22 de Julho de 2019,11h42
Veja outros artigos relacionados a seguir
A economia circular é a melhor opção para unir fabricação de produtos sustentáveis com empreendedorismo sem poluir o meio ambiente. É assim que os palestrantes da mesa “Economia Circular e outras soluções para as cidades” classificaram a atividade na noite de 18 de julho, em São Paulo. O debate fez parte da programação da 9ª edição da Mostra SP de Fotografia que transforma o bairro da Vila Madalena em uma galeria de arte aberta ao público durante o mês de julho.
Reunindo o trabalho de 27 fotógrafos com de objetivo de denunciar o uso desenfreado do plástico, o evento apresenta nesta edição um Ciclo de Debates sobre o assunto. O palco dessa discussão foi a Escola Britânica de Artes Criativas (EBAC), que deu voz para o tema e trouxe para a mesa especialistas, poder público e figuras como o rapper Thaíde, representando o Recicla Sampa.
Apesar da seriedade do assunto, a discussão em tom descontraído trouxe diferentes visões sobre a reciclagem e os desafios da economia circular. O rapper, por exemplo, contou que depois de conhecer o Movimento Recicla Sampa começou a olhar com mais cuidado para a separação do lixo dentro de sua própria casa e valorizar a reutilização dos produtos que consume. “Para reciclar, eu comprei duas lixeiras de cores diferentes para separar os resíduos entre reciclável e comum. Minha filha de seis anos também está aprendendo a reciclar”, disse na palestra.
Protagonista da maior parte dos webdocumentários que o Movimento apresenta, Thaíde disse que nos primeiros vídeos ficou chocado com a quantidade de plástico que viu nas represas e ruas da cidade. “Todo lugar tem plástico. Se analisarmos, ele não é o vilão da história. O problema é o descarte incorreto que fazemos”, disse.
Para o rapper, cada novo vídeo produzido é uma lição aprendida.
“O projeto tem me reciclado como cidadão e tenho cuidado mais do meu lixo e a forma como consumo. Presto atenção também naqueles materiais de difícil reciclagem que precisam ser descartados em locais especiais ou reutilizados”, finalizou Thaíde.
Dividindo o palco do debate, Guilherme Brammer, CEO da Boomera, empresa especialista em reciclagem de materiais de difícil solução e em economia circular, contou o que o levou a fundar a própria empresa sustentável. No passado, Guilherme era um engenheiro de materiais, que trabalhava na economia linear do “extrair a matéria prima de um produto, confeccionar, vender e jogar fora”.
Sua vida mudou quando se sensibilizou com a história de vida de seu sogro que, em decorrência de um câncer, vivia todos os momentos como se fossem o último. “Ele me fez refletir o que deixaria para a humanidade com meu trabalho”.
Por detectar que produzia muitos resíduos, Guilherme optou por uma mudança de postura e fundou a Boomera, startup especialista em reciclar o que ambientalistas consideram “quase impossível”, como sachês de catchup, cápsulas de café e até mesmo fraldas descartáveis.
Assim como a Boomera, Daniela Lerario, CEO da Triciclos, outra empresa de economia circular, explicou que a companhia atua em todos os elos da cadeia de produção a fim de solucionar as questões de reciclagem dentro de multinacionais. Seja operacionalizando uma coleta seletiva dentro da empresa ou até mesmo na consultoria nas etapas da concepção e design da embalagem de um novo produto, a Triciclos procura levar a prática da economia circular para seus clientes.
O poder público também caminha rumo às mudanças na maior cidade do país. O vereador Xexéu Tripoli, autor da lei que proíbe canudos plásticos na cidade de São Paulo, ressaltou que a sanção é um grande passo para a sustentabilidade da cidade. A lei prevê que estabelecimentos forneçam apenas canudos de papel reciclável, biodegradável ou de material comestível aos seus clientes.
Além disso, Xexéu enfatizou que São Paulo foi a primeira cidade do hemisfério Sul a assinar o Compromisso Global da Nova Economia do Plástico, o maior plano de ações para reverter a crise do consumo plástico no planeta.
“Ao contrário do Brasil, São Paulo está na vanguarda do futuro sustentável, que infelizmente está retrocedendo”, falou Xexéu.
Responsável pela mediação do evento e pela curadoria do Ciclo de Conversas da Mostra, a jornalista e especialista Paulina Chamorro enfatizou que é preciso que todos os setores da sociedade funcionem para promover a economia circular em São Paulo e no país. “É necessário que o poder público atue, que a reciclagem funcione beneficiando todos os elos da cadeia e as empresas se responsabilizem buscando soluções para uma produção de embalagens inteligentes e sustentáveis”, disse.
Texto produzido em 19/07/2019
Encontre pontos de coleta de lâmpadas, pilhas, eletrônicos, medicamentos e pneus
Estudo capitaneado pela Sea Shepherd Brasil analisou mais sete mil quilômetros de costa
Pontos de Entrega Voluntária da entidade já estão instalados em 305 municípios do país
Mais da metade dos trabalhadores do setor são mulheres e 62% são negros ou pardos