10 de Marco de 2023,14h00
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Um estudo internacional publicado no site PLOS One concluiu que existem 170 trilhões de fragmentos de lixo plástico acumulados nos oceanos do mundo.
Na prática, para cada habitante do planeta, são cerca de 20 mil resíduos plásticos flutuando nos mares, a maioria de microplásticos, partículas com menos de 5 milímetros.
Os números são resultado de amostras recolhidas em mais de 11 mil pontos de monitoramento durante 40 anos, entre 1979 e 2019, nos oceanos Atlântico, Pacífico, Índico e no Mar Mediterrâneo.
Os gráficos indicam ainda uma forte tendência de alta a partir de 2005, diretamente vinculada ao crescimento da classe média dos países emergentes, e apontam os plásticos de uso único como principais responsáveis pela poluição.
Para se ter uma ideia do tamanho do impacto ambiental, pesquisadores australianos encontraram no estômago de uma única ave marinha 234 pedaços de diferentes tipos de plásticos.
"Vemos esse aumento expressivo porque houve um rápido crescimento na fabricação desses produtos nas últimas décadas e políticas limitadas de controle do impacto ambiental", explicou à AFP Lisa Erdle, uma das autoras da pesquisa.
Os dados do Plastic Waste Makers Index (PWMI), organizado pela Minderoo Foundation, indicam que a população mundial consumiu 139 milhões de toneladas de plásticos descartáveis em 2021.
Em 2019, ano do primeiro levantamento capitaneado pela fundação, foram consumidas 133 milhões de toneladas.
Em resumo, a pesquisa mostra que o problema da poluição plástica piorou e novas estimativas das emissões de gases de efeito estufa colocam os fabricantes desses itens entre os principais responsáveis pela crise climática.
Mas quem são esses fabricantes? A composição das 20 principais empresas petroquímicas com a maior pegada de resíduos plásticos do planeta é bem parecida com o primeiro PWMI.
A ExxonMobil, com sede nos Estados Unidos, continua sendo a maior produtora de polímeros para plásticos descartáveis, seguida pela chinesa Sinopec, e por outra norte-americana, a Dow.
Por isso, entre as recomendações do relatório está um forte apelo para que o mercado e as instituições financeiras usem estratégias de engajamento, votação por procuração e suspendam investimentos como forma de pressionar essas empresas.
Vale destacar que mesmo com os apelos da comunidade científica internacional e do movimento ambientalista, as petroquímicas estão construindo novas fábricas de polímeros baseados em combustíveis fósseis.
O índice ainda conclui que embora a reciclagem ofereça uma solução eficiente tanto para a crise climática quanto para a crise do lixo, ela não está aumentando na taxa necessária para a questão do lixo plástico, que demanda da ONU um tratado mundial.
De 2019 a 2021, o crescimento na massa de plásticos descartáveis de polímero virgem ultrapassou o da matéria-prima reciclada por um fator de quinze para um.
Em março de 2022, a quinta sessão da Assembleia do Meio Ambiente da ONU, em Nairóbi, capital do Quênia, aprovou uma resolução para acabar com a poluição plástica globalmente.
Em dezembro do ano passado, representantes de governos, do setor privado e da sociedade civil do mundo inteiro reuniram-se no Uruguai na primeira reunião para desenvolver esse instrumento internacional.
E na última semana, a área de notícias do site da ONU publicou um texto onde informa que há chances reais do prazo inicial (2024) para o lançamento do documento ser cumprido.
A resolução, juridicamente vinculativa, aborda o ciclo de vida completo do plástico, condição necessária para enfrentar a crescente crise.
O documento reconhece ainda a contribuição significativa dos trabalhadores informais e cooperativas de reciclagem. Por isso, foi formado o Grupo de Amigos dos Catadores de Materiais Recicláveis.
O Grupo é um órgão voluntário formado por representantes dos estados membros e vai garantir que as vozes dos catadores sejam ouvidas nas negociações.
O tratado ainda vai incluir uma série de disposições técnicas, como promover a produção e o consumo sustentáveis de plásticos, desde o design do produto até a gestão ambientalmente correta de resíduos, por meio da eficiência de recursos e abordagens de economia circular seguras e justas.
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