20 de Maio de 2021,10h00
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Neste exato momento, pesquisadores australianos promovem estudos para transformar as máscaras descartáveis usadas para prevenir a Covid em um material para o recapeamento de vias. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, o equipamento de proteção é reciclado e transformado em bancos de praças. Já na França, elas renascem como tapetes para carros.
De acordo com a American Chemical Society, cerca de 129 bilhões de máscaras são usadas todos os meses no mundo. A maior parte delas acaba em lixeiras comuns e tem como destino final os aterros sanitários ou a incineração. Uma outra parte acaba descartada nas florestas, rios e oceanos.
Esse dado impressionante e seu consequente impacto ambiental desafiam há mais de um ano os grandes centros de pesquisa a desenvolverem novas tecnologias de reciclagem e o pessoal anda empenhado em encontrar boas soluções.
No Reino Unido, por exemplo, vários hospitais já utilizam um aparelho feito pelo Grupo de Compactação Térmica, com sede em Cardiff, que recicla aventais de proteção e máscaras descartáveis. Em Nova Jersey (EUA), a TerraCycle vende uma caixa de lixo zero e encaminha as máscaras para empresas de reciclagem focadas na produção de bancadas e pisos.
Diretor Executivo da TerraCycle, Tom Szaky, explica que reciclar este tipo de equipamento de proteção individual é caro e complicado, mas afirma que a pandemia abriu novas possibilidades no setor.
“Por que, por exemplo, uma fralda suja ou um EPI não é reciclável? É porque custa muito caro coletar e processar. Mas agora, com empresas e organizações dispostas a pagar esses custos, nós temos a capacidade técnica para realizar o serviço”, diz Tom.
Vale destacar que no Brasil, infelizmente, ainda não temos nenhuma iniciativa para a reciclagem de máscaras e por enquanto devemos seguir descartando os materiais de proteção no lixo comum. Descartar as máscaras no lixo reciclável pode contaminar os coletores.
No último mês de setembro, um pinguim foi encontrado morto na praia de Juquehy, São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Depois de realizada a necropsia, a causa da morte foi determinada: o animal morreu depois de ingerir uma máscara médica descartada irregularmente na praia.
Segundo o Instituto Argonauta para Preservação Costeira e Marinha, responsável pelo resgate do corpo, o equipamento do tipo N-95 estava enrolado no estômago do Pinguim-de-Magalhães, espécie muito comum na costa brasileira.
“Trabalhamos com lixo marinho há 23 anos, sempre tentando educar e reabilitar os animais que apresentam problemas. Essa nova ameaça, infelizmente, chegou junto com a pandemia, que embora tenha reduzido o volume de lixo quando tirou as pessoas da praia, aumentou o risco de impacto com o descarte inadequado das máscaras”, afirma Hugo Gallo Neto, oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta.
Texto produzido em 20/05/2021
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