19 de Dezembro de 2020,05h30
Veja outros artigos relacionados a seguir
Proibido em Nova York, no Canadá e aqui no Brasil, em Fernando de Noronha, o isopor tem chamado a atenção da mídia por cada vez mais cidades aderirem à sua proibição. Isso tem ocorrido porque o material é derivado do plástico, declarado pela ONU inimigo número um do meio ambiente devido a seus efeitos nocivos. Logo, a equação que mostra o alto consumo, aliado ao descarte incorreto e à baixa reciclagem do material resultam em leis que proíbem o uso do componente.
Por outro lado, um grupo de especialistas em reciclagem de isopor acha que a questão tem ganhado contornos de exagero. Eles afirmam que o produto é subestimado pela sociedade e que é possível valorizar a sua utilização por meio do reaproveitamento. Entre esses profissionais do ramo que defendem essa causa está Vanessa Villalta, especialista em EP (poliestireno expandido), nome original do isopor. Essa denominação popular é resultado de uma marca registrada por uma empresa alemã.
A profissional fez uma palestra sobre o assunto na maior feira da América Latina de tecnologias para o plástico e borracha, a Plástico Brasil, que está em sua segunda edição e acontece a cada dois anos no país. Em um espaço de 40 mil metros quadrados, mais de 800 expositores nacionais e internacionais apresentaram suas novidades para a indústria plástica.
Entre as máquinas que produziam sacolas, potes e copos no menor tempo possível, estava o estande da Plastivida, uma associação do setor que tem o objetivo de levantar a bandeira da reciclagem dentro da indústria do plástico. Durante os dias que aconteceram o evento, a entidade promoveu palestras sobre reciclagem e sustentabilidade, incluindo a do isopor.
Vanessa foi a convidada da Plastivida para falar sobre o assunto. A profissional trabalha na área do reaproveitamento do material há quase 20 anos e afirmou que é possível grandes empresas do setor do plástico e fabricantes de produtos de madeira apostarem no reaproveitamento e obterem lucros.
Ela conta que viu isso acontecer na empresa em que trabalha: a catarinense Santa Luzia Molduras. Há 14 anos, Vanessa vê o isopor usado ser transformado em rodapés, acabamentos para tetos, revestimentos e modernas molduras de quadros e espelhos.
“Os consumidores acham que esses produtos são feitos de madeira. Quando contamos que é isopor reciclado eles ficam surpresos com a semelhança”, revelou.
Desde que fez essa escolha ecológica pelo material reciclado, a empresa deixou de cortar mais de 152 mil árvores. Isso corresponde a um terreno de 550 estádios de futebol arborizados que foram poupados. “Acho que outras empresas podem ser ousadas, fazer essa troca e aumentar o número de árvores vivas”, defendeu.
Para Vanessa, a demanda por produtos feitos com isopor reciclado pode crescer, pois o processo de reciclagem do material é simples e rápido. Primeiro, ele é retorcido e fica com um aspecto semelhante a uma roupa molhada. Depois, esse material é moído e transformado em granulados que possuem tamanho pouco maior que um grão de arroz. É a partir dessa granulação que o material já está pronto para uso e o fabricante pode transformar em qualquer produto que desejar.
Além de transformar em revestimentos e artigos de decoração que parecem de madeira, é possível criar com o material reciclado chinelos, vasos de flores, argamassa, telhas e enchimento para puffs e bancos.
“Atualmente, já existe um mercado que deseja comprar o isopor reciclado”, contou a especialista. Porém, o maior desafio de Vanessa é conectar as cooperativas com os compradores. Ela revela que o material ainda é desvalorizado entre os catadores. Para incentivar a coleta seletiva, a profissional percorre as cooperativas de São Paulo para treinar os cooperados e ensiná-los como fazer um fardo de isopor que seja atrativo para o comprador.
Na capital paulista, por enquanto, oito cooperativas recebem o material. “Estamos trabalhando para que esse número aumente e pretendemos fechar uma parceria com a maior usina de reciclagem de isopor de São Paulo para disponibilizar Pontos de Entregas Voluntários (PEVs) para a população”, concluiu Vanessa.
- Ecoponto Bresser
Praça Giusepe Cesari, 54, baixo do Viaduto Bresser
- Instituto Osmar de Oliveira
Rua Dona Germaine Burchard, 332, Barra Funda
- PEV Casa Verde
Rua Zanzibar, 125, Casa Verde
- PEV Vila Guilherme
Rua José Bernardo Pinto, 1480, Vila Guilherme
- PEV Vila Madalena
Rua Girassol, 15, Vila Madalena
- Supermercado Mambo Pinheiros
Rua Deputado Lacerda Franco, 53
- Supermercado Mambo Lapa
Rua Aurélia, 1973, Lapa
- Cooperativa Viva Bem
Avenida Presidente Castelo Branco, 7729, Ponte Pequena
- Ecoponto Pinheiros
Praça do Cancioneiro, 15, Pinheiros
- Instituto Recicle - Posto de Bombeiros Tatuapé
Rua Apucarana, 131
- Ecoponto Rua da Prece
Rua da Prece, 296, Vila Prudente
- Ecoponto Cachoeirinha
Rua Felix Alves Pereira, 113, Vila Nova Cachoeirinha
- PEV Freguesia do Ó
Rua Itaiquara, 237, Parque Monteiro
- Supermercado Mambo Vila Leopoldina
Rua Aliança Liberal, 322, Bela Aliança
- Walmart Supercenter Morumbi
Avenida Professor Franscisco Morato, 2585, Vila Progredior, São Paulo
- Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis Tiquatira
Rua Kampala, 200, Penha de França
- Ecoponto Vicente Rao
Avenida Professor Vicente Rao, 308, Santo Amaro
Além desses endereços, confira outros locais aqui.
Texto produzido em 04/05/2019
Saiba como a reciclagem ajuda a conter a crise climática e o aquecimento global
Evento é um espaço para experiências de negócios e fortalecimento da Reciclagem Popular
Catadora, negra e semi-analfabeta, escritora foi uma artista brasileira de espírito livre
Falta de consenso resultou em convocação de uma nova reunião para 2025