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Infinito Reciclável

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O vidro demora 5 mil anos para se decompor, mas em contrapartida pode ser reciclado infinitas vezes. A reciclagem do material no Brasil movimenta aproximadamente R$ 120 milhões por ano, de acordo com o levantamento realizado ano passado pela Abividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro).  

Ainda segundo a Associação, a substância não se perde no processo de reciclagem e pode ser 100% reaproveitada, sem perder a qualidade. “As empresas que produzem o componente, geralmente, optam por usar 40% do caco de vidro em uma nova embalagem e 60% de composto virgem”, afirma Stefan David, gerente de sustentabilidade da Abividro. No país, o mercado produz mais de 8,6 bilhões de unidades por ano, o que equivale a 1,3 milhões de toneladas do material. 

A empresa americana Owens-Illinois (O-I) é uma das maiores fabricantes de embalagens de vidro no mundo. Em São Paulo, a companhia possui um pátio para armazenar cacos de vidro para reciclagem e produzir embalagens para bebidas e alimentos.

Todo vidro separado pela população e coletado de porta em porta segue para as centrais de triagem, onde as cooperativas organizam o material e vendem para as recicladoras, como a O-I. Depois, o material é moído e separado por tipo e cor. “Nós separamos nas cores transparente, verde e âmbar”, explica Michelle Shayo, diretora de relações governamentais da Owens-Illinois.

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Confecção de vidro. Foto: Sergei Butorin/shutterstock.com

Processo de confecção

Depois de separados, os cacos de vidros armazenados no pátio da O-I vão para um grande forno. Para confeccionar um quilo de vidro novo são necessários 1kg de cacos de vidro, além de 700 gramas de areia, 100 gramas de barrilha (uma espécie de sal branco e translúcido), calcário e 100 gramas de feldspato (um tipo de mineral). Os elementos vão para um grande misturador, uma espécie de batedeira gigante.

Essa “massa” é encaminhada ao forno que chega até 1.500° C. Em 24 horas acontece o derretimento desse composto, que vira um líquido pastoso e incandescente. Saindo do forno, ele segue para uma máquina que formará novas garrafas de bebidas e potes, como os de café solúvel, milho e extrato de tomate.

Essa operação é controlada pela coordenadora dos fornos, Angélica Inone. “Quanto mais cacos de vidro se usa na composição, menos gás é preciso para manter o forno trabalhando. É por isso que utilizar cacos em uma nova embalagem faz bem ao meio ambiente, pois utilizamos menos energia no processo”, explica.

Cada forno possui uma câmera que permite o monitoramento do processo. “Precisamos acompanhar cada fornada, pois produzimos de 100 a 800 toneladas de novas embalagens por dia”, explica a coordenadora.

Os novos produtos continuam expostos a altas temperaturas, então o próximo passo é coloca-los em um equipamento chamado de “recozimento do vidro”, que possui um formato de túnel. Lá, cerca de 20 garrafas são enfileiradas uma ao lado da outra e após uma hora estão resfriadas. “Se nesse processo alguma embalagem se quebra, ela volta a ser caco de vidro e vai novamente para o pátio de armazenamento”, conta Angélica.

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Processo de controle de qualidade na OW Brasil. Foto: Recicla Sampa

Inspeção de qualidade

Três milhões e meio de embalagens são produzidas e testadas por dia. A primeira etapa da avaliação é medir a resistência do material por meio do polariscópio, uma espécie de microscópio que olha as propriedades do vidro profundamente.

Após essa inspeção, em um outro equipamento fechado é feita a medição da “parede do vidro” para saber a espessura do produto.

“É nesse processo que colocamos a tampa da garrafa ou de um pote para analisar a resistência da embalagem”, conta Paulo Sergio Vieira, gerente de qualidade da Owens-Illinois.

Finalmente, a garrafa é submetida a resistência física e de pressão, por meio de equipamentos que simulam o envasamento com bebidas, semelhante ao que acontece em fábricas de cervejas e refrigerantes. Dessa forma, é possível enviar peças com qualidade aos clientes.

Aprovados nos testes, as garrafas e os potes são embalados em pallets, enviados ao fabricante de bebidas ou alimentos e, finalmente, adquiridas pelos consumidores.  

A população faz a diferença

O consumidor final é a chave principal para manter o caco de vidro como fonte principal na composição de uma nova embalagem. “O que chega até a empresa foi utilizado e destinado de maneira correta por nós”, afirma Michelle Shayo, diretora de relações governamentais da Owens-Illinois.

Cristian Rass, morador do bairro Aclimação, na região central de São Paulo, é uma dessas pessoas que consomem embalagens de vidro. Quase todo final de semana ele consome cerca de duas garrafas de vinho em casa. Cristian junta as garrafas vazias e leva para as lixeiras de reciclagem do condomínio, que faz a destinação correta enviando aos caminhões de coleta seletiva da cidade.

O gaúcho conta que começou a fazer coleta seletiva desde que chegou a São Paulo. “Eu faço minha parte. Quanto mais reciclarmos, mais protegeremos o planeta”, defende.

Ecoponto no supermercado

Grandes redes de supermercados como o Grupo Pão de Açúcar (GPA) possuem pontos de recebimento de lixo reciclável pelo estado de São Paulo. O objetivo é ajudar as cooperativas com a oferta de materiais e colocar à disposição mais uma ferramenta para que a população consiga fazer a coleta seletiva.

São 66 estações espalhadas por todo o estado que recebem papel, papelão, plástico, metal, óleo de cozinha usado e vidro. “Às vezes, o cliente traz o material misturado com o lixo orgânico e isso dificulta nosso trabalho de separação para entregar à cooperativa. O correto é juntar o que é seco, reciclável e depois depositar no ecoponto”, conta a agente de uma unidade de reciclagem do GPA, Cidelia Aparecida da Silva Pereira.

As unidades do Pão de Açúcar recebem por mês mais de quatro toneladas de vidro que são distribuídas para as cooperativas locais.

Glass is Good

Além dos consumidores finais, as empresas fabricantes de bebidas também agregam robustas ações para a reciclagem do vidro. A Diageo, empresa líder no segmento de bebidas alcoólicas premium como Johnnie Walker, Smirnoff e Ciroc, possui o programa de reciclagem chamadoGlass is Good, que acaba de ultrapassar a marca de 21 mil toneladas de vidro entregues para a reciclagem durante os oito anos de existência do projeto. O número equivale a mais de 44 milhões de garrafas, que poderiam estar em aterros sanitários e lixões, poluindo o meio ambiente.

Realizado desde 2010, o projeto gera renda e beneficia mais de 500 cooperados das cidades de São Paulo, Santana de Parnaíba, Campinas, Ribeirão Preto, Recife, Fortaleza, Natal e Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília.

“Temos muito orgulho desse programa. Atingir a marca de mais de 40 milhões de garrafas recicladas reforça a importância de programas de logística reversa. O vidro é infinitamente reciclável e, atualmente, apenas 47% é reaproveitado. Esse é um cenário que queremos ajudar a mudar”, afirma Daniela De Fiori, diretora de relações corporativas da DIAGEO PUB (Paraguai, Uruguai e Brasil).

O Glass is Good é uma iniciativa pioneira que contribui para a destinação adequada do vidro e reúne os maiores fabricantes de bebidas alcoólicas no mundo. O projeto tem como parceiros Heineken, Pernod Ricard e Companhia Müller de Bebidas, além da fabricante de embalagens de vidro Owens-Illinois - cobrindo todo o ciclo do vidro.

Também conta com a parceria de 180 estabelecimentos, entre bares, restaurantes, baladas, condomínios e empresas de eventos, onde o vidro é separado e coletado pelas cooperativas de reciclagem. O material triturado pelas cooperativas é encaminhado à Owens-Illinois com 100% de aproveitamento na produção de novas embalagens de vidro.

Além de contribuir para destinação adequada dos resíduos e movimentar toda a cadeia do setor, o programa oferece uma grande oportunidade para uma transformação cultural, mostrando que o vidro também é reciclável e reaproveitável.

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Arte com vidro. Foto: Kobby Dagan/shutterstock.com

Vidro e arte

Há 30 anos o vidro é reaproveitado artesanalmente pela artista plástica Elvira Schuartz, que faz do material o protagonista de suas obras esculturais. Ela possui no próprio atelier uma infraestrutura artesanal para derreter as sobras do vidro de suas peças e transformá-las novamente em algo novo. “Eu quebro com uma marreta, ele vira caco, coloco em uma pá e jogo dentro do forno que o derreterá em 24 horas”, explica Elvira.

Com o vidro derretido, Elvira coloca em prática ensinamentos que adquiriu em Murano, na Itália, referência mundial na produção do vidro. Através de um tubo, a artista assopra a substância e a manipula até atingir a forma de uma escultura.

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Elvira Schuartz. Foto: Recicla Sampa

Elvira é pioneira no ensino do sopro de vidro no Brasil. Em sua galeria, ela já recebeu aproximadamente 3 mil crianças e 2 mil adultos que a procuraram para ter a experiência de fazer o próprio vidro.

“Faz 30 anos que trabalho com o vidro e até hoje quando vejo esse líquido incandescente se transformando, me emociono”, conta.

Fonte: Abividro e Glass is Good


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