Recicla Sampa - Projeto transforma Centro Cultural São Paulo em exemplo de reciclagem
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Projeto transforma Centro Cultural São Paulo em exemplo de reciclagem

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Centro Cultural São Paulo: ponto de referência de cultura e lazer na capital. Foto: Ana Clara Tito/shutterstock.com

Em uma área construída de mais de 50 mil m², um complexo gigantesco não passa despercebido pelos motoristas e pedestres que transitam na altura do número 100 da rua Vergueiro. Trata-se do Centro Cultural São Paulo – CCSP, que recebe mais de mil visitantes todos os dias.

Um dos pontos de referência de cultura e lazer da capital paulistana, o Centro conta com cinco bibliotecas – com coleções que incluem livros em braile, audiolivros e acervo para o público surdo. Além disso, há ainda salas de espetáculo, espaços expositivos e educativos, gráfica, folhetaria, ambientes de ensaio e outros setores diversos. Tudo isso dividido em quatro andares e o apoio de aproximadamente 450 funcionários, em um local que já conta com 36 anos de história.

Por conta de todo o trabalho realizado, a quantidade de resíduos se tornou um problema, principalmente pela diversidade de materiais produzidos. Há apenas dois anos era possível ver diversos sacos de lixo espalhados pelo chão no subsolo. Os três contêineres para disposição de materiais recicláveis ali dispostos não eram respeitados e estavam contaminados com chorume proveniente do lixo orgânico. O único conjunto de lixeiras coloridas para reciclagem também contava com resíduos misturados. Sem falar da proliferação de insetos e outras pragas.

Na área administrativa, havia apenas caixas vermelhas de madeira em que os funcionários descartavam todos os tipos de resíduos. Na copa, apenas uma lixeira, onde os mais variados tipos de materiais eram depositados. As bibliotecas também não contavam com coletores para recicláveis. A madeira e os papéis se acumulavam no subsolo, onde ficam as salas reservadas para o estoque de resíduos. A situação do lixo era urgente.

A realidade começou a ganhar contornos de mudança quando Silene Massari e Everton Souza, assessora e coordenador administrativos, passaram a integrar a equipe do centro cultural, em 2015, e a colocar em prática o que viram ser feito no CEU São Rafael, em São Mateus, zona leste da cidade, onde trabalharam anteriormente.

“Quando cheguei ao CCSP, me deparei com um espaço desse tamanho sem uma coleta reciclável efetiva, porque faltava um treinamento das equipes”, conta Everton

Primeiros passos

Em setembro de 2017, o primeiro passo da dupla – com a ajuda da consultora de meio ambiente Zulmara Salvador, responsável pelo projeto de reciclagem do CEU São Rafael – foi entrar em contato com a LOGA, concessionária responsável pela coleta do lixo na região. Com a resposta positiva da empresa deram início às conversas para traçar planos.

A prioridade foi realizar um treinamento para as pessoas que trabalhavam no local. “Tivemos palestras para os funcionários e algumas específicas para as equipes de limpeza e manutenção”, explica Silene. Aproximadamente metade dos servidores compareceu às apresentações de forma voluntária, já que o treinamento não era obrigatório.

Por falta de recursos, a primeira etapa do projeto de reciclagem do Centro Cultural São Paulo, chamado “Recicla CCSP”, foi implementada apenas nos departamentos internos do complexo. “Decidimos utilizar o que já tínhamos”, diz Silene. Foi acordado que usariam apenas duas cores para sacos no projeto: azul, para recicláveis, e preto, para orgânicos. “Dividimos entre secos e úmidos apenas, até para os funcionários assimilarem melhor a questão da reciclagem”, explica ela.

Começaram pintando as caixas vermelhas de madeira da área administrativa de cor azul. Assim, apenas resíduos recicláveis seriam colocados ali. E, apesar da falta de obrigatoriedade das palestras, a dupla garante que todos os funcionários se engajaram na causa.

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Caixas azuis: apenas resíduos recicláveis. Foto: André Albuquerque

O próximo passo foi comprar sacos azuis e novas lixeiras. As que já existiam foram pintadas e todas passaram a ser cinzas, com a diferença de cores apenas nas sacolas que as revestem. Todos os departamentos internos agora contam com ao menos dois coletores, um de cada cor.

No subsolo, a limpeza foi radical para que os sacos espalhados no corredor fossem retirados e permitissem a passagem de pessoas e veículos, bem como para que as pragas fossem eliminadas. Os três contêineres foram embora e deram lugar a outros cinco novos, fornecidos pela LOGA.

O restaurante, apesar de terceirizado, também resolveu investir no projeto e já conta com lixeiras separadas para recicláveis e orgânicos. As madeiras, quando não podem mais ser reutilizadas para a produção de novos materiais, são recolhidas junto aos entulhos pelo Cata-Bagulho, iniciativa da Prefeitura de São Paulo. Os demais materiais especiais, como lâmpadas, ainda são estocados no complexo por questões orçamentárias.

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O segredo da reciclagem

Muitas empresas e instituições podem achar que reciclar é difícil e, até por isso, não implementam um projeto como o Recicla CCSP. Qual seria o segredo para uma iniciativa como essa dar certo? Silene acredita que a chave é a simplicidade. “Pensamos em facilitar para que as pessoas pudessem aderir. E, para nossa surpresa, foi fácil essa primeira parte”, conta. Segundo a assessora, ao separar em apenas duas cores, dividindo o lixo em reciclável e lixo comum, as pessoas tiveram mais clareza na hora do descarte.

O processo de informar os funcionários também foi fundamental. “As sensibilizações que a Zulmara e a LOGA nos ajudaram a fazer e até mesmo as mensagens e a divulgação passo-a-passo do projeto para todos foi essencial. A gente teve um retorno muito positivo, recebemos elogios pela perseverança na implantação”, conta.

Futuro

O projeto Recicla CCSP foi implantado com sucesso entre os funcionários. Agora, a ideia é que ele se expanda para o público externo. Apesar de as áreas de convivência para os visitantes também já contarem com as lixeiras cinzas e sacos de duas cores, a conscientização e o engajamento ainda não começaram.

A princípio, a divulgação seria por meio de cartazes, inclusive alguns menores para serem colocados sobre as mesas do restaurante. Depois, com a equipe de Ação Cultural, pretendem partir para peças de teatro e envolver outras atividades do CCSP que abordem a questão da reciclagem.

Além disso, pretendem que, aos fins de semana – quando o CCSP tem maior quantidade de público –, haja eventos com um caminhão especial da LOGA, para que possa ser feito um diálogo com as pessoas sobre a importância da reciclagem que está sendo implantada no local, mostrando a quantidade de lixo que vai para os aterros.

“Fazer uma sensibilização que não sirva apenas para o nosso Centro Cultural, mas que a pessoa leve para a casa dela”, explica Everton. Por fim, também está nos planos aumentar a quantidade de coletores de lixo nos espaços compartilhados.

Para Silene, a maior dificuldade encontrada nesta nova etapa está na diversidade das pessoas que frequentam o espaço.

“Alguns se preocupam com a reciclagem, outros não. Estamos indo devagar e pensando na melhor maneira de atingir esse público, porque acreditamos que isso já vem lá de trás. Será que na casa dele isso é feito ou não? Ele tem como fazer a reciclagem onde mora?”, questiona.

A meta do Centro Cultural São Paulo é começar a mobilizar os visitantes e, em seguida, implementar o projeto nas áreas que contam com um tipo específico de resíduo, como a marcenaria e a folhetaria (que possui dificuldades para reciclar seus papéis por conta da tinta). A intenção é alcançar 100% do lixo reciclável no local até o fim de 2019.


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