Reciclagem feita no Edifício Othon, Secretaria da Fazenda. Foto: Recicla Sampa
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Ele já foi considerado um dos melhores hotéis do mundo. Hospedou a rainha Elizabeth II, da Inglaterra, e diversos nomes da música internacional. Um verdadeiro cartão postal, localizado no centro da cidade. O antigo Othon Palace Hotel, declarado como utilidade pública em 2009 pela Prefeitura, desde fevereiro de 2018 abriga a nova sede da Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo e seus 1.300 funcionários.
Mas para além de toda sua bagagem histórica, esse prédio se tornou paradigma no controle de desperdício, reciclagem e preservação do meio ambiente. E para entender melhor o processo que fez parte dessa mudança, o Recicla Sampa conversou com as pessoas que participaram do movimento que colocou esse ícone arquitetônico no centro do debate envolvendo a reciclagem e a coleta seletiva.
A ideia de tornar o prédio sustentável partiu de Arlinton Nakazawa, chefe de gabinete da Secretaria, que, antes de exercer essa função, atuava como coordenador da comissão de reforma e mudança do prédio.
“Quando teve início o processo de ter uma sede própria adotamos a coleta seletiva como uma premissa. Foram diversas visitas a órgãos públicos e empresas privadas para identificar as melhores práticas a serem adotadas, desde a mudança de mobiliário até a rotina dentro das empresas”, explica Nakazawa.
A implementação do projeto foi baseada em uma metodologia de organização oriental conhecida como 5S. São cinco palavras japonesas que começam com a letra S e cujos significados dão conta de: senso de utilização, ordenação, limpeza, saúde e autodisciplina. Um manual de boas práticas e uma comissão foram criados para dar início à mudança de hábito dos funcionários.
“Elaboramos uma estratégia de abordagem nos departamentos com a finalidade de divulgação desses princípios. Os funcionários no começo estavam resistentes às mudanças, mas hoje podemos dizer que 55% dos trabalhadores já estão engajados na prática”, diz Marcos Takao, coordenador da implantação das técnicas, que começou antes mesmo da mudança, na sede antiga
A nova sede da Secretaria Municipal da Fazenda não possui lixeiras dentro das salas, somente nas áreas de circulação. Elas estão localizadas nos corredores dos 28 andares do prédio. São duas lixeiras para descarte de resíduos comuns e duas para lixo reciclável em cada salão de trabalho. E mais seis containers que ficam no subsolo: dois para lixo reciclável e quatro para lixo orgânico.
A opção de não utilizar cestos de lixo dentro das salas foi pensada em conjunto com a Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), órgão da Prefeitura de São Paulo que fiscaliza as concessionárias e cooperativas que atuam na coleta e separação do lixo na capital.
Dentro das salas há somente um recipiente para lixo reciclável próximo às impressoras que serve para armazenar os papéis descartados. As impressoras também tiveram o número reduzido de 98 para 54, sendo duas em cada andar. A impressão de papéis é monitorada e cada funcionário tem uma senha de identificação para controlar o número de impressões nos departamentos. A empresa não utiliza papel para a comunicação interna, feita sempre de maneira eletrônica.
“Adotamos a política chamada de ‘pool de impressão’. Diminuindo o número de impressoras nas mesas, as pessoas pensam duas vezes antes de imprimir. Isso foi uma política observada nos locais visitados. A forma de solicitação de papéis também foi modificada. Agora deve ser 50% papel branco e 50% papel reciclável. Caso haja necessidade de aumentar a quantidade, o departamento tem que justificar o uso”, ressalta Nakazawa.
A Secretaria Municipal da Fazenda é a única Pasta que possui um controle do tempo de validade dos documentos. É o que eles chamam de ‘tabela de atividade fim’, com arquivos específicos de cada Secretaria e suas datas de validade. Antes, o Tesouro municipal guardava todos os documentos, acumulando uma enorme quantidade de papel. Hoje trabalham de maneira eletrônica, com a maior parte dos documentos digitalizados. Foram cerca de 20 mil toneladas de papéis descartados e reciclados por uma cooperativa na zona leste de São Paulo.
Todo o mobiliário foi modificado e adaptado. Os armários ficaram mais altos, para armazenar os documentos em menos espaços. As mesas foram projetadas para que as pessoas trabalhem de maneira confortável, mas agora têm um tamanho menor.
Cadeiras quebradas, mesas, armários, ventiladores e telefones tiveram a destinação correta. Destes, 4.062 itens foram reaproveitados por outras Secretarias. O restante, 3.447 objetos, foi enviado para os locais corretos de descarte.
Durante a reforma, um problema no lençol freático do prédio, localizado no 2º subsolo, se tornou uma ótima opção de reúso de água não potável. Por meio de caixas d’agua específicas e novas tubulações foi possível a utilização da água para as descargas dos banheiros e torneiras da área de serviço, utilizadas na limpeza do chão. Anteriormente, essa água seria jogada diretamente na galeria fluvial.
O prédio conta também com um bicicletário com capacidade para 28 bicicletas e dois vestiários com 88 armários pensando no bem-estar dos funcionários da Secretaria.
“Estamos tendo um retorno positivo dos funcionários. Já tivemos relatos de servidores que estão adotando as mesmas práticas dentro de suas casas. Mudar hábitos é um trabalho gradativo e constante”, conclui Takao.
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