17 de Maio de 2022,17h00
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Dia 17 de maio é o Dia Internacional da Reciclagem. Instituída pela Unesco, a data promove a reflexão sobre os hábitos da sociedade de consumo e sobre a maneira como tratamos e descartamos o lixo gerado em nossas casas, ambientes de trabalho, de estudo e de lazer.
E para comemorar essa data tão importante para a construção de um futuro sustentável, o Recicla Sampa relembra a história da escritora Carolina Maria de Jesus, agente ambiental mundialmente reconhecida e pioneira na coleta de materiais recicláveis no Brasil.
Negra, pobre e semi-analfabeta, Carolina foi uma artista brasileira de espírito livre. Nascida no interior de Minas Gerais, veio ainda jovem para São Paulo e depois de passar por algumas cidades do estado, fixou moradia na tradicional região do Canindé, zona norte da capital.
Sem conseguir emprego, enfrentando todos os preconceitos possíveis e com três filhos para criar, passou a coletar papel e outros materiais pelas ruas da cidade. Guerreira, construiu sua “maloca” com lixo reciclável. Uma pequena casa erguida com latas, pedaços de madeira e restos de telha.
E foi exatamente a sua atividade de catadora de recicláveis que abriu as portas para a sua carreira como artista.
Ao recolher papeis, Carolina guardava cadernos e folhas que não tinham sido utilizadas por completo e nelas passou a relatar as experiências dos negros marginalizados e das mulheres e crianças discriminadas das décadas de 1940 e 1950.
Em 1958, o jornalista Audálio Dantas teve contato com seus textos, acolheu Carolina e viabilizou o lançamento do seu primeiro livro. Em 1960, finalmente, o Brasil e o mundo descobriram que numa favela da zona norte da capital paulista residia uma das mais importantes escritoras negras de todos os tempos.
A publicação de "Quarto de despejo: diário de uma favelada" foi um marco. O livro acabou premiado, traduzido em diferentes idiomas e publicado em pelo menos 40 países. Nele, a autora descrevia o estilo de vida, o cotidiano, as dificuldades e as poucas alegrias dos moradores das comunidades paulistanas.
"Um sapateiro perguntou-me se o meu livro é comunista. Respondi que é realista. Ele disse-me que não é aconselhável escrever a realidade”, contou a escritora.
Nos anos seguintes, apesar de melhorar de vida, publicar um segundo livro (Casa de Alvenaria) e lançar um álbum de músicas autorais, sua carreira não despertou tanto interesse da imprensa corporativa e da burguesia brasileira, críticos e consumidores da literatura no país. Mas fora do Brasil, ela seguiu sendo reverenciada, lida e muito respeitada.
Carolina morreu em 13 de fevereiro de 1977 e uma série de obras póstumas foram lançadas desde 1982, quando uma editora francesa publicou de forma inédita o livro Diário de Bitita, que só chegaria ao Brasil em 1986.
Em 1996, os pesquisadores José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M. Levine organizaram a coleção “Meu Estranho Diário e Antologia Pessoal”, compostos por artigos e relatos redigidos pela autora e guardados pela família.
Com uma estética legítima, sem se preocupar muito com a gramática, Carolina foi a percursora do que ficou conhecido como Literatura Periférica, estilo que atualmente podemos encontrar nos trabalhos, por exemplo, dos Racionais e do poeta Sérgio Vaz.
Referência para todos os negros e para todos os agentes ambientais do mundo, exemplo de dignidade e perseverança, sua obra está imortalizada. A verdade é que Carolina Maria de Jesus não vai morrer nunca.
Texto produzido em 17/5/2022
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