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Empresária cria fralda reutilizável para bebês

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Empresária Laís de Oliveira, criadora das fraldas ecológicas. Foto: Divulgação

O ano de 2012 foi um marco na vida da empresária Laís de Oliveira. Na época com 21 anos, ela conta que trabalhava em ritmo acelerado em uma multinacional no setor de tecnologia da informação. Fazia viagens a trabalho, tinha uma carreira promissora e ainda emendava no período noturno a faculdade de sistemas de informação. Até que uma grande notícia fez a catarinense repensar seu modo de viver: estava grávida.

Disposta a ter uma rotina mais simples e tranquila, Laís pediu demissão da companhia. Como a maioria das mães de primeira viagem, começou a estudar sobre o mundo dos bebês. No vasto conteúdo da maternidade que existe na internet, trocar as fraldas descartáveis pelas sustentáveis, aquelas que não precisam ir para o lixo e podem ser lavadas e reutilizadas, aguçou a curiosidade da jovem e a encantou. E começou a dividir o assunto com amigos.

“Você não vai conseguir. Não terá tempo de ficar lavando. Ser mãe não é fácil, não dá para se adaptar com uma fralda ecológica”, estas foram as frases que mais escutou quando anunciou que queria colocar o filho, que ainda estava na barriga, na rotina sustentável de trocas. Com o tempo e tantas novidades no universo materno, a ideia foi deixada de lado, mas não totalmente.

Em dezembro, em Florianópolis, Laís dá à luz a um menino de 3,3 quilos e 47 centímetros. É forte, saudável e recebe o nome de Davi. Cheia de expectativas, inicia sua rotina materna: dá carinho, banho, amamenta, coloca para dormir e troca as fraldas. Isso era um incômodo. Todos os dias, ver o lixo cheio delas e ter o conhecimento de que demorariam cerca de 500 anos para se decompor começou a angustiar a mãe recém-chegada.  

Lembrando-se do conteúdo sobre fraldas ecológicas que tinha pesquisado, Laís mergulha de cabeça no universo sustentável infantil e sai à procura do produto perfeito. Comprou as primeiras pela internet e adquiriu até uma da China. Depois de testar todas, decepcionou-se. Demoravam muito para chegar e durante o lento processo de entrega, o pequeno Davi continuava com as tradicionais descartáveis.

Quando os esperados produtos chegaram, não tinham a qualidade que ela desejava. Testou tantas fraldas que começou a registrar cada marca em seu canal pessoal nas redes sociais por meio de vídeos. Falou diversas vezes sobre elasticidade, tempo de absorção, como lavar e resultados. Com tanta prática, um fenômeno foi acontecendo: em apenas alguns meses depois das postagens, a mãe de primeira viagem estava sendo seguida na internet por outras pessoas. Tinha virado referência no assunto: era influenciadora de fraldas sustentáveis.

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Fraldas ecológicas para bebês. Foto: Divulgação

Com tanta repercussão, se motivou a criar a própria marca de fraldas e compartilhou a ideia com a mãe, confeccionista de mão cheia.

Em outubro de 2013, na empresa de confecção de Beatriz de Oliveira, mãe de Laís, nasce uma fralda feita de algodão, com 150 gramas e 22 centímetros. É resistente, elástica, sustentável, algumas têm estampas de bichinhos e recebe o nome de “Nós e o Davi”.

Com duas camadas de tecido (uma externa, com parte impermeável e outra que protege o nenê do molhado), elástico nas costas e nas pernas e tamanho regulável por meio de 12 botões frontais, a empresária produziu fraldas sustentáveis que podem ser usadas desde o nascimento até o momento do desfralde.

Unindo o conhecimento da família em confecção com sua expertise em tecnologia da informação, as fraldas eram costuradas, ao mesmo tempo em que a empresária criava um site intuitivo e vídeos com informações sobre o produto. A tática foi assertiva. De 70 unidades vendidas por mês, com o investimento no portal e nas redes sociais para que as pessoas conhecessem sua ideia, a empreendedora saltou para 3 mil unidades mensais comercializadas em todas as partes do Brasil.

Um dos vídeos mais acessados no site da empresa é saber como montar um enxoval para o bebê. Laís recomenda que a pessoa tenha de 20 a 24 fraldas, com pelo menos 4 modelos noturnos. Se desejar, nesse combo, o comprador pode incluir um tipo para o nenê usar na piscina ou na praia. Para fazer esse kit, o interessado terá que desembolsar aproximadamente 1.800 reais.  Cada produto custa em média 70. Se comparada com as descartáveis, durante o uso (nascimento a desfralde) gasta-se 5 mil reais com as marcas tradicionais, segundo estimativa da empresária.

De acordo com Laís, com as fraldas ecológicas, mais de 5 mil produtos descartáveis deixarão de ir para as lixeiras. Em suas pesquisas sobre o assunto, além do plástico que demora mais de 500 anos para se decompor, elas possuem um gel no interior do produto que é difícil desaparecer do planeta.

“A maioria dos nossos compradores são mães que querem ser ecologicamente corretas. Elas sabem dos impactos ambientais que uma única fralda descartável pode causar no meio ambiente”, explicou.

A empresária também revela que a outra parte de seus clientes são pais com bebês alérgicos ao plástico e, por isso, recorrem a “Nós e o Davi”, feitas de tecido que não causam danos na pele da criança.

Hoje, para ter os melhores tecidos e estampas, Laís fez uma parceria com uma indústria têxtil de Santa Catarina. A matéria-prima vai para uma fábrica localizada em uma cidade litorânea, Tijucas. Lá, ocorre a mágica: o produto é cortado, costurado e faz-se o acabamento. Depois, ele segue para o escritório da empresa em Florianópolis que o envia para todo o território nacional, de acordo com a procura no site da empresa.

Unir sustentabilidade com praticidade foi a chave do sucesso da empresa. A mãe, principalmente aquela que volta da licença maternidade e retorna ao mercado de trabalho, precisa planejar seu tempo para ser ágil e dar conta de todas as atividades do bebê, pessoais e profissionais. Ter produtos a pronta entrega para atender todos os consumidores brasileiros, assim como garantir que as fraldas podem ser lavadas na máquina com pouco sabão, deram um tom de confiança para a marca. 

Tanto na fábrica quanto no escritório, Laís dá prioridade para contratar mulheres que são mães em suas empresas. E a qualidade de vida que sempre sonhou em ter nas empresas em que trabalhou, Laís oferece às atuais colaboradoras. Elas trabalham seis horas por dia. Em 2018, a empresa faturou mais de 1,5 milhão de reais e a expectativa para 2019 é chegar aos 3 milhões.

Atualmente, com 6 anos, Davi abriu caminhos para outras crianças serem mais ecológicas. Inspirou a mãe no mundo materno a criar os produtos sustentáveis para outros bebês, inclusive para a própria irmã, Serena, de apenas dois meses. A menina já herdou as fraldas que foram dele. “Lavadas, elas podem ser reaproveitadas. Aguentam muitos anos de uso”, explicou Laís.

Serviço

Site: Nós e o Davi

Instagram e Facebook

 

Texto produzido em 08/05/2019

 


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