01 de Abril de 2019,13h10
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Posso evitar o consumo exagerado e o desperdício quando eu repenso meu hábito. Verdadeiro ou falso? A frase é verdadeira, mas sabemos que uma mudança de comportamento exige interesse, um processo educativo e acesso à informação.
De acordo com a Pesquisa Akatu 2018, interesse já existe. Segundo dados do estudo, nos últimos seis anos houve um crescimento de 6% no número de pessoas que possuem mais de 5 práticas sustentáveis diárias. A pesquisa revela ainda que 7 entre os 10 maiores desejos dos brasileiros estão ligados à uma vida mais sustentável, como reduzir a quantidade de lixo e o impacto da geração de energia.
Para te ajudar a esclarecer os mitos que contam por aí sobre o assunto, separamos nove itens sobre sustentabilidade e reciclagem que você precisa urgentemente desmistificar. Para isso contamos com a ajuda do especialista Rodrigo Oliveira, mestre em sustentabilidade e presidente da empresa FRAL Consultoria, especializada em resíduos sólidos.
Definitivamente, não. Do francês mode, o conceito de moda significa um uso ou costume que está no auge em uma determinada época durante um limitado período. É verdade que a sustentabilidade, há alguns anos, era vista como uma alternativa de luxo. Atualmente, se trata de uma necessidade. Quando entendemos que uma cidade como São Paulo gera 12 mil toneladas de lixo domiciliar diariamente, o alerta está dado.
Apenas 7% dos 40% de resíduos passíveis de reciclagem são de fato reaproveitados, o restante segue diretamente para o aterro sanitário, que possui uma vida útil limitada. A Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) estima que o aterro de São Paulo, por exemplo, tem uma previsão de 10 a 15 anos de durabilidade.
Muito pelo contrário! Um dos pilares da sustentabilidade é o do consumo consciente, onde no lugar da pergunta “quanto custa isso?” você deve se questionar “eu realmente preciso disso?”. Entender o poder de suas escolhas cotidianas e não consumir no modo automático ou impulsivo estão entre algumas dicas para um modo de vida muito mais barato.
Segundo Rodrigo Oliveira, sai muito mais em conta ser sustentável, principalmente porque você também elimina nesse processo embalagens e compra apenas o produto que será consumido.
“Um bom exemplo disso são as lojas que vendem a granel, embalagens retornáveis ou que podem ser preenchidas novamente”, defende.
Você está enganado, não há mistura. E esse mito é a maior desculpa que as pessoas têm para não participarem da coleta seletiva. Isso porque algumas acreditam que o caminhão recolhe e mistura tudo, mas é preciso deixar claro que existem modelos. Os caminhões da coleta seletiva recolhem apenas os resíduos recicláveis e passam em determinados dias e horários. Se você colocar o reciclável no mesmo período que o comum, provavelmente acontecerá a mistura. Por isso, é necessário que você consulte aqui no Recicla Sampa quais são os dias e horários que a coleta seletiva passa na sua casa.
A separação dos resíduos acontece de fato dentro das centrais de triagem, mecanizadas ou manuais. O processo envolve máquinas e pessoas responsáveis pelo controle de qualidade dos resíduos enviados e pela separação correta do material para depois ser enfardado e comercializado pelas cooperativas.
Não! Alguns materiais podem ser reciclados infinitas vezes, como é o caso do vidro. Isso varia de acordo com a resistência e durabilidade de cada produto. Outro bom exemplo neste quesito são as latinhas de alumínio, cujo processo de reaproveitamento permite um retorno do item às prateleiras em cerca de 60 dias. Além disso, o material pode ser reaproveitado para outros fins.
Para se ter uma ideia, uma folha de papel, que é o produto que tem a vida mais curta dentro do processo, aguenta de cinco a sete reciclagens. É bastante coisa, não é mesmo? Já o plástico é considerado o mais complexo dentre os materiais pela variedade enorme de modelos que podem ser reciclados poucas ou muitas vezes, dependendo de sua composição. Ou seja: o esforço vale a pena sim.
Pode, sim. Ufa! Aquela pizza no domingo à noite está salva. E foi pensando nela que buscamos o melhor esclarecimento sobre o que fazer com sua embalagem. A questão fundamental aqui é se os restos de comida que ficam impregnados nela comprometem o processo de reciclagem.
Como água e óleo não se misturam e a reciclagem do papelão é feita com água, as partes manchadas por esse produto não são passíveis da reciclagem. Mas, temos uma boa notícia: “é possível retirar as partes contaminadas e salvar as demais, já que, geralmente, o óleo não se espalha por toda a caixa”, explica Rodrigo. Além disso, uma alternativa para quem quer levar um estilo de vida sem desperdício é a compostagem, processo natural de decomposição dos materiais transformando-os em adubo. No caso do papelão, você pode cortar o pedaço que foi inviabilizado pela comida e deixa-lo se decompor. Veja aqui como funciona esse processo.
Inviabiliza, sim! Dos mitos mais comuns, este precisa de uma atenção maior devido ao seu grau de contaminação. Além de uma quantidade menor de materiais que poderão ser recuperados da mistura, o processo de reciclagem será muito mais caro.
"Por princípio, nenhum lixo deve ser misturado. O ponto fundamental para um material ser passível ou não de reciclagem é a sua viabilidade econômica. Quanto mais contaminado, mais caro fica todo o processo de coleta, transporte, triagem, decomposição e usinagem. Se forem necessárias muitas pessoas para triar, maquinários mais robustos ou muitos produtos químicos, a reciclagem fica inviável", explica o especialista.
Não! Imagina se toda a população de São Paulo decidir lavar o seu resíduo reciclável? O consumo adicional de água necessária para limpar diariamente cerca de 6 mil toneladas de recicláveis seria prejudicial ao meio ambiente.
Portanto, a recomendação é esvaziar o material ao invés de lavá-lo. "Produtos vencidos ou que não serão mais consumidos devem ser retirados da embalagem e descartados separadamente para não provocar problemas na reciclagem, como odor e contaminação, por exemplo”, explica Rodrigo. Uma outra opção para higienizar o seu resíduo é a utilização da água de reúso, que pode ser aproveitada do chuveiro, da máquina de lavar ou da pia, enquanto você lava a louça.
Outro mito recorrente, já que na verdade a parte da população é muito simples: dividir em dois. Esse passo é fundamental para que os recicláveis cheguem às centrais de triagem. Ter duas lixeiras em casa para facilitar o processo e separá-las em lixo comum e reciclável já é metade do caminho. Conheça aqui a diferença entre resíduos e rejeitos.
Para o especialista, se conseguirmos implantar uma boa triagem na fonte de geração e uma logística reversa inteligente para que o material retorne com custo baixo, a reciclagem fica muito mais fácil e viável.
É aí que você se engana. Aquela famosa frase que diz que a mudança começa em você é muito real. A partir do momento que você começa a aplicar no seu dia a dia a política dos cinco R’s, (Reduzir, Repensar, Reaproveitar, Reciclar e Recusar), você poupa recursos naturais e ainda auxilia as pessoas que vivem da renda gerada pela reciclagem.
“Se os hábitos de consumo e a educação ambiental da população não evoluírem, o Brasil tende a se tornar uma das nações que mais produz lixo no planeta”, é o que alerta o jornalista Walter Freitas em artigo para o livro Saneamento Ambiental e Saúde do Catador de Material Reciclável (Limiar, 2018). “Precisamos lembrar que a população tem crescido a passos largos e, consequentemente, a geração de resíduos seguirá o mesmo caminho, mas o tamanho do nosso planeta não mudará”, reforça.
Texto produzido em 01/04/2019
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