06 de Novembro de 2021,15h00
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Imagina um lugar onde os restaurantes servem alimentos orgânicos, onde os turistas são orientados a se deslocarem de bicicleta, onde mais da metade da população usa o transporte público, onde a reciclagem é lei e onde o governo ainda oferece recipientes para a compostagem de resíduos, que também é obrigatória.
Para quem mora no Brasil, parece um lance do futuro, um sonho distante, né? Mas essa cidade já existe e é um exemplo para o mundo, principalmente quando o assunto é a gestão dos resíduos sólidos.
Sim, estamos falando de São Francisco, na Califórnia, considerada a cidade “mais pra frente” dos Estados Unidos, baluarte da sustentabilidade ambiental nas Américas, campeã do conceituado U.S and Canada Green City Index nos quesitos energia, construção, transportes, água, lixo e qualidade do ar.
Quando a gente fala que os caras são “pra frente”, não é mera figura de linguagem. Vanguarda do Movimento Lixo Zero, São Francisco adotou em 2002 suas primeiras metas de curto, médio e longo prazo.
Em 2003, baixou seu Código Ambiental e em 2006, o complementou com uma Portaria de Recuperação de Detritos de Construção e Demolição.
Já a Portaria Obrigatória de Reciclagem e Compostagem foi aprovada em 2009 e exige que todos, incluindo os milhares de turistas que se hospedam diariamente na região, separem o lixo em três: recicláveis, compostáveis e rejeitos.
Nos anos seguintes, a coleta de compostáveis cresceu 50%. Como a taxa de compostagem ultrapassou a de reciclagem, o governo local presume que a principal responsável pelo sucesso do programa foi a implementação da lei, mais do que os incentivos e os trabalhos de conscientização.
Em 2010, dois anos antes de vencer a primeira meta, a cidade já reciclava cerca de 80% do que era descartado.
Os moradores podem solicitar ao governo contêneires para separar compostáveis, recicláveis e rejeitos.
Além disso, também podem escolher o tamanho desses contêneires (que vão de 120 a 360 litros).
Eles variam de acordo com a quantidade de resíduos produzidos e a frequência das coletas (diárias ou semanais).
Os contentores são identificados por cores: verde para compostáveis, azul para recicláveis e preto para os rejeitos (que vão para os aterros ou serão incinerados) e existem informações impressas em cada um dizendo o que pode e o que não pode ser descartado ali.
Para facilitar a separação dos compostáveis, o governo cede baldes de sete litros para o pessoal colocar na cozinha. Mas não é de graça e as pessoas precisam pagar pelos contentores.
Como forma de incentivar a compostagem, os moradores pagam mais barato pelas lixeiras de compostáveis do que pelas lixeiras de recicláveis e de lixo.
Ah, mas e se alguém tentar dar um chapéu no governo no estilo “jeitinho brasileiro”. Bom, se os caras pegarem, o cidadão paga uma multa salgada, de aproximadamente R$ 500.
Tudo isso, claro, é acompanhado de um trabalho de educação e conscientização onde funcionários do governo passam de porta em porta oferecendo explicações e esclarecendo dúvidas.
Em 2018, São Francisco atualizou seus compromissos com o Lixo Zero para reduzir a geração de resíduos sólidos a no máximo 15%.
A cidade também se comprometeu a diminuir em 50% a quantidade dos resíduos destinados aos aterros ou à incineração até 2030.
Fontes
Estudo de Caso Lixo Zero - U.S. Environmental Protection Agency
Cidades Super Sustentáveis - Portal Ciclo Orgânico
Texto produzido em 6/11/2021
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