Fraldas da coleção Bela Gil. Foto: Ju Queiroz
09 de Maio de 2019,12h00
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A confirmação do teste de gravidez costuma vir acompanhada de uma lista enorme de necessidades para os pequenos. Produtos e mais produtos. São tantas variedades que fica difícil escolher o que é melhor para as crianças e, por que não dizer, para o planeta. Isso porque em meio a essa vasta quantidade de produtos e soluções para os recém-nascidos há um segmento que tem conquistado cada vez mais espaço: o mercado sustentável para os bebês.
Tendo em vista que uma criança consome em média 5 mil fraldas descartáveis do nascimento até o desfralde - que dura em média até os dois anos de idade – fica fácil entender o motivo pelo qual essa opção vem se tornando relevante.
Foi a partir dessa preocupação que Ana Paula Silva decidiu criar a marca “Bebês Ecológicos”. Ela e o marido, Cláudio Spínola, são engajados há muito tempo na preservação do meio ambiente. Coletam e cuidam dos próprios resíduos, compostam restos de alimentos, cultivam a própria horta e possuem uma empresa ambiental, a Morada da Floresta. Quando nasceu a primeira filha, Violeta Luz, procurar práticas sustentáveis foi algo natural. Eles utilizavam fraldas de pano antigas, aquelas presas com alfinetes.
Quando a criança se aproximou dos oito meses de idade, a mãe decidiu procurar opções de fraldas ecológicas modernas. Importou da China e do Canadá, para começar a estudar e a desenvolver o próprio modelo sustentável que desejava no Brasil. “Até hoje a questão da praticidade é algo que gera dúvidas. As fraldas sustentáveis são tão práticas quanto as tradicionais descartáveis”, garante Ana Paula.
A mãe desenhou o modelo e estruturou as medidas no corpo da filha para acertar os detalhes do produto, até que a fralda ganhasse forma e fosse lançada em 2009. Hoje é uma das marcas pioneiras no país. A loja está localizada no bairro do Butantã, zona Oeste de São Paulo, em um sobrado repleto de plantas, legumes e verduras, e com energia à base de aquecimento solar.
Em 2011, o produto tomou um novo rumo, com o lançamento de um modelo com elástico regulável, utilizando matérias-primas brasileiras, nunca antes fabricadas em fraldas tradicionais. Para a confecção, o casal utilizou um tecido que absorve os resíduos com mais facilidade, conhecido como melton. Já na parte externa do produto, eles optaram por um outro semelhante ao de confecções de sungas e biquínis, com boa elasticidade e secagem rápida. Com isso, foi possível adquirir a patente verde para a fralda concedida pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), que comprova que o produto gera um impacto positivo no meio ambiente.
O pioneirismo e confiança dos pais renderam à empresária uma parceria de sucesso. Bela Gil, culinarista, apresentadora de TV e conhecida por suas práticas sustentáveis conheceu a empresa e decidiu lançar produtos com o nome dela. “Nós fizemos uma fralda a partir das experiências que ela teve com o Nino, seu filho. É um modelo diferente”, conta Ana Paula.
Atualmente, além das fraldas, outros itens foram surgindo para compor o enxoval sustentável para os bebês como: roupinhas de algodão orgânico, bolsas de maternidade, cueiros (panos para envolver o nenê), entre outros.
“Tenho orgulho das fraldas que criei serem as pioneiras no desenvolvimento de outros produtos. São 10 anos no mercado sustentável infantil. Pelos nossos cálculos, contribuímos para que mais de 6 milhões de (fraldas) descartáveis não seguissem aos aterros sanitários, terceiro maior lixo desses locais”, comemora a empresária.
Além das fraldas, outro item de consumo exagerado que envolve o universo infantil é o dos brinquedos. Patrícia Cabral Dias, mãe da pequena Julia, de 4 anos, teve essa percepção quando se mudou de Porto Alegre para São Paulo, onde morava em uma ampla casa e teve que se adaptar a um apartamento pequeno no bairro da Vila Andrade, zona Sul da capital paulista.
A gaúcha conta que despertou para o problema quando viu a filha rodeada de brinquedos, mas sem lugar para guardá-los. Desde então, começou a observar que a falta de espaço era uma realidade não só dela, mas da maioria das mães que vivem em apartamentos pequenos. “Minha nenê tinha alguns brinquedos que ela brincava pouco ou simplesmente nem dava bola. Ficavam jogados em um canto, ocupando espaço”, conta Patrícia.
Foi então que a empresária decidiu transformar o problema em oportunidade de negócio. Pensando em trabalhar de casa para acompanhar de perto o desenvolvimento da filha e ao mesmo tempo ter dinheiro para pagar a educação da menina, ela resolveu alugar os brinquedos de Júlia. E foi assim que se deparou com um grupo de mães que desejava reduzir o consumo, mas continuar oferecendo aos filhos os melhores e mais diversificados brinquedos.
“Crianças são assim: elas exploram ao máximo um brinquedo e depois querem descobrir outro. Só que armários não têm espaço infinito e não dá para ficar comprando algo novo com frequência. Para quem vive em apartamento pequeno, isso se torna um problema maior”, conta a empreendedora. Foi assim que nasceu a Turminha do Brinquedo.
O carro-chefe do negócio são brinquedos voltados para crianças de 0 a 1 ano. As opções são variadas: de andadores a tapetes de atividades, até cadeirinhas que imitam o colo da mãe. Esse último é bastante cobiçado, já que possui caixas de sons e mantém o nenê tranquilo, além de poder ser controlado por aplicativo. Um produto como esse custa em média 2 mil reais, mas pode ser alugado por 180 reais por mês.
“Pesquisei muito para chegar aos melhores preços e percebi que alugar brinquedos pequenos não interessavam às mães. Elas gostam de brinquedos grandes e funcionais que mantenham a criança curiosa e se divertindo”, explica Patrícia.
A loja online atende às zonas zona Sul e Oeste de São Paulo. Para alugar os itens, basta que a mãe se cadastre no site e realize o pagamento. Os brinquedos são entregues diretamente na residência dos clientes. “Quando comecei, em 2014, recebia de 4 a 10 pedidos de aluguel. Hoje, devido a divulgação e indicações os pedidos estão em torno de 50”, conta.
Quando se discute questões ambientais, a indústria têxtil aparece como uma das pioneiras em grande geração de resíduos. E uma das alternativas para a diminuição do consumo desenfreado de roupas é o brechó, que permite a venda de peças usadas em bom estado de conservação, ao invés da compra de um novo item.
No que tange o universo infantil, essa opção é ainda mais importante, já que nos primeiros anos de vida as crianças perdem muitas peças, em sua grande maioria com muito pouco ou nenhum tempo de uso. O brechó de Esther Wainrober, localizado na Vila Mariana, no centro-sul da capital, vai ao encontro deste conceito tão importante para o mercado sustentável.
Cansada do mercado corporativo na área de comércio exterior, onde atuou por 22 anos, a ex-executiva decidiu abrir o próprio negócio. Foi a filha de 16 anos, que é adepta ao uso de canudos de inox e evita a qualquer custo copos de plástico, que incentivou a mãe a montar uma loja que mudasse o conceito de consumo das pessoas. “Minha filha me norteia para o caminho da sustentabilidade. Como gosto de bebês, abri um negócio para mudar o hábito de consumo das mães”, diz Esther.
O local recebe roupas de crianças que vão de zero a 8 anos. “A maioria chega em bom estado ou até novas”, conta ela. Nada no brechó de Esther deixa de ser reaproveitado. “Não podemos perder nenhuma roupa. As que chegam com um ‘defeitinho’ nós levamos para doação. É muito positivo reaproveitar, pois a indústria têxtil é uma das mais poluentes. Temos que repensar nosso consumismo”, reforça.
A loja existe há um ano e a empresária não se arrepende de ter escolhido a sustentabilidade e o consumo consciente como negócio. Confessa que tem trabalhado muito mais do que na época que esteve na multinacional, porém está satisfeita.
“O público que recebo na loja é muito doce e essa atitude de não ser consumista deixa o ambiente mais leve. Eu me sinto realizada profissionalmente e sou muito feliz por ter optado por um mercado sustentável infantil”, conclui a empreendedora.
Texto produzido em 09/05/2019
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