Recicla Sampa - O impacto do lixo
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O impacto do lixo

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Por que o ser humano gera tanto lixo? Anualmente, são produzidos cerca de 2 bilhões de toneladas em todo o planeta. E esse número só cresce. No Brasil, não é diferente. Diariamente, acumulam-se mais de 130 mil toneladas de resíduos.

Aproximadamente, 10% desses materiais gerados no país ficam no município de São Paulo. A megalópole produz, todos os dias, 12 mil toneladas, o equivalente a 3,6 milhões de toneladas por ano. É tanto lixo, que seria possível cobrir até 53 metros de altura de toda a avenida Paulista, principal via da cidade. Para se ter uma ideia, o prédio da Fiesp ficaria mais da metade encoberto de rejeitos.

Para compreender melhor essa questão é preciso entender a realidade do lixo na cidade. O mundo ideal seria que o paulistano descartasse os materiais corretamente, dividindo o lixo em dois: comum e reciclável. Isso possibilitaria a reciclagem de 40% dos resíduos e uma economia de 600 milhões de reais por ano.

Parte desse lixo também poderia colaborar com profissionais que trabalham com a reciclagem e com as cooperativas. Além disso, descartar corretamente outros materiais como baterias, pilhas, eletroeletrônicos, remédios e óleo é fundamental para evitar a contaminação do solo, do lençol freático e das redes coletoras de esgoto, além dos aterros sanitários, destino final do lixo.

“Queremos que só vá para o aterro o que chamamos de rejeito, que são restos de banheiro, fraldas, tipos de lixo que não têm reciclagem”, explica Edson Tomaz Filho, presidente da Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), instituição ligada à Prefeitura e responsável pelo gerenciamento da operação de coleta de lixo residencial na cidade de São Paulo.

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Bueiro. Foto: terekhov igor/shutterstock.com

Bocas de lobo e poço de visita

A população desconhece, mas as causas de muitos problemas da capital, como alagamentos, por exemplo, começam na esquina de casa. O lixo jogado nas ruas entope as bocas de lobo, popularmente conhecidas como bueiros, aquelas grades próximas à guia da calçada.

Funcionários da Prefeitura de São Paulo fazem a desobstrução diariamente para tentar amenizar o problema. São encontrados plásticos, garrafas, embalagens de leite, sacolas plásticas e materiais diversos. Na região da Sé, por exemplo, são retirados em torno de 400 toneladas de lixo por dia das bocas de lobo e poços de visita.

“Nós temos a limpeza de 3,5 mil bocas de lobo por mês”, enfatiza o prefeito Regional da Sé, Eduardo Odloak.

O lixo também é presente nos chamados poços de visita, aquelas tampas metálicas redondas que abrigam as redes de águas pluviais. “Só neste ano, já realizamos 20 mil limpezas. O nosso sistema de drenagem começa na boca de lobo, passa pelos poços de visita, entra nas galerias de águas pluviais e vai para os rios. Então, a limpeza do rio começa nas ruas”, ressalta o responsável pela região.

O trabalho de limpeza de bocas de lobo e poços de visita poderiam diminuir em 35% se a população desse uma destinação correta aos resíduos. “Nós só recolheríamos folhas e raízes”, diz Odloak.

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Thaíde em aterro sanitário, São Paulo. Foto: Recicla Sampa

Rios de São Paulo

O impacto do lixo também é sentido pelos principais rios da capital paulista. A quantidade de resíduos nos rios Pinheiros e Tietê são alarmantes. De acordo com a EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), somente no ano passado foram retiradas quase 4 mil toneladas de lixo na área da Usina Elevatória de Traição, no rio Pinheiros. Isso corresponde a cerca de 420 caminhões lotados de lixo.

Nos 66 km do rio Tietê, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) - órgão gestor dos recursos hídricos do Estado de São Paulo - retira em média 800 toneladas de lixo. “Retiramos lixo urbano e lixo industrial, o que representa 4% do material removido”, explica o engenheiro do DAEE, Silvio Giudice. Parte do material retirado do rio, como garrafas e sacolas plásticas, é reciclado e o restante enviado aos aterros sanitários.

Os lixos nas represas e nos rios também são fruto do descarte irregular feito pela população. A coleta do lixo e sua destinação correta são importantes para a área de recursos hídricos. Quando não são feitas de forma adequada causam grandes danos para o meio ambiente e prejuízo para o abastecimento de água.

“Para evitar o problema é preciso que a prefeitura faça um trabalho correto e que haja planejamento bem feito na ocupação urbana. A população também deve colaborar não jogando lixo nas ruas e nos córregos”, finaliza o secretário estadual de recursos hídricos, Ricardo Borsari.

Lixo na represa Guarapiranga

Em um dos principais reservatórios de São Paulo, o Guarapiranga, o lixo também é um desafio constante. “Tem muito lixo na represa Guarapiranga. Temos até que parar a captação de água para a retirada dos resíduos para garantir o abastecimento da população”, aponta o gerente de recursos hídricos da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Osmar Rivelino. 

O gerente conta que “tem de tudo” na represa: fogão, sofá, micro-ondas e até mesmo carros. Por isso é preciso atuar em várias frentes na retirada do lixo. Desde 2011, a Sabesp utiliza ecobarreiras, cuja finalidade é impedir a passagem dos resíduos jogados nos córregos e que desaguam na represa. São 11 entradas de córregos, portanto o mesmo número de ecobarreiras.

Eles também utilizam duas embarcações que ganharam o apelido de “transformers”. Os barcos retiram os resíduos com garras, uma espécie de retroescavadeira que alcança o lixo que está a seis metros de profundidade. Com o equipamento também é possível limpar as margens da represa.

Por terra, a Sabesp conta com o apoio de agentes ambientais, que recolhem o lixo manualmente nas margens da barragem. O trabalho de limpeza é árduo. Tanto os barcos, como os agentes realizam a tarefa diariamente.

“São retirados 10 metros cúbicos de lixo”, diz Osmar. “O metro cúbico é como se fosse uma caixa de 1 mil litros de água”.

Todas essas ações são para que o lixo não chegue às grades que recebem a água da represa para captação e abastecimento da população. Mesmo assim, os rejeitos podem passar e chegar no gradeamento.

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Trabalhador remove lixo da represa Guarapiranga. Foto: Recicla Sampa

Em casos extremos, os resíduos podem chegar a 12 metros de profundidade. Nesse caso são acionados os mergulhadores da Sabesp, que retiram os materiais da grade. “A operação é arriscada, pois eles fazem o trabalho à noite. Sem falar na profundidade”, explica.

Quando as grades entopem, a Sabesp precisa fazer uma parada de 3 a 4 horas para retirar o lixo. Isso compromete o abastecimento de 4 milhões de pessoas em São Paulo, Itapecerica da Serra, Embú, Cotia e Taboão da Serra.

“Gostaríamos que a população se conscientizasse ambientalmente. A represa é um bem natural. Ela poderia ser muito melhor aproveitada se não tivesse a questão do lixo”, complementa Rivelino.

Museu do Lixo

Com o objetivo de conscientizar a população sobre o problema do lixo na represa Guarapiranga, no ano 2000 foi inaugurado o Museu do Lixo em São Paulo. Lá estão expostas mais de 300 peças inusitadas retiradas da represa. Há brinquedos, eletrodomésticos e até um carro conversível. Ele fica dentro do Parque Ecológico do Guarapiranga, na Estrada da Riviera, 3286, na zona sul de São Paulo. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 8h às 17h. A entrada é gratuita.

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Lixo aglomerado. Foto: cgdeaw/shutterstock.com

Educação ambiental

“Planeta lixo”. É dessa forma que o ativista ambiental e pós-doutor pela USP e Unicamp no assunto, Maurício Waldman, define o mundo atualmente. “Acredito que o lixo se tornou uma catástrofe planetária nos dias de hoje. Não foi por falta de aviso que a humanidade deixou isso ocorrer”, desabafa Waldman.

Ele acredita que a educação ambiental é para todos. Para ele, o correto seria o Estado atuando, a sociedade participando e o cidadão consciente, assim o morador tem conhecimento de seus direitos e pode cobrar. “Cerca de 5,5% do lixo do planeta corresponde ao que é gerado no Brasil”, diz o especialista.

Um dado alarmante coloca o país como o terceiro que mais gera lixo no mundo, perdendo apenas para a China e os Estados Unidos. “Temos que mudar a consciência. O responsável pelo seu lixo é você mesmo, não adianta ficar colocando só a culpa no Estado”, conclui Wladman.

Cuidar da cidade é responsabilidade de cada um de nós e cuidar do lixo é fundamental para manter o trabalho de zeladoria.

“Se o lixo está na rua, alguém colocou. Nós temos que recolher o lixo gerado pela cidade, mas ele tem que estar no lugar certo e na hora certa. Tem que ter educação e tem que ter o hábito”, complementa o secretário Municipal das Subprefeituras de São Paulo.

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Thaíde. Foto: Recicla Sampa

Cidadão de São Paulo

Rapper, compositor e paulista, o músico Thaíde foi o convidado especial do Recicla Sampa na condução do documentário “Impacto do Lixo” e ficou chocado com o que viu. “ Eu não prestava atenção no modo que tratava os meus próprios resíduos. A população pensa que tudo termina ao jogar o lixo na lixeira”, diz o rapper.

Impactado pela questão, tratou de tomar uma rápida atitude em sua rotina diária: “comprei duas lixeiras de cores diferentes. Uma para recicláveis e outra para orgânicos”, conta.

Na opinião dele, a solução para o problema passa por duas questões.

“Se tivéssemos mais paciência e foco com relação ao meio ambiente e com o lixo que produzimos, já seria um grande avanço. Isso também tem a ver com cidadania”, finaliza.


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