19 de Dezembro de 2019,20h45
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"Há 17 anos, eu era um carroceiro que percorria mais de 30 quilômetros pela região de Santo Amaro e adjacentes com minha carroça. Hoje, sinto muito orgulho de participar de um evento como esse em que o tema principal somos nós: catadores, carroceiros, cooperados e cooperadas", conta emocionado Telines Basílio Nascimento Júnior, mais conhecido como Carioca. Ele faz parte do grupo de 1.250 cooperados que estiveram reunidos na Prefeitura de São Paulo no dia 13 de dezembro para participar do evento de lançamento do Recicla+SP.
Presidente da Cooperativa de Produção e Trabalho de Coleta Seletiva da Capela do Socorro (Coopercaps), localizada na zona Sul de São Paulo, Carioca tem orgulho de contar como o ingresso em uma cooperativa, há 16 anos, mudou seu percurso de vida.
“Ela me reciclou, me acolheu e me proporcionou ser o homem que sou hoje. Fez com que me tornasse um ser humano melhor e um líder que se preocupa com sua categoria”, explica.
Além da inclusão socioprodutiva de catadores, o Recicla+SP pretende acompanhar de perto as cooperativas existentes na cidade e trocar informações para auxiliar no planejamento e desenvolvimento de sua produção. “Esperamos que as cooperativas habilitadas possam aumentar sua linha de produção e que novas cooperativas ingressem no Programa Socioambiental da Prefeitura”, disse Edson Tomaz de Lima Filho, presidente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), que fiscaliza os serviços de limpeza urbana na capital.
O Programa nasce após a conclusão do projeto Reciclar para Capacitar, que ofereceu formação e qualificação para cooperados durante o ano de 2019. Com cursos de reciclagem, gestão de cooperativas e marcenaria, o projeto certificou cerca de 2.400 alunos.
Parte do Programa de Metas da Prefeitura, o Recicla+SP contará com a criação de um Centro de Apoio as Cooperativas (CAC), com colaboradores treinados pela Fundação Instituto Administração (FIA) para auxiliar os cooperados em áreas como: saúde, segurança do trabalho, manutenção e operação, administrativo, financeiro, jurídico, entre outros. “A criação do CAC é importantíssima para que mais pessoas tenham acesso a esse trabalho que é de grande valia para a questão ambiental de São Paulo”, reforçou o vereador Reginaldo Tripoli (PV) durante o evento.
Localizado no Cambuci, o espaço será compartilhado com a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico e Trabalho, que apoia integralmente o Recicla+SP. "O CAC é uma política pública exemplar e o cooperativismo é uma visão estratégica de tipo de trabalho do futuro. Precisamos expandir o cooperativismo para outros setores, além de apoiá-los", disse Aline Cardoso, secretária do SMDET.
Para Berenice Giannella, secretária municipal de assistência e desenvolvimento social, o projeto serve como uma alternativa ao emprego formal ao capacitar cooperados e ampliar a produção de cooperativas.
"A gente vem caminhando para a informalidade e para outras formas de trabalho e o cooperativismo e o empreendorismo servem como outras formas de trabalho".
Durante o evento, também foi anunciada a terceira distribuição de recursos do programa Socioambiental de coleta seletiva, no valor de 2,3 milhões de reais. O recurso é proveniente da comercialização dos resíduos recicláveis das duas Centrais Mecanizadas de Triagem da capital, a Carolina Maria de Jesus e a Ponte Pequena.
“Começamos essa distribuição em 2017 e a cada mês trabalhado o cooperado recebia 100 reais. Já em 2018, o cooperado recebeu de bônus 150 reais e, neste ano, vai receber 250 por mês. Isso é muito significativo", explicou Edson.
Para a cooperada da Coopercaps, Margarida Maria do Nascimento, esse recurso é uma conquista para toda família. "Tenho dois filhos que foram criados com o dinheiro da reciclagem e um, inclusive, está se formando esta semana em jornalismo. Meu marido só se formou por causa desse dinheiro”, disse. “É uma vitória!”.
Texto produzido em 17/12/2019
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