27 de Maio de 2025,10h00
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Um novo relatório internacional revela que os plásticos exercem efeitos profundos e subestimados sobre as mudanças climáticas.
Publicado pelo projeto The Plastics & Climate Project, em parceria com o Environmental Law Institute, o estudo foi apresentado no 8º Fórum Mundial de Economia Circular, que aconteceu na última semana na capital de São Paulo.
O documento consolida as pesquisas científicas mais recentes e mapeia três caminhos principais pelos quais o material afeta diretamente o clima.
De acordo com a análise, os plásticos são responsáveis por cerca de 4% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Se fossem um país, ocupariam o quinto lugar entre os maiores emissores do planeta.
As emissões se concentram principalmente na produção primária, que inclui a extração de combustíveis fósseis e a fabricação de monômeros. A incineração de resíduos plásticos e certos processos de reciclagem química também contribuem significativamente para o problema.
O relatório ainda destaca que os plásticos interrompem o ciclo natural do carbono e interferem em ecossistemas essenciais para o sequestro de CO₂ — como oceanos, solos e vegetação costeira.
Microplásticos e nanoplásticos prejudicam organismos marinhos, reduzem a capacidade de absorção de carbono dos oceanos e alteram processos biológicos vitais para a estabilidade climática.
Outro ponto crítico é o impacto sobre o balanço de radiação da Terra. Segundo os autores, partículas de plástico na atmosfera e na superfície afetam o albedo terrestre — a capacidade de refletir ou absorver energia solar — e podem alterar o equilíbrio térmico do planeta. Essa área ainda é pouco estudada, mas os indícios preocupam os especialistas.
O relatório reforça que o conhecimento atual é insuficiente para mensurar completamente o impacto climático dos plásticos. Para isso, recomenda mais pesquisas, padronização dos dados e análises que levem em conta diferentes tipos de polímeros, estados de degradação e formatos encontrados no ambiente.
Entre as propostas, o estudo sugere que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU inclua os plásticos em seus cenários climáticos e que o Tratado Global em negociação incorpore esse tema às discussões regulatórias.
O órgão também orienta que governos passem a registrar as emissões do setor plástico em seus inventários nacionais e que empresas revelem a composição dos polímeros utilizados, facilitando a rastreabilidade e o cálculo das emissões do ciclo de vida.
Na conclusão, os autores defendem que só será possível enfrentar com eficácia os desafios globais do clima e da poluição plástica se os impactos de ambos forem tratados de forma integrada e baseada em evidências.
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