03 de Dezembro de 2025,10h00
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O algodão possui mais celulose do que o eucalipto, mas toneladas de camisetas seguem descartadas em aterros no mundo todo, informou recentemente em um podcast Rui Martins, presidente da Inovafil, referência em inovação têxtil na Europa
De acordo com o executivo, esse cenário evidencia uma contradição estrutural da cadeia da reciclagem de tecidos no mundo, já que a indústria continua plantando eucalipto para produzir celulose enquanto enterra uma matéria-prima rica, limpa e já disponível.
Ainda de acordo com Martins, a equação ambiental é clara: cada peça de algodão descartada representa energia, água, solo e trabalho desperdiçados. E o volume é gigantesco, com estimativa de bilhões de itens fabricados a partir do material todos os anos.
"O algodão é mais rico em celulose que o eucalipto, mas nós enterramos toneladas de camisetas e vamos plantar eucaliptos. Por que não reciclamos?”, questionou Rui.
Para outras especialistas ouvidos pelo Recicla Sampa, ele tem razão e a solução passa por ampliar a reciclagem mecânica e química do algodão, melhorar a triagem dos resíduos têxteis e incentivar modelos de produção capazes de recuperar fibras com qualidade.
Além disso, políticas públicas e investimentos industriais precisam sair do papel para transformar esse potencial em escala real.
“Fizemos a vacina Covid em tempo recorde e não conseguimos resolver o segundo maior problema ambiental do mundo, que são os desperdícios têxteis? Falta vontade política”, lamenta.
A lógica atual, plantar mais árvores para produzir celulose enquanto toneladas de algodão vão para aterros, de fato mostra um sistema desalinhado com a economia circular.
Reaproveitar o algodão disponível é um passo estratégico para reduzir impactos climáticos, diminuir pressão por recursos naturais e construir uma indústria mais eficiente.
O desafio é grande, mas o caminho é claro: transformar o algodão descartado em nova fibra, fechar ciclos produtivos e reduzir perdas em uma das cadeias mais poluentes do planeta.
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