28 de Novembro de 2024,10h00
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O Brasil tem potencial para substituir plásticos derivados de combustíveis fósseis por plásticos biológicos, sem causar danos relevantes à biodiversidade, à água ou ao aumento de áreas cultivadas, mas a produção sustentável exige processos e gestão cuidadosa de resíduos.
A conclusão é de um estudo do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), publicado na revista Nature. A pesquisa, que analisou cenários até 2050, cruzou dados sobre áreas agricultáveis e os impactos do uso de cana-de-açúcar, uma alternativa à agricultura convencional e ao pasto degradado, como fonte para a produção de bioPE (polietileno de base biológica).
O melhor cenário analisado pelo estudo propõe o uso de 3,55 milhões de hectares de áreas não produtivas, o que representaria uma alternativa viável para a demanda global crescente por plásticos biológicos.
O foco seria em pastagens degradadas, principalmente em estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, onde a produção de cana poderia ser expandida sem grandes impactos ambientais. Esse cenário teria benefícios, como a redução das emissões de carbono e o uso eficiente dos recursos hídricos e da biodiversidade.
A pesquisa também destaca o papel da cana na produção de bioPE, que poderia substituir o petróleo na fabricação de plásticos, um dos maiores consumidores de derivados do petróleo no mundo. Embora o Brasil tenha uma forte base para isso, com universidades e empresas desenvolvendo soluções a partir da cana, a pesquisadora responsável, Thayse Hernandes, alerta para a necessidade de políticas públicas eficazes para garantir a gestão adequada da reciclagem desse material.
O bioPE, embora seja feito de matéria-prima renovável, não é biodegradável e, assim como o plástico fóssil, pode acabar nos oceanos se não houver um sistema de coleta eficiente. "O grande desafio é a coleta e o retorno do material para o ciclo produtivo. A tecnologia de produção está avançada, mas sem um sistema de descarte e reciclagem bem estruturado, o plástico continua sendo um problema", explica Hernandes.
A pesquisa também destaca que, caso a coleta não seja eficiente, a produção de bioPE pode gerar impactos negativos no uso da terra e até aumentar as tensões sociais, ao competir com outras culturas agrícolas e áreas de preservação.
O estudo, portanto, aponta que para o Brasil se tornar um líder global na produção de plásticos biológicos, primeiro será preciso resolver questões de governança e infraestrutura de reciclagem, além de garantir que o processo seja ambientalmente sustentável em todas as suas fases.
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