10 de Marco de 2022,11h00
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Há cerca de dez anos, Roberta Negrini, uma bem-sucedida executiva do ramo dos cosméticos, largou sua carreira de sucesso em busca de um trabalho que priorizasse o cuidado com as pessoas e a defesa do meio ambiente.
Assim, em 2014, nasceu a Joaquina Brasil, uma loja especializada em vender peças de roupas fabricadas com resíduos e sobras de tecidos de grandes e pequenas confecções.
O negócio deu super certo e a marca chegou a ter cinco unidades, algumas em grandes shoppings do Brasil. A mão de obra contava com a colaboração de presas do Centro de Progressão Penitenciária do Butantã, zona oeste da capital.
Neste momento, a empresária sentiu a necessidade de uma produção em maior escala e se deparou com a realidade do Brás, famoso reduto paulistano da indústria têxtil.
“A oficina ficava num beco. As mulheres trabalhavam de 10 a 12 horas por dia, com os filhos amarrados no pé da máquina de costura. Saí de lá com a convicção de que não colocaria um único real em um negócio daqueles”, conta Negrini.
Alguns dias depois, quase por acaso, Roberta foi visitar um projeto do AfroReggae chamado Segunda Chance. A iniciativa também oferecia oportunidades para mulheres em situação de vulnerabilidade, incluindo ex-detentas e detentas em regime semi-aberto.
“Eu me apaixonei por essa causa porque percebi que são mulheres invisíveis. Quando você fala de mulheres encarceradas, todo o mundo julga como pessoas criminosas, que não têm índole, não tem ética. A gente percebe que, na prática, não é isso. A gente vê mulheres muito sofridas, que têm uma autoestima baixíssima e que não têm acesso a educação ou referências. Minha grande razão é virar essa invisibilidade, que as pessoas possam ter um pouco mais empatia, de uma mulher por outra mulher”, revelou a empresária para o portal GShow, da Rede Globo.
Desde então, confessa Roberta, as lojas ficaram um pouco de lado e a militância pela causa da ressocialização das detentas passou a ser uma prioridade. Foi aí que nasceu a ideia do Movimento Eu Me Visto Bem.
“O que eu acreditava mesmo é que eu podia transformar a vida daquelas pessoas por meio da geração de empregos”, explicou Negrini em entrevista para a edição impressa do Estadão.
Agora, o movimento, que surfa a bem-vinda e necessária onda ESG, fabrica roupas e coleções especiais em parceria com grandes marcas como Natura e Renner.
Atualmente, o projeto garante emprego para quase 68 mulheres, 38 delas detentas da Penitenciária Feminina de São Paulo e outras 30 do presídio de Santana, na zona norte da cidade.
“É libertador você entender que você é útil na sociedade. Ouço muito minhas colaboradoras falando que elas não têm mais vergonha nem medo de enfrentar o que está por vir”, comemora a empresária-militante.
Texto produzido em 11/3/2022
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