Energia Solar. Foto: fuyu liu/shutterstock.com
10 de Setembro de 2018,00h00
Veja outros artigos relacionados a seguir
A matéria-prima que o meio ambiente proporciona é limitada. Após um modelo de economia linear, onde recursos são explorados initerruptamente, a humanidade já está tomando consciência de que é preciso mudar esse antigo modelo de gestão econômica baseada na exploração e fabricação de novos materiais.
No mundo, a União Europeia já aderiu à causa. Há mais de 50 países que possuem estratégias econômicas circulares, onde nenhum recurso natural se perde. E o Brasil, como o país caminha para esse novo direcionamento econômico? Já é evidente o aumento de fóruns para discutir os impactos do plástico nos mares, o aumento da geração de lixo, as mudanças climáticas, contaminação e outros assuntos ambientais. Mas e a questão de uma economia mais limpa?
A boa notícia é que o Brasil já está de olho nessa nova tendência que não devora os recursos materiais, pelo contrário, ele os recria e os valoriza. Tal importância é vista em um dos mais importantes seminários de sustentabilidade do país: o 3º Fórum de Economia Limpa, organizado pelo jornal Folha de S. Paulo e apoiado pela Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio) e a Novelis, empresa de alumínio industrial.
O evento, que teve a cobertura do Recicla Sampa, contou com profissionais do setor público, privado, pesquisadores e ativistas ambientais que discutiram sobre o futuro ambiental e inserção de uma economia mais limpa no país, sem gerar tantos resíduos.
Com uma plateia cheia e interessada pela questão, o seminário foi separado em quatro blocos: especialistas que debateram meio ambiente e políticas tributárias; taxas ambientais e competitividade; evolução da Política Nacional de Resíduos Sólidos; e ativistas que encerraram o fórum falando sobre rios e mares.
Independente da categoria dos blocos, um ponto que chamou a atenção no evento foi que a maioria dos profissionais concordou sobre o incentivo a práticas sustentáveis na produção e no consumo de bens. Além disso, a maior parte apoiou a necessidade de adaptações tributárias para beneficiar as empresas que geram menos impacto ambiental e a cobrança sobre as que desperdiçam mais recursos. Defenderam que a concretização dessas ações precisa ser emergencial e sem a criação de novos impostos, já que isso representaria mais dificuldade e atraso na implantação de mudanças.
“Não tem sentido criar impostos voltados à proteção ambiental. Isso teria um alto custo político, sem falar nos prazos demorados e nas mudanças pelas quais a proposta acabaria passando até sua versão final”
– explica o diretor da Logos Consultoria Fiscal e ex-secretário da Receita Federal, Everaldo Maciel que participou da primeira rodada de debates.
Já Luís Fernando Barreto, promotor de Justiça e presidente da Abrampa (Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente), acredita que as pessoas reciclarão com mais atenção a partir do momento que entenderem que os produtos recicláveis podem voltar para a cadeia de produção. Isso reverte automaticamente para o bolso do consumidor, pois as taxas vão diminuir.
“Hoje, pagamos taxas para jogar o lixo fora, seja pelo número de caminhões que recolhem o lixo ou pela quantidade e funcionamento de aterros e também outros fatores”, conta o promotor. Quando o resíduo volta para as prateleiras, o material se torna mais atrativo tanto para o consumidor em relação ao preço quanto para a indústria, com a consequente economia de materiais.
A presidente-executiva da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Elbia Gannoum, bate na mesma tecla sobre a redução de tributos.
“Não precisamos de mais taxas e sim de ações de incentivos”, desabafa.
No evento, ela apresentou um projeto de sucesso de incentivo ao uso de energia eólica no país que, de 2003 a 2017, fez sua capacidade passar de 22 para 12.409 megawatts.
Na contramão dos profissionais que levantam a bandeira da diminuição de impostos, uma nova taxa foi vista como necessária pela professora do curso de direito e de mestrado em tecnologia ambiental da Universidade Federal Fluminense, Alice Carli. “Acho viável a criação de um tributo para o uso excessivo da água, estabelecendo um limite de consumo, acima do qual o contribuinte teria que pagar uma tarifaâ€Â, conta. Ela explicou que seria uma ação positiva e que conscientizaria a todos para um consumo mais consciente dos recursos hídricos.
O evento contou ainda com a presença de um representante do ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Jorge Pinheiro Machado, diretor para América Latina do R20 - órgão criado pelo artista para apoiar governos no desenvolvimento de projetos verdes - acredita que a sociedade deve indicar quais taxas quer pagar ou deixar de contribuir para a questão ambiental.
“Quem dita as regras de qual pauta sustentável tem que seguir é a população. Os órgãos públicos é que devem se adaptar ao que a comunidade precisaâ€Â, enfatizou.
Com a mesma linha de pensamento de Machado, Donizete Tokarski, diretor-superintendente da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel), defende que a sociedade não deve se limitar às escolhas governamentais. “Nosso consumo não é limitado apenas aos tradicionais gasolina e álcool. Dá para fazer escolhas sustentáveis para nossos veículos, como o biodieselâ€Â. Torkaski comemora que o interesse de todos pelo biocombustível está aumentando. Ele conta que de acordo com a lei já é possível misturar 10% de biodiesel ao diesel. “A tendência desse percentual é crescer mais e assim abrirmos o leque do nosso direito de escolhas ambientaisâ€Â, conclui.
O efeito dessas escolhas e a pressão da sociedade por um produto mais correto ecologicamente já podem ser vistos no meio empresarial. Prova de que isso é possível é o retorno das embalagens reutilizáveis das bebidas de alumínio da Ambev e também o acréscimo de plásticos retirados do mar nas embalagens dos detergentes OMO, da Unilever.
Organização aproveita férias de julho para convocar participação da garotada
Mutirão em São Mateus distribuiu EPIs, ofereceu atendimentos e acolheu trabalhadores
Ferramenta criada com ajuda da ONU apoia ações locais de proteção dos recursos hídricos
País alcança índice de 64% de reaproveitamento do material e vira exemplo