06 de Maio de 2022,15h00
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Especializada em encontrar soluções sustentáveis para diferentes setores da economia, a Ecoative, empresa com sede nos EUA, desenvolveu uma linha de embalagens ecológicas produzidas das raízes dos cogumelos, cientificamente chamadas de micélios.
Batizados de Mushroom Packaging e idealizados com base na tecnologia MycoComposite, os packs são fabricados a partir da interação de subprodutos agrícolas reciclados e dos micélios e se compostados se decompõem completamente em no máximo três meses.
Para melhorar, caso não tenham retido umidade, eles podem ser reutilizados inúmeras vezes. Ou seja, são uma excelente alternativa para as embalagens plásticas, que podem demorar até quatro séculos para se decomporem completamente.
Importante destacar que o produto final do MycoComposite provou ser tão isolante e resistente às chamas quanto o poliestireno e também surge como opção para o isopor, outro vilão do meio ambiente.
A tecnologia ficou famosa e ganhou espaço na mídia nos últimos anos depois que a IKEA, gigante norte-americana do ramo dos móveis, anunciou que todos os seus produtos serão entregues nas Mushroom Packaging.
Especialista em fungos e suas propriedades, o norte-americano Paul Stamets apresentou ao mundo no começo dos anos 1990 a Wood Wide Web, que foi apelidada pelos cientistas de Internet da Natureza.
Depois de décadas de pesquisa, Stamets revelou que os micélios, sistema radicular dos cogumelos, formam no solo uma rede de estruturas ramificadas e semelhantes a fios (conhecidas como hifas), que além de se comunicarem entre si, absorvem nutrientes e decompõem materiais orgânicos.
É uma rede tão complexa e eficiente, que tem a capacidade de retransmitir enormes quantidades de dados sobre os movimentos de todos os organismos presentes em determinado espaço, desde os passos dos animais até a queda de folhas no solo.
Essa vasta rede de “raízes”, afirmou o pesquisador, pode ser extremamente pequena, mas também pode formar uma colônia de proporções gigantescas e crescer rapidamente.
Paul usou como exemplo em seu estudo uma vasta área no leste do Oregon (EUA), onde os micélios ocupavam quase 10 km² e eram fundamentais para o equilíbrio do ecossistema local.
Desde então, sua descoberta e seu ativismo impulsionaram uma série de pesquisas e inspiraram milhares de pessoas nos quatro cantos do planeta, sobretudo depois de 2005, com o lançamento do livro “Como os cogumelos podem salvar o mundo”.
Em resumo, o texto apresenta as possibilidades dos micélios em diferentes frentes econômicas e ambientais, além de reafirmar seu potencial para auxiliar na pauta mais importante do século XXI: um mundo mais sustentável.
Suas pesquisas provaram que as raízes dos fungos podem recompor e recuperar um solo danificado pelas atividades industriais ou empobrecido pelas monoculturas e pelo desmatamento.
Além disso, os micélios podem ser utilizados para a produção de inúmeros produtos sustentáveis, com baixíssima pegada de carbono, como combustíveis, embalagens, tecidos, tijolos, calçados, biopesticidas e medicamentos.
Embora alguns produtos à base de micélio de pequenas e grandes marcas já estejam comercialmente disponíveis, os métodos de produção ainda dão seus primeiros passos e os pesquisadores buscam aperfeiçoar processos e melhorar resultados.
Portanto, fique de olho, porque nos próximos anos, é bem provável que você encontre muitos produtos e materiais feitos a partir de cogumelos em construções, embalagens, veículos, roupas e farmácias.
Abaixo, você confere o vídeo de uma apresentação do prof. Paul Stamets intitulada: Como os cogumelos podem salvar o mundo em seis tópicos.
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