28 de Junho de 2021,10h00
Veja outros artigos relacionados a seguir
De acordo com a American Chemical Society, cerca de 129 bilhões de máscaras são usadas todos os meses no mundo. A maior parte delas acaba em lixeiras comuns e tem como destino final os aterros sanitários ou a incineração.
Uma outra parte acaba descartada nas florestas, rios e oceanos. Esse dado impressionante e seu consequente impacto ambiental desafiam há mais de um ano os grandes centros de pesquisa a desenvolverem novas tecnologias de reciclagem e o pessoal anda empenhado em encontrar boas soluções.
Recentemente, o indiano Binish Desai, um empreendedor social de 27 anos, conhecido como "Homem Reciclagem", encontrou uma utilidade bastante eficaz para os equipamentos de proteção individual contra a Covid 19: transformá-los em tijolos.
"Usar máscaras é o novo normal e as descartáveis são utilizadas aos bilhões todos os meses. Só que uma vez descartadas, eles vão para um aterro sanitário ou acabam no meio ambiente. Então pensei: porque não tentar incorporar isso aos meus tijolos ecológicos", disse Binish.
Há cerca de dez anos, Desai criou um modelo de tijolo produzido a partir de resíduos de papel, sobras de chiclete, aglutinadores e extratos orgânicos. Os novos tijolos, com as máscaras já incorporadas, são uma versão atualizada e melhorada dessa inovação e foram batizados de Bick 2.0.
E essa nova versão, afirma o indiano, além de mais resistente e durável, tem o dobro do tamanho dos tijolos convencionais e sai pela metade do preço de mercado. De quebra, ainda ajuda a retardar o avanço do fogo em caso de incêndio e é 100% reciclável.
O Brick 2.0 respeita todos os protocolos sanitários em seu processos de produção. Sua composição é de 52% de PPE triturado e máscaras recicladas, 45% de papel e 3% de aglutinadores especialmente desenvolvidos para sua produção.
Vale destacar que no Brasil, infelizmente, ainda não temos nenhuma iniciativa para a reciclagem de máscaras e por enquanto devemos seguir descartando os materiais de proteção no lixo comum. Descartar as máscaras no lixo reciclável pode contaminar os coletores.
No último mês de setembro, um pinguim foi encontrado morto na praia de Juquehy, São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Depois de realizada a necropsia, a causa da morte foi determinada: o animal morreu depois de ingerir uma máscara médica descartada irregularmente na praia.
Segundo o Instituto Argonauta para Preservação Costeira e Marinha, responsável pelo resgate do corpo, o equipamento do tipo N-95 estava enrolado no estômago do Pinguim-de-Magalhães, espécie muito comum na costa brasileira.
“Trabalhamos com lixo marinho há 23 anos, sempre tentando educar e reabilitar os animais que apresentam problemas. Essa nova ameaça, infelizmente, chegou junto com a pandemia, que embora tenha reduzido o volume de lixo quando tirou as pessoas da praia, aumentou o risco de impacto com o descarte inadequado das máscaras”, afirma Hugo Gallo Neto, oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta.
Texto produzido em 28/6/2021
Conversamos com as cooperativas de reciclagem e organizamos uma lista de orientações
Saiba como é possível separar o lixo reciclável mesmo sem um sistema municipal estruturado
Iniciativa da Green Mining troca materiais recicláveis por remuneração justa
Programa Recicla Cash ainda será avaliado por diferentes comissões do Senado