primo de 11 anos já recebe ensinamentos sobre como separar o lixo e evitar o uso de plásticos.

“Sempre tento plantar a semente da sustentabilidade nele, seja assistindo um filme, um livro ou mostrando alguma prática”, conta Amanda. 

Dados do Greenpeace provam que há um crescimento no engajamento ambiental entre a juventude. De acordo com o coordenador de Desenvolvimento de Comunidades da ONG, Rafael Fernandes, o número de jovens voluntários deu um “boom” depois que foi criada uma plataforma que funciona como uma espécie de rede social para assuntos verdes, a Greenwire. Antes desse site, havia 250 participantes em apenas oito cidades do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Belo Horizonte, Brasília, Recife, Salvador e Porto Alegre.

Com a plataforma, mais de 8 mil pessoas passaram a ser ativistas ambientais do Greenpeace, sendo que 2 mil interagem na rede social ativamente todos os dias. Segundo Rafael, 41% têm entre 25 a 34 anos, 34% de 18 a 24, 7% de 45 a 54, 3% de 55 a 64 e 1,5% mais de 65 anos.

A própria história de Rafael bate com as estatísticas. Ele começou no Greenpeace com 18 anos, sendo estagiário e voluntário. “Eu me sentia incomodado com a destruição do meio ambiente e me inscrevi em três ONGs ao mesmo tempo. No Greenpeace foi onde mais me identifiquei”. Hoje, com 28, Rafael é quem cuida da rede social Greenwire e ajuda pessoas de todo o Brasil a se conectarem. 

Na rede social verde é possível marcar eventos, fazer discussões, combinar palestras e outras ações relacionadas ao meio ambiente. A cobertura permite que jovens da mesma cidade possam interagir ou defender alguma causa local. Foi o caso de um grupo que se reuniu no interior de São Paulo e organizou uma feira para falar sobre os efeitos nocivos do agrotóxico nas plantações da região. “Aliar tecnologia com a causa verde faz com que esses jovens voluntários das cidades mais remotas do Brasil se unam. Antes isso não era possível. Nem imaginávamos que seria possível atuar, por exemplo, no interior de São Paulo”, diz.

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Foto: Pixabay

No passado era difícil

Os anos 90 e 2000 foram períodos difíceis para quem era ambientalista. Não existia rede social verde e tinha que ser muito criativo para chamar a atenção sobre um assunto preocupante da ecologia. “Lá vem o Mensageiro do Apocalipse”. Era assim que o acadêmico especialista em meio ambiente e coleta seletiva, Wilson Lussari, era recebido por amigos quando falava sobre questão do lixo e do chorume tempos atrás, no interior de São Paulo.

“Ainda temos chorume dos resíduos do império romano presentes na terra. Se ainda temos consequências hoje daquela época, imagina agora com os produtos industrializados. Quando eu falo isso, as pessoas acham que estou exagerando”, conta.

Lussari decidiu fazer parte de um projeto, junto com outros professores, para implantar a coleta seletiva em Presidente Prudente (SP), cidade onde mora e leciona disciplinas ambientais na universidade local. Demorou 10 anos para implantar, mas aconteceu.

“A coleta seletiva ocorre em duas etapas diferentes. Primeiro, precisa convencer todos os setores sobre a importância em fazer a separação. Depois de conscientizados, precisa ensinar a fazer”, diz.

De acordo com a experiência do professor, a maior conscientização acontece quando a sociedade fica sabendo que existe uma cooperativa de pessoas que dependem desses materiais do lixo para gerar renda, sobreviver e se manter na cidade. A Prefeitura contratou a cooperativa de catadores em 2015. “A partir daí, começamos a ter uma coleta regular e um corpo institucional”, relembra.

O desafio não para por aí. Agora, Lussari está envolvido com um projeto para implantar a coleta seletiva em 55 municípios da região do Pontal do Paranapanema, extremo oeste do estado de São Paulo. “Sei que vai demorar, pois se uma cidade levou 10 anos, imagina 55. Porém já plantamos a semente da coleta seletiva e sabemos que é possível”.

Além disso, como professor, ele acredita que essa nova geração, mais conhecida como Z, nascidos entre 1990 até 2010, são mais engajados e mais interessados por meio ambiente. “Eu tenho filhos pequenos e netos e eles já têm incorporado a importância da coleta seletiva para o meio ambiente”, avalia. 

Texto produzido em 19/04/2019


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