12 de Maio de 2020,12h00
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Quanto maior o consumo, maior a geração lixo. Isso porque ao passo que adquirimos mais mercadorias, mais recursos naturais são consumidos e mais resíduos são gerados. Por esse motivo, consumir de forma sustentável está diretamente relacionado à poupar recursos naturais. Se considerarmos o impacto de um indivíduo em suas tarefas cotidianas no agravamento da crise ambiental, vamos entender o impacto que atividades simples como ir às compras para abastecer a geladeira têm sobre a qualidade do meio ambiente.
O primeiro passo para um consumo consciente está em praticar algumas perguntas diárias que podem ajudar na hora da compra: necessito realmente desse produto? Ele é durável e de boa qualidade? Vou poder reutilizá-lo ou reciclá-lo? Posso compartilhar com utras pessoas? Esse produto faz menos mal ao meio ambiente que o similar?. Estas questões são algumas das sugestões que o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) apresenta em seu guia de Proteção e Sustentabilidade. Disponível no site da instituição, o manual trata de finanças, alimentação, saúde, energia, internet, telefonia e resíduos e ensina o consumidor a ter escolhas mais "confiáveis, saudáveis e ecológicas" no seu dia a dia.
“Um dos impactos mais negativos está essencialmente no consumismo. Ser sustentável é consumir apenas aquilo que é realmente necessário”, afirma a jornalista Sandrine Lage.
Especialista em sustentabilidade, ela defende que o mais importante para o cenário do meio ambiente é a redução do resíduo, ou seja, não gerá-lo. E quando acontecer, preferir produtos nacionais, orgânicos e que estão na época. Mas por que os produtos nacionais?
De acordo com as engenheiras químicas Daniella Kakazu e Luiza Monteiro, o consumo de produtos nacionais ou locais traz diversos benefícios, um deles bastante relevante ao meio ambiente: quanto maior a distância que o produto tem que percorrer para chegar até o consumidor final, maior é a pegada de carbono que ele deixa. Ou seja, caso você compre um produto de outro país, por exemplo, ele possui mais necessidade de conservantes durante o transporte.
“Mais embalagens, combustível e recursos são necessários para fazer com que o produto chegue até você”, explicam as engenheiras.
Incentivadoras do movimento compre local, bandeira cada vez mais forte nos EUA e na Europa que passou a sensibilizar pessoas também no Brasil, as profissionais reforçam que a principal questão para um consumo consciente é verificar se o que está sendo comprado é realmente necessário. "Depois disso o importante é focar na funcionalidade do produto e na sua procedência, ou seja, se ele vai satisfazer essa sua necessidade e quem é a empresa que o produz, se ela é honesta, transparente e ética, e claro, se ela é local", afirmam.
Decepcionadas com a indústria tradicional e seus caminhos e perspectivas quem eram muito divergentes dos seus valores, as engenheiras encontraram na cosmética natural e vegana um meio saudável e sustentável para seguirem. Foi assim que nasceu a Jaci Natural, marca de cosméticos feitos à mão, que não utiliza animais para testes e desenvolve produtos minimalistas e multifuncionais a partir de fórmulas que estudam os ingredientes, desde sua origem e sustentabilidade, até as interações entre as matérias-primas.
"Fazemos tudo com amor e consideramos que a natureza é única, assim como nossos produtos e nossos clientes. Ao pensarmos dessa forma, excluímos a necessidade de padronização de cada produto, o que permite que os ingredientes estejam ali para uma função que condiz com a função do produto", explicam.
"Vocês já pararam para pensar no potencial revolucionário que há em nosso poder de consumo? Em nosso poder de escolha?". São com essas questões que a influencer Karina Viega começa uma reflexão sobre consumo consciente em seu canal do Youtube. Com mais de 58 mil inscritos na plataforma, a jovem dá dicas de lifestyle, cabelo, maquiagem, moda e cultura com viés sustentável.
Tendo como base o slow beauty, termo que surgiu nos Estados Unidos para definir um conceito de beleza natural que busca a simplicidade, a blogueira levanta a bandeira de que a "a arte de menos é mais, do seu prato à sua necessaire". Em seu blog, ela explica os três aspectos essenciais que servem de base para o slow beauty: diminuir a quantidade de produtos na estante e na necessaire; aceitar e valorizar a real beleza natural de cada um; e conhecer a procedência dos produtos.
Karina defende que ao adquirir um produto, você está comprando também uma ideia, investindo no conjunto de ações e na cadeia de produção daquela empresa, e reforça como as ações de cada indivíduo refletem de maneira universal. "Uma revolução é feita de pequenos gestos, você pode sim gritar 'eu acredito nisso, não acredito naquilo' por meio do seu poder de consumo", comenta em vídeo.
Mesmo tendo 10% dos seus seguidores de Portugal e sabendo dos demais fãs que pedem dicas de produtos internacionais, Karina não abre mão de oferecer sua consultoria apenas para produtos nacionais. "Ter uma composição natural é apenas um dos fatores, e não é nem o mais importante deles. Mais vale para mim um produto que veio de uma empresa rechedada de ideias que eu acredito e me identifico, do que um artigo com uma composição natural mais vazia de significados", explica aos seguidores.
De acordo com o Panorama do consumo consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações, o brasileiro prefere o caminho da sustentabiidade ao do consumo. A pesquisa, realizada pelo Instituto Akatu, investiga a evolução do grau de consciência dos brasileiros no comportamento do consumo, indicando os desafios, motivações e barreiras para o consumo consciente.
Em sua quinta edição, a pesquisa detectou que entre os dez principais desejos dos brasileiros, sete estão no caminho da sustentabilidade, ou seja, expressam preferência por alternativas mais sustentáveis, sendo o primeiro lugar ocupado pelo desejo de um “estilo de vida saudável”. Alimentos saudáveis, frescos e nutritivos e água limpa, por exemplo, estão entre os outros itens apontados.
Para a coordenadora comercial, Iasmyn Montenegro, o importante é usar produtos que ela entenda e conheça os ingredientes, e com os cosméticos industrializados, ela alega não ter essa confiança. Além disso, não se rende aos produtos internacionais.
"Acho bacana e consciente estimular o comércio e matérias-primas do nosso país, gerando renda e empregos para nosso povo. Temos muita coisa boa, não precisamos de cosméticos de fora não!", afirma a coordenadora comercial.
Texto produzido em 09/01/2018
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