23 de Outubro de 2020,13h30
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Hoje em dia, já estamos falando de materiais da construção civil que são sustentáveis e que reaproveitam resíduos para sua fabricação. Porém, cientistas da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, criaram um cimento que combina areia com bactérias a fim de criar um produto vivo, capaz de servir para obras e oferecer funções biológicas, como limpar o ar do meio ambiente.
Diferentemente do tradicional cimento, composto há centenas de anos por calcário, argila e aditivos, Wil Srubar, diretor do Laboratório de Materiais Vivos da Universidade, criou um produto que combina areia, hidrogel especial e cianobactérias (que obtém sua energia e reprodução por meio da fotossíntese). O hidrogel ajuda a manter a umidade do local e os nutrientes das cianobactérias, que se proliferam e mineralizam, semelhante ao que acontece com a formação de conchas no mar. Após a secagem do produto, o material pode ser tão resistente quanto um cimento.
Mais: ele é capaz de se reproduzir. Por exemplo, um tijolo pode se multiplicar apenas com a adição de areia, hidrogel e nutrientes, e a partir dele é possível fabricar oito tijolos. Se a tecnologia for adotada na construção civil em larga escala, isso pode mudar significativamente o cenário da produção de materiais de construção para algo mais sustentável e viável.
O que muita gente não sabe é que o concreto é o segundo material mais consumido no planeta e sua produção responde por 6% das emissões de carbono, de acordo com os cientistas. Com o cimento vivo desenvolvido por eles, não haverá mais essa fabricação poluente e o produto será capaz de limpar o ar devido às bactérias contidas nele.
“Sabemos que as elas se proliferam em taxa exponencial. Isso é diferente de, como dizemos, imprimir em 3D um bloco ou moldar um tijolo. Se pudermos cultivar nossos materiais biologicamente, podemos fabricar em escala exponencial”, disse Srubar.
Porém o processo para a produção do cimento não é simples. O produto precisa secar completamente para estar 100% completo. O problema maior é que esse processo de secagem prejudica as bactérias. É preciso controlar a umidade e a temperatura do material para que elas se mantenham vivas e possam exercer a função de limpar o ar.
Por isso, a equipe de Srubar vem estudando micróbios mais resistentes ao processo de secagem para que o produto possa sobreviver em lugares muito quentes, o que ainda não é possível com as cianobactérias usadas no material. No futuro, os cientistas enxergam a possibilidade de criarem algo que se autorregenere quando danificado ou que demonstre como estão as toxinas no ar.
“Estamos criando uma nova tendência no mercado da construção civil. São produtos que interagem com o meio ambiente”, destacou Srubar.
O cientista sonha alto. O produto tem sido idealizado até para a exploração espacial. Uma das dificuldades de se pesquisar outros planetas é o árduo e custoso trabalho de transportar materiais. Com a invenção de produtos vivos, os astronautas teriam a possibilidade de carregar apenas bactérias para serem convertidas em estruturas rígidas. “Não dá para carregar saco de cimento até Marte. Eu realmente acho que a biologia é o futuro”.
Além disso, o pesquisador almeja a possibilidade de os fornecedores enviarem aos clientes pequenos sacos com ingredientes para a produção do cimento vivo. Os construtores terão apenas que adicionar água para dar início às obras.
“A natureza já descobriu como fazer muitas coisas de forma inteligente e eficiente. Precisamos apenas prestar mais atenção”, finalizou.
Fonte: Época Negócios
Texto produzido em 08/06/2020
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