31 de Maio de 2021,12h00
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A gente aqui no Recicla Sampa vive dizendo que entrar na onda da reciclagem não é apenas uma ação ambiental, mas também uma ação social, principalmente pelo fato de milhares de profissionais dependerem do lixo reciclável para sustentarem suas famílias nos quatro cantos do país.
Recentemente, a equipe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) foi mais a fundo nessa questão e produziu um relatório que conclui o que já dava para imaginar: a poluição plástica afeta muito mais as pessoas marginalizadas das cidades e das florestas.
Produzido em parceria com a ONG Azul, especializada em justiça ambiental, o relatório pede o reconhecimento das comunidades afetadas pelos resíduos plásticos e sua inclusão nas tomadas de decisão locais.
O documento detalha diferentes casos de injustiça ambiental, que vão desde o desmatamento e do deslocamentos de povos indígenas para abrir caminho para a extração de petróleo, passam pela contaminação da água potável por fluidos de fraturamento e chegam ao desperdício de águas residuais.
Como exemplos, o relatório cita problemas de saúde em comunidades predominantemente afro-americanas que vivem perto de refinarias de petróleo no Golfo do México e os riscos ocupacionais de cerca de dois milhões de catadores de lixo reciclável e orgânico na Índia.
“O impacto dos plásticos nas populações vulneráveis vai muito além de sistemas de gestão de resíduos ineficientes e às vezes inexistentes”, diz Juliano Calil, principal autor do relatório e pesquisador sênior do Center for the Blue Economy.
“Na verdade, ele começa com questões relacionadas à extração de petróleo, passa por ambientes tóxicos e emissões de gases de efeito estufa, e ainda impacta as políticas de distribuição de água”, revela Calil.
“Os esforços atuais para gerenciar e diminuir a poluição causada pelo plástico são inadequados para abordar todo o escopo dos problemas acarretados”, resume Marce Gutiérrez-Graudiņš, fundadora e diretora executiva da Azul.
Já é consenso que o desafio do lixo plástico no século XXI ganhou uma nova dimensão com a pandemia. Junto com os impactos na biodiversidade e as mudanças climáticas, ele forma o tripé da emergência planetária.
Diretora Executiva do PNUMA, Inger Andersen explica que justiça ambiental significa educar as pessoas que estão na linha de frente da poluição plástica. “Precisamos explicar sobre o seu risco, incluindo-as nas decisões sobre produção, uso e descarte, além de garantir acesso a um sistema judicial confiável”, disse Inger.
Neste contexto, os autores do relatório recomendam que os governos expandam seu monitoramento de resíduos plásticos, estudem impactos na saúde e invistam na sua gestão.
Os governos também devem adotar e aumentar a fiscalização das proibições de plásticos de uso único e encorajar sua redução, reciclagem e reutilização. Além disso, devem sensibilizar e encorajar comunidades afetadas a agir, garantindo acesso a um sistema judicial eficaz, que siga os princípios da justiça ambiental, como o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) e o direito de acesso à informação.
Texto Produzido em 31/5/2021
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