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Coopercaps: 18 anos reciclando vidas

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Equipe da Coopercaps. Foto: @role_sp

Sediada na cidade de São Paulo, a Coopercaps (Cooperativa de Trabalho de Coleta Seletiva da Capela do Socorro) é uma das principais cooperativas de reciclagem do país e ela completa sua maioridade nesta segunda-feira (30) com milhares de vidas transformadas e toneladas de resíduos reciclados.

Mas antes de contar a história dessa iniciativa de sucesso, que hoje em dia garante dignidade para 342 famílias paulistanas, precisamos falar um pouco da história de vida do seu fundador, símbolo da luta por respeito e reconhecimento para os agentes ambientais, popularmente conhecidos como catadores de lixo reciclável.

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Telines Basílio - Carioca. Foto: Thiago Mucci

Telines Basílio, 57, mais conhecido pelo apelido de Carioca, deixou sua terra natal em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ), para vir a São Paulo em busca de melhores oportunidades ainda jovem. Quando chegou aqui, arrumou um emprego de estoquista em uma cozinha industrial que prestava serviço para o Hospital das Clínicas e acabou barrado no período de experiência.

Desempregado, com um histórico de drogas e um filho pequeno, aceitou o conselho de um vizinho e resolveu virar “carroceiro”. Durante 12 anos, Telines sustentou sua família coletando resíduos na rua e passou por todas as humilhações que um profissional da área pode passar até conseguir um emprego de gerente de ferro velho, onde foi apresentado ao conceito do cooperativismo.

De lá para cá, sua vida mudou completamente. Entender o que era uma cooperativa e como ela poderia ser útil foi uma revolução. Atualmente, Carioca é presidente e fundador da Coopercaps, bacharel em Gestão Ambiental e tem uma especialização em Gestão de Projetos na Unisa (Universidade de Santo Amaro).

Mas a jornada sofrida deixou suas marcas, que ele chama de troféus.

"Eu posso falar, eu sei o que é o trabalho de tração humana. Tenho hérnia de disco, bico de papagaio e não tenho nenhum dos meus meniscos. Muitas vezes eu não aguento ficar em pé ou até mesmo sentado", revela o agente ambiental.

Referência em gestão de resíduos sólidos no Brasil, seu nome ganhou projeção internacional. Em um evento no Japão, representou as cooperativas de São Paulo e apresentou para o mundo um case de educação ambiental para escolas. Durante a viagem, acabou ganhando um curso de resíduos sólidos urbanos, que realizou lá mesmo, com a ajuda de uma intérprete.

A história do Carioca serve hoje de inspiração não só para os cooperados da reciclagem, mas para todos os trabalhadores brasileiros precarizados. "A maioria das cooperativas está próxima da comunidade. Eu moro há 33 anos na favela e às vezes eu passo na rua e ouço as pessoas apontando e falando “esse aí era carroceiro, hoje ele é importante”. Com o meu exemplo, atualmente, oito associados estão fazendo graduação", relata com orgulho.

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Equipe da Coopercaps em ação. Foto: @role_sp

Coopercaps

Fundada em 2003 na região de Interlagos, zona sul da capital, a Coopercaps conta hoje em dia com outras duas unidades (Socorro e Paraisópolis) e faturou mais de R$ 5 milhões em 2020. Isso sem contar o rendimento das duas centrais mecanizadas (Carolina de Jesus e Ponte Pequena), que são apenas gerenciadas pela companhia.

"Tudo começou em 2001 com um grupo de catadores aqui de Interlagos que resolveu se juntar em um terreno baldio. Eram cinco homens com as carroças e três mulheres no terreno separando os materiais", lembra Basílio.  

Atualmente, a cooperativa gera emprego e renda para 342 famílias, responsáveis por processar quase cem toneladas de resíduos por mês apenas na unidade matriz.

Antes da pandemia, 200 toneladas costumavam passar pelas esteiras todos os meses. Na época, a cooperativa contava com pontos de coleta voluntária espalhados pela cidade. Desde o ano passado, começou a receber essencialmente material da EcoUrbis, concessionária de coleta responsável pelas zonas sul e leste de São Paulo.

“Apesar da redução na quantidade de resíduos, a demanda por material reciclado nesse período aumentou bastante e o impacto na receita da cooperativa foi pequeno”, comemora Carioca.

“Mas o sucesso financeiro não tem finalidade lucrativa. Todo o lucro é distribuído igualmente entre os associados. Nosso objetivo é social e nossa missão é empregar cada vez mais pessoas e impactar positivamente a economia da região”, completa o presidente.

Ainda de acordo com Carioca, é papel da Coopercaps oferecer uma mudança de vida e de paradigma para as pessoas que já passaram ou ainda passam pelo que ele vivenciou:

"Cada mês que eu consigo aumentar em cinco toneladas os resíduos processados, eu ofereço mais um posto para um trabalhador da periferia”.  


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