Gôndola de supermercado. Foto: Fancycrave/Unsplash
02 de Abril de 2019,11h50
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Quando a sustentabilidade fala mais alto do que a concorrência entre os varejistas e os une na mesma causa é sinal de que o meio ambiente é capaz de quebrar velhos paradigmas.
Foi ultrapassando barreiras que os supermercados Carrefour, Rede Hortifrutti, Quitanda e TriCiclos (companhia que auxilia empresas a encontrar soluções sustentáveis) falaram sobre como ser uma loja “lixo zero”.
O conceito “lixo zero” é aquele que aproveita ao máximo os produtos, encaminha corretamente os resíduos orgânicos (restos de comida, vegetais, folhas e outros) para virar adubo e direciona os sólidos para o processo de reciclagem. O objetivo é reduzir ao extremo a ida desses materiais aos aterros sanitários. É um longo caminho para se trilhar no Brasil, mas é o que está fazendo a rede de supermercados Carrefour.
Marie Terrisse e Antoine Badur, que são da equipe de sustentabilidade, contaram que o desafio é grande. A rede tenta ao máximo não desperdiçar alimentos. Para isso, o grupo tem algumas ações como vender com 50% de desconto alimentos que estão próximos da data de vencimento.
Possui também o programa Sans Form, do Atacadão, que faz parte da rede Carrefour desde 2007. Uma vez por semana, o estabelecimento oferece grandes descontos para produtos que são considerados “feios” na aparência e não foram selecionados para ficar nas gôndolas. “Temos o desafio de reduzir em 50% o desperdício alimentar até 2025”, explica Marrie.
Internamente, conscientizar os funcionários dentro das lojas também foi necessário para dar mais legitimidade à ação. O Carrefour conta com mais de 80 mil funcionários em todo o Brasil e utilizar a tecnologia para informar sobre menos geração de lixo foi a solução.
A ideia foi criar um aplicativo interativo em que os funcionários respondem um quiz sobre reciclagem e quem acertar todas as perguntas poderá ganhar uma bicicleta. “De maneira lúdica, podemos passar o nosso recado e impactar de uma forma mais fácil, trazendo o colaborador para o lado da sustentabilidade”, contou Antoine Badur.
“Traga de volta” é o que está escrito nas embalagens dos produtos de marca própria do mercado Quitanda, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. A ideia é que os consumidores coloquem a mercadoria no ecoponto instalado no estabelecimento.
“Queremos engajar nossos clientes em prol do meio ambiente”, conta Beatriz Costa, gerente de eventos e sustentabilidade.
O emprenho de Beatriz também foi para fora do supermercado, com a participação em uma festa de rua de food truck no bairro de Pinheiros. No caminhão de comida do Quitanda, duas embalagens de plástico eram trocadas por uma fruta fresca.
A gerente constatou que a fila da troca estava maior do que a de comida vista em outros caminhões. “O mais surpreendente é que a nossa fila tinha muita criança. Eu acho que a conscientização começa desde pequeno. Assim, crescemos e nos tornamos consumidores conscientes”, falou.
Se os clientes tivessem a informação de que apalpar as frutas leva ao desperdício, eles teriam mais cuidado. Esse é o desafio da rede Hortifrutti: aplicar ações que evitem a perda dos alimentos, desde a saída da fazenda do produtor até a chegada nas gôndolas. “Treinamos nossos colaboradores para que eles ajudem o cliente a escolher os produtos, sem precisar que os consumidores os apalpem”, disse a diretora de marketing da rede, Fabiana Castro.
Outra ação para combater o desperdício é levar o cliente a experimentar novos vegetais. Tem gente que nunca comeu acelga, por exemplo, e não compra por desconhecimento. “A acelga, particularmente, é um vegetal muito popular em outros países, no Brasil nem tanto. Então, cortamos em tirinhas, fizemos algumas receitas e demos para os consumidores experimentarem”, contou a diretora. Segundo ela, a estratégia deu certo. As vendas aumentaram e o desperdício da hortaliça por falta de interesse caiu.
No caso das hortaliças e frutas, precisa mesmo embalar em plástico? Desafiou a CEO, Daniela Lerario, da Triciclo, companhia que ajuda empresas a encontrar soluções sustentáveis, para as varejistas. “Apesar de trazer a reflexão, quero dizer que o plástico não é ruim. O que não é bom é a forma como o usamos, em excesso, e como o descartamos”, avaliou.
Em uma exposição criativa, Dani levou a plateia a refletir: mais de cinco trilhões de sacolas plásticas são distribuídas todos os anos no mundo.
“Assim como um milhão de garrafas plásticas são compradas por minuto. Acredito que dá para resolver isso com uma mudança de atitude, optando por uma garrafa de vidro definitiva”, pontuou.
A necessidade de uma mudança de atitude permeou o discurso de todos os participantes. As empresas afirmaram terem a consciência de que, apesar da urgência, a mudança de hábito requer paciência e que uma operação “Lixo Zero” é precedida de um longo caminho rumo a um futuro mais sustentável. O evento demonstra, porém, que os primeiros passos já estão sendo dados.
Texto produzido em 21/11/2018
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