Recicla Sampa - De que forma você usa sua cidade?
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De que forma você usa sua cidade?

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Uma mudança individual de comportamento é fundamental para um ambiente mais limpo. Foto: @role_sp

"A cidade é nossa". Quem passa pela Rua da Consolação, sentido centro de São Paulo, logo se depara com os dizeres lindamente pintados pela artista plástica Rita Wainer. A arte resiste para lembrar que a capital é parte de cada um que vive nela. Sim, a cidade é nossa. Mas você já parou para pensar de que maneira está cuidando dela?

Se apropriar do espaço urbano é muito mais que tomar as ruas. É cuidar dele entendendo se tratar de um local compartilhado. O artista e professor de desenho da Faculdade de Arquitetura da Escola da Cidade, Paulo Von Poser, costuma sair às ruas com seus alunos no primeiro dia de aula para propor uma reflexão: “essa calçada que estamos pisando é de quem?”. A resposta dos estudantes reforça a falta de apropriação e pertencimento da população: “é da Prefeitura”.

“O exercício prova que temos uma cultura que indica que o público não é nosso e, portanto, não precisamos cuidar dele. Isso justifica muitos atos, inclusive o de jogar o lixo no chão. Precisamos mudar essa mentalidade”, defende.

Embaixador do Movimento Recicla Sampa, o rapper Thaíde aproveitou o carnaval, que nos últimos anos tem tomado as ruas da capital paulista, para conferir de perto como essa relação se estabelece. Principalmente no que diz respeito à destinação do lixo.

Cenas de pessoas jogando garrafinhas de água no chão, por exemplo, foram corriqueiras. Para se ter uma ideia, em poucos minutos o rapper encheu um saco de lixo apenas com recicláveis.

Se essa rua fosse minha

Mas, até quando vamos deixar de ser responsáveis pelos resíduos que geramos e pela cidade que habitamos? É preciso mudar esse comportamento.

“O sentimento vem crescendo. Se eu me identifico com minha cidade, me aproprio e moro nela, tenho que cuidar. Como indivíduo, cada um faz parte da história e da memória do município”, defende Paulo.

Para a arquiteta Fernanda Barbieri, a falta de intimidade dos moradores com a cidade e um planejamento das vias voltado para os pedestres são os principais desafios de São Paulo. “Se não tenho a cultura de andar pela cidade a pé e interagir com o meio ambiente urbano, então por que devo cuidar dela?”, diz.

Segundo a profissional, cidades e países que são planejados para o pedestre possuem outro tipo de cultura, em que as pessoas visam à preservação do patrimônio e do meio ambiente.

“As pessoas que costumam andar todos os dias pelo mesmo local não querem sujá-lo, porque no outro dia estarão lá. Elas se apropriam do local que frequentam e se sentem responsáveis”, afirma.

Fernanda acrescenta ainda que a máxima se aplica ao Carnaval. Sem identificação com a cidade, as pessoas simplesmente se desobrigam do cuidado. “Por mais que o bloco não seja realizado nas redondezas da minha casa, devo me lembrar que toda cidade faz parte da minha moradia e que devo zelar por ela”, defende a arquiteta.

O futuro é coletivo

Para a ambientalista Katharine Ribeiro, o senso de mudança cresce na mesma proporção do incomodo. Quando ele bate à porta, as pessoas se mobilizam para compensar o desconforto e buscam alternativas. “A solução está em pensar de dentro para fora e ver que a mudança está em si mesmo. Precisamos reciclar nossas práticas”, afirma.

O publicitário Jaime Almeida, frequentador de grandes eventos na cidade ratifica a afirmação da ambientalista. “Em espaços fechados como cinemas, por exemplo, as pessoas se sentem coagidas e têm medo de serem julgadas por estarem sujando um ambiente fechado. Em locais abertos fica mais difícil saber quem descartou o lixo no chão”, diz ele.

As práticas de pouco cuidado com a cidade se acentuam em shows e eventos de grande porte, com a mobilização de um número maior de pessoas, como o carnaval de rua da cidade. No entanto, embora cenas de pessoas sujando o chão com o próprio lixo ainda sejam relativamente comuns, já é possível verificar o início de uma mudança.

Os números do carnaval deste ano, por exemplo, revelaram que a festa gerou 42 toneladas a menos em relação à edição anterior, em 2018. Em compensação, a média de público aumentou. Isso demonstra que mais pessoas passaram a dar destinação correta ao lixo.

Karina Esper, produtora de projetos sociais e foliã de carteirinha, destaca que as marcas patrocinadoras e a organização dos eventos devem dar o exemplo para o público. Segundo ela, muitas vezes é difícil encontrar lugares para depositar os resíduos de forma correta. “Vou bastante a eventos e shows e muitas vezes não se encontra muitas lixeiras e quando tem estão lotadas. Eu costumo segurar meu lixo até achar um local”, diz. 

Conscientizar e informar milhares de cidadãos de uma só vez agiliza uma mudança de comportamento que já está colocada em nossa cidade como senso de urgência. Em ação recente do Recicla Sampa nas apresentações do astro do rock, Paul Mc Cartney, no Allianz Parque, em São Paulo, evitou-se que 6 toneladas de resíduos fossem descartados de forma inadequada.

“Informação e engajamento andam juntos. Essa ação contribui imensamente para que as pessoas percebam que o ato de separar e destinar corretamente os materiais pode impactar a vida de famílias que atuam em cooperativas de reciclagem, gerando trabalho e renda”, conclui Edson Stek, diretor da Loga, uma das concessionárias de limpeza urbana que atuam na cidade de São Paulo.

Todo o material coletado dentro e ao entorno do estádio foram encaminhados à uma central de triagem e a recicladoras da capital para serem reaproveitados. Mudar hábitos é simples e nossa cidade agradece.

Texto produzido em 05/04/2019


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