06 de Maio de 2021,14h00
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Uma pesquisa em parceria entre a Tupy, multinacional brasileira de metalurgia, a Escola Politécnica da USP e a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação) pretende criar um método brasileiro de reciclagem de baterias de lítio, dessas presentes em nossos celulares, notebooks e tablets que já se transformaram em um problemão para o meio ambiente.
Os estudos serão conduzidos no Laboratório de Reciclagem, Tratamento de Resíduos e Extração da Escola Politécnica (Larex) e serão coordenados pelos professores Denise Espinosa e Jorge Tenório, ambos com mais de 20 anos de pesquisa em reciclagem de baterias.
Nos últimos anos, a reciclagem de baterias e dos materiais usados em sua fabricação ganhou importância na mesma proporção em que a demanda de eletroeletrônicos aumentou significativamente. A gente já mostrou aqui no Recicla Sampa que apenas 1% das 400 milhões de baterias e mais de 1 bilhão de pilhas vendidas por mês no Brasil são recicladas.
Com investimento inicial de cerca de R$ 4 milhões, o projeto de inovação será conduzido inicialmente por 15 pesquisadores. Ao longo dos trabalhos, o número pode chegar a 20 profissionais envolvidos, entre professores, doutores, mestrandos e técnicos.
"Um desafio importante para a viabilidade dos veículos elétricos, por exemplo, é o ciclo de vida do produto, principalmente quando falamos das baterias, que contêm uma variedade de matérias-primas metálicas, de terras raras e não renováveis. Para isso, é necessário investir em reciclagem, o que diminuirá a necessidade de extração e o impacto ambiental", diz Tenório, coordenador do Larex e da Unidade Embrapii Tecno Green, sediada na USP.
Atualmente, grande parte dos processos de reciclagem de baterias são por piro metalurgia, onde a matéria-prima é incinerada. O método, além de consumir muita energia e das invitáveis emissões de carbono, gera grande perda na recuperação de materiais, principalmente do lítio.
Gerente da Tupy Tech, Élio Kumoto explica que a iniciativa faz parte dos estudos que vem sendo conduzidos internamente na empresa e que abrangem tecnologias que têm sinergia com os conhecimentos da equipe no setor.
"A pesquisa será concentrada na técnica de hidro metalurgia, um processo em que a matéria-prima é dissolvida em soluções ácidas e, então, extrai-se a substância desejada. Esse método consome menos energia, gera menos emissões de carbono e possibilita uma maior recuperação de materiais", conta Kumoto.
Fernando Cestari de Rizzo, CEO da Companhia, destaca a sinergia do projeto com a estratégia da organização. “Buscamos continuamente novas oportunidades de negócios que demandem soluções tecnológicas em metalurgias complexas e materiais. Somando isso à nossa forte atuação na economia circular, faz muito sentido que sejamos habilitadores desta iniciativa", comenta Rizzo.
Texto produzido em 06/05/2021
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