14 de Abril de 2023,14h00
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Pesquisas indicam que aproximadamente 100 bilhões de itens de vestuário são produzidos globalmente todos os anos e mais de 60% dessas roupas acabam no lixo em no máximo 12 meses.
Para se ter uma noção do impacto do fast fashion, de todo esse volume, apenas 1% é reciclado e transformado em novas peças.
De acordo com a ONU, a indústria da moda é responsável por até 10% das emissões globais de gases do efeito estufa na atmosfera.
Até 2030, as estimativas são de 134 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados a cada ano.
E embora iniciativas de caridade, bancos de coleta de tecidos e programas de logística reversa de varejistas ajudem a circularidade do setor, a capacidade de reciclar roupas - no mundo todo - ainda é muito limitada.
Mais do que simplesmente comercial, a questão da reciclagem de roupas é técnica, e o principal problema é a composição das peças.
A maioria dos itens é fabricada em uma mistura de tecidos, sendo o poliéster predominante, respondendo por 54% da produção global total de fibras.
O algodão vem em segundo lugar, com uma participação de mercado de aproximadamente 22%. Os dados são da ONG Textile Exchange global.
A razão para a prevalência do poliéster é o baixo custo das fibras sintéticas com origem fóssil. O quilo custa metade do cobrado pelo algodão, fato que faz dele o preferido do fast fashion.
E apesar da indústria de plásticos já ser capaz de decompor o poliéster em seu estado mais puro (PET), a natureza mista dos resíduos têxteis tornou desafiador reciclar uma fibra sem degradar a outra.
Ou seja, não há reciclabilidade em escala mundial para o tipo de tecido mais utilizado pelo setor têxtil.
“O atual modelo do mercado de moda usa grandes volumes de recursos não renováveis em seus processos de produção, incluindo petróleo, pressiona a extração de recursos valiosos, degrada os ecossistemas, cria impactos sociais em escala global”, lamenta Chetna Prajapati, que estuda maneiras de fazer têxteis sustentáveis na Universidade de Loughborough, Reino Unido.
Já existem algumas iniciativas bem promissoras no mundo, mas todas ainda dão os primeiros passos. No momento, o que podemos fazer é repensar nossos hábitos de consumo e recusar a todo custo produtos do fast fashion.
Sabemos que muitas vezes a questão do preço fala mais alto e que parte da população escolhe esses itens não por opção, mas por falta de recursos para comprar roupas mais caras e duráveis.
Mas se não for esse o seu caso, repense e recuse!
Vale sempre lembrar que roupas descartadas no lixo reciclável acabam sempre nos aterros sanitários.
Portanto, se não der para doar ou para reutilizar de alguma forma, que é o ideal, encontre um ponto de coleta específico.
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