17 de Maio de 2019,12h00
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Os últimos dados sobre a produção do lixo não são positivos: uma estimativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) aponta que a produção de lixo no mundo irá aumentar em 70% até 2030. Já de acordo com a Fundação Ellen MacArthur, o oceano terá mais plástico do que peixes até o ano de 2050. Com a preocupação de dar luz a essas questões ambientais e ao consumismo desenfreado, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) instituiu o Dia Internacional da Reciclagem, comemorado hoje, 17 de maio. Mas o que é a reciclagem e por que ela é tão importante para o funcionamento de uma cidade?
Converter lixo em novos produtos. Essa é a premissa da atividade que busca recuperar materiais para serem transformados em novos. O processo ajuda na diminuição do desperdício de água e energia, no consumo de matérias-primas e evita a poluição do meio ambiente, além de reduzir o envio de resíduos para lixões e aterros sanitários.
Segundo o estudo A História do Lixo, do especialista em resíduos sólidos Emilio Maciel Eigenheer, as questões relacionadas ao tema são decisivas para o ordenamento urbano. "O lixo ganhou na atualidade contornos públicos inusitados, não só pela crescente quantidade produzida, mas também pelos impactos ambientais que vem trazendo e pelos custos elevados que acarreta ao contribuinte", aponta o texto.
A pesquisa explica que as civilizações antigas já dispunham de sistema de esgoto, pavimentação de ruas e regras de como descartar suas fezes e lixos produzidos na época, majoritariamente compostos por orgânicos. Na Idade Média, o estudo aponta que surgiram os primeiros serviços de coleta de lixo, realizados por particulares. No entanto, foi com a Revolução Industrial que a questão ganhou enorme proporção na medida em que foram criados novos patamares de produção.
Pensar em alternativas para descartar os materiais que são parte desse novo cenário foi o pontapé inicial para o papel que a reciclagem assumiu diante das necessidades. No entanto, vale destacar que até hoje civilizações e países possuem diferentes maneiras de lidar com o lixo.
“As formas de coleta, destino e tratamento de lixo e dejetos não se dão linearmente na história e até numa mesma época não ocorrem de igual modo”, explica o pesquisador no texto.
A primeira experiência da coleta seletiva na cidade que produz em média 20 mil toneladas de lixo diariamente data do final da década de 80, durante o governo da então prefeita Luiza Erundina, hoje deputada federal. De acordo com a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), naquela oportunidade foram criados roteiros porta-a-porta em bairros das zonas Oeste e Sul de São Paulo, além da instalação de Postos de Entrega Voluntária espalhados pela cidade. A coleta representava cerca de 500 quilos por dia de todo o lixo produzido.
Foi no início dos anos 2000 que a atividade passou a ser uma prioridade da Prefeitura e contou com a criação do Programa de Coleta Seletiva Solidária, ao lado de outras 10 secretarias de governo, e o Programa Socioambiental Cooperativa de Catadores de Material Reciclável, que queria estimular a geração de emprego e renda para essas pessoas, além de promover a educação ambiental e a defesa do meio ambiente.
Já em 2007, o Programa Socioambiental Cooperativa de Catadores de Material Reciclável alterou sua denominação para Programa Socioambiental de Coleta Seletiva de Resíduos Recicláveis, tendo seu modelo estruturado em convênios firmados entre o poder público e as cooperativas, onde o município investe na infraestrutura e a cooperativa entra com a mão de obra na prestação de serviço e na comercialização dos resíduos pós triagem.
Os modelos com tecnologia europeia, usada em países que são referência no processo de reciclagem, como a Alemanha e a França, chegaram à São Paulo em 2014 com a inauguração das duas centrais mecanizadas de triagem: a CMT Ponte Pequena, localizada na zona Oeste da capital e construída pela concessionária Loga, e a CMT Carolina Maria de Jesus, que fica na zona Sul e é gerenciada pela EcoUrbis. Cada equipamento trouxe para a capital a possibilidade de processar 250 toneladas diárias de resíduos, além de qualidade e agilidade na escala.
O funcionamento no formato de hoje foi adaptado com resoluções que datam de 2016 e 2017. Responsáveis pela atividade, as concessionárias Loga e EcoUrbis dividem a operação por regiões da cidade. O trabalho é fiscalizado pela Amlurb, órgão da Prefeitura responsável também pela coordenação e orientação da coleta de lixo.
A coleta seletiva é realizada em dias alternados por meio de caminhões compactadores com características específicas para o gerenciamento dos resíduos recicláveis. Levados para as Centrais Mecanizadas de Triagem, a separação do material é feita por meio de etapas manuais e automatizadas com segmentação de materiais por tipo. Para entender exatamente o processo do seu resíduo no munícipio, conheça O Caminho do Lixo.
Um modelo sustentável de gestão do lixo se forma em um tripé com viés ambiental, econômico e social. O primeiro, visa à destinação correta dos resíduos passíveis de reciclagem para um menor impacto no meio ambiente.
De acordo com Nelson Domingues, diretor presidente da EcoUrbis, "o segundo, não menos importante, é propiciar renda para o pessoal que vive da reciclagem, como os cooperados e os catadores". Já o terceiro, consiste na inserção social de pessoas que encontram no lixo uma oportunidade de transformar a própria vida. Conheça a história de algumas pessoas que viram no gerenciamento do lixo na maior cidade da América Latina uma reciclagem de vidas.
Para Valnei Souza Nunes, diretor presidente da Loga, a reciclagem é fundamental para a vida de todos os munícipes.
"Desenvolver a atividade em São Paulo requer que as pessoas tomem consciência da destinação correta de seus resíduos", defende.
Texto produzido em 16/05/2019
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