14 de Novembro de 2025,10h00
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A crise climática deixou de ser um alerta distante para muitos jovens da Amazônia. Em Belém do Pará, o estudante João Victor da Silva, conhecido como João do Clima, encara o tema como parte inevitável da própria rotina.
Aos 16 anos, ele equilibra provas escolares com a missão de pressionar líderes mundiais por respostas urgentes diante dos impactos ambientais que já afetam ilhas e periferias da capital paraense.
“Eu queria ser mais adolescente e menos ativista. Nesse momento, não acho que é possível”, afirma. A frase resume o sentimento de uma geração que cresce sob enchentes mais frequentes, calor extremo e ameaças diretas à segurança alimentar e ao bem-estar das comunidades ribeirinhas.
João recebeu a equipe da BBC News Brasil em Belém, onde se prepara para participar da COP30 como conselheiro do UNICEF, o Fundo das Nações Unidas para a Infância. Ele diz que a juventude ainda não ocupa o espaço devido na tomada de decisão global sobre as mudanças climáticas. Para ele, a desigualdade define quem enfrenta os piores efeitos da crise.
“O mundo vive uma tempestade. Tem gente em iate, tem gente em rabeta e tem gente até sem barco”, afirma, ao descrever como diferentes populações lidam com eventos extremos que avançam sobre o território amazônico.
Na região, comunidades de baixa renda sofrem mais com alagamentos, erosão e deslocamento forçado, enquanto infraestrutura e políticas públicas avançam de forma lenta.
A fala de João ecoa preocupações de especialistas que apontam a Amazônia urbana como um dos pontos mais vulneráveis do planeta. Belém, futura sede da Conferência da ONU, já experimenta diariamente a combinação de calor intenso, eventos climáticos bruscos e dificuldades estruturais.
Para o jovem ativista, essa realidade reforça a urgência por ações que incluam educação ambiental, projetos de adaptação e participação efetiva de adolescentes nos debates internacionais.
“Não existe solução real se quem vive o problema fica fora da conversa”, afirma. Ele acredita que a COP30 representa uma oportunidade para a Amazônia ocupar o centro das decisões, com propostas direcionadas às periferias e à diversidade social da região.
Enquanto prepara sua participação na conferência, João mantém o compromisso de dialogar com colegas de escola, moradores das ilhas e jovens de diferentes comunidades. Para ele, cada conversa amplia a compreensão coletiva sobre o que está em jogo.
“A crise climática já molda a vida da gente. Não dá para ignorar”, diz. A mensagem, simples e direta, reforça a urgência de uma agenda climática que enxergue a juventude amazônica como protagonista e não como espectadora.
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