03 de Setembro de 2025,10h00
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A integração dos catadores de recicláveis aos sistemas de gestão de resíduos sólidos é reconhecida como essencial para a economia circular. Mas será que as iniciativas realmente melhoram as condições de vida e trabalho desses agentes?
Essa foi a pergunta que guiou uma pesquisa da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), apoiada pela FAPESP, publicada no conceituada periódico Waste Management & Research.
O estudo mapeou 63 iniciativas internacionais e analisou de forma mais detalhada experiências no Brasil e na América do Norte.
Os resultados revelam contrastes importantes: enquanto em países norte-americanos os catadores ainda enfrentam falta de reconhecimento oficial e atuam de forma isolada, no Brasil o cenário está mais avançado, com leis que reconhecem a categoria e parcerias estabelecidas com prefeituras e empresas.
“O termo “integração” muitas vezes é usado apenas como estratégia de greenwashing, sem trazer transformações reais para a vida dos trabalhadores”, alerta a pesquisadora Ana Maria Rodrigues Costa de Castro.
Para enfrentar esse problema, a pesquisa propôs, junto aos próprios catadores, 84 diretrizes para fortalecer a participação da categoria e garantir que ela seja reconhecida como parte fundamental da cadeia de resíduos.
Essas propostas ganham ainda mais relevância no atual contexto do debate sobre políticas de economia circular no país.
Além de consolidar o reconhecimento dos catadores como agentes ambientais, elas apontam caminhos para ampliar o acesso a direitos, melhorar as condições de trabalho e valorizar o papel das cooperativas na gestão de resíduos.
Como forma de devolver os resultados à sociedade, foram produzidos vídeos, painéis interativos e outros materiais educativos em português e inglês, para apoiar organizações de catadores e gestores públicos.
O objetivo é transformar o conhecimento acadêmico em ferramentas práticas para fortalecer o setor.
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