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Prefira o canudo infinitamente reciclável

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O termômetro registra 40 graus e a sede aumenta na proporção da temperatura da areia da praia. A recompensa vem em formato oval, envolta em uma casca verde, gelada, cheia de água de coco e com um enorme canudo de plástico espetado. A cena, corriqueira, faz despertar um alerta urgente para a necessidade de uma mudança imediata de hábito de consumo.

O canudo de plástico, cuja vida útil é estimada em quatro minutos, demora mais de quatro séculos para se decompor no meio ambiente e seu uso precisa ser repensado. Isso porque sua produção está baseada essencialmente em dois tipos de plásticos, o polipropileno e o poliestireno, materiais considerados os vilões da vida marinha.

A discussão envolvendo o uso de canudos plásticos ganhou força, principalmente por conta de seu uso diário e em grande quantidade. Para se ter uma ideia, apenas nos Estados Unidos, estima-se que 500 milhões de canudos são descartados diariamente. Isso representa  175 bilhões de unidades do microplástico sendo despejadas, todos os anos, em aterros sanitários e oceanos, de acordo com dados da instituição The Last Plastic Straw.

Para a ONG Ocean Conservancy, a presença de plástico no oceano é um fenômeno gerado fundamentalmente pelas pessoas, o que significa dizer que, na prática, elas são responsáveis pelo problema. O tema ganhou a atenção das autoridades e 26 cidades e estados brasileiros, como Rio de Janeiro e Santos, passaram a banir a venda e a utilização do item. Em outra ponta, estabelecimentos começaram a anunciar mudanças em seus serviços e pequenos e médios empreendedores passaram a investir em diferentes tipos de soluções para a substituição do objeto. “O canudo é apenas o início desta discussão que chegou para mostrar o tamanho do problema”, destaca Fernanda Silva, idealizadora da H.ecoou.

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Foto: Atelier de Imagem

A vida é o eco das suas atitudes

Inspirada pela frase “a vida é o eco das suas atitudes”, Fernanda se uniu a mais três empreendedores em busca de mudar essa realidade. A ideia nasceu em 2018, quando em uma conversa despretensiosa sobre sua preocupação com o meio ambiente com o marido Rogerio e o casal de amigos, Carolina e Rodrigo Solera, agora sócios, surgiu o desejo de criar um produto que pudesse ser uma alternativa ao convencional canudo. “A forma como você age inspira as pessoas ao seu redor e acaba criando pontes e oportunidades para quem entende a necessidade de fazer diferente, mas muitas vezes não sabe como. Então, a decisão foi essa: não vamos vender simplesmente um canudo de vidro, mas um propósito”, explica a empreendedora.

Vice-presidente da ONG Sopro de Amor, organização sem fins lucrativos que atende crianças e instituições carentes, Fernanda está diretamente envolvida em causas sociais e dedica seu tempo em busca de alternativas para transformar seu entorno. “Essa bagagem me ajudou a entender que precisávamos criar um produto com responsabilidade e que ecoasse coisas boas, foi daí que veio o nome da marca”, conta.

A implantação do projeto foi mais fácil a partir da fábrica de vidros que um dos sócios já administrava no bairro do Belenzinho, zona Leste de São Paulo. Apesar da produção em larga escala do vidro, para a criação do canudo foi necessária a implementação de um trabalho totalmente manual que arredonda as pontas dos objetos, fazendo com que o canudo não fique cortante e mantenha a espessura correta.

Oferecido em três medidas, a empresa conseguiu criar um cardápio de opções para atender a todos os gostos: o Vai com tudo, de 22 cm, é ideal para bebidas como milkshake e refrigerante em latas; o Na medida, do tamanho comum de um canudo de plástico de 18 cm, funciona bem para copos médios e para o dia a dia; já o Meu xodó, de 14 cm, cai bem para aqueles que adoram tomar um bom drink ou carregar a ideia para qualquer canto.

Segundo a criadora, sua espessura foi estudada para garantir uma maior durabilidade e a própria segurança dos usuários. Mesmo assim, para assegurar a tranquilidade de quem anda com o item pra lá e pra cá, a H.ecoou investiu em um Kit, que conta com uma capa de tecido e uma escova para higienização. “Estudamos bastante e pensamos em um material reutilizável para a capa. Foi assim que surgiu a ideia de aproveitarmos as sobras de tecido, materiais com alto potencial de reciclagem, mas que geralmente são descartados”, conta.

Os tecidos são todos reaproveitados de lojistas do bairro do Brás, na região central da cidade, que doam os retalhos para produção do Kit. Com a ideia de estimular a produção local, as capas são produzidas por costureiros e pequenos artesãos que trabalham em casa. O objetivo é mesmo o de oferecer um produto acessível, sustentável e que tenha conexão com o público final. Frases divertidas e de efeito como Eu compartilho, quer um gole?, Tome consciência e #chupaqueédevidro são algumas das opções que o cliente pode encontrar gravadas no canudo. Com um público majoritariamente jovem e feminino, as frases servem como uma forma de aproximar pessoas em princípio desconectadas com o assunto à sustentabilidade.

Com menos de um ano, os idealizadores da marca já verificam uma conquista que extrapola totalmente a venda dos canudos: a conscientização dos consumidores, que começam com a substituição do item e acabam por repensar diversos hábitos.

“Mais do que um produto, o canudo é a materialização da necessidade de uma mudança de postura com relação às práticas atuais e à maneira que lidamos com o nosso próprio resíduo. Entender que essa é uma responsabilidade individual e que envolve a todos é o início de uma mudança urgente”, pondera Fernanda.

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Canudos de vidro H.ecoou. Foto: Atelier de Imagem

Por que o vidro?

Líquido flamejante que revolucionou o mundo, o vidro pode ser reciclado infinitamente. Isso porque a substância não se perde no processo de reciclagem e sua qualidade também permanece a mesma, diferente de alguns outros resíduos, como o próprio plástico.  

Material impermeável e inerte, o vidro pode ser lavado em água fervente oferecendo higienização completa e evitando contaminação.

“É termo resistente e de fácil esterilização, pode ser lavado de diversas maneiras. E, além do mais, é bastante charmoso tomar um drink colorido no canudo de vidro, né? Eu só vejo ganhos”, defende Claudia Zampelli, Gerente de Desenvolvimento Técnico de Mercado na Abividro.

Onde encontrar

A H.ecoou já conquistou diversos parceiros. Além de vender o produto pelo site, a marca priorizou atender aliados que se preocupam em levar a conscientização e a educação ambiental, como exemplo a Shake Shake Milkshakes. Localizada em Cotia, região metropolitana de São Paulo, a loja oferece o copo reutilizável e a venda do canudo para degustação.

Ainda no estado de São Paulo, o canudo também pode ser encontrado no restaurante orgânico e vegano Apfel, em unidades da rede de produtos naturais Mundo Verde e no café do Espaço Padme, em Valinhos. Já a Mania d casa é uma boa opção para quem mora em Fortaleza, pois a loja faz a venda do produto físico em pronta entrega.

Cidades e estados brasileiros que já baniram o produto

Distrito Federal - canudo de plástico proibido desde fevereiro de 2019.

Espirito Santo -  a lei proíbe a utilização e comercialização do canudos plástico em todo o estado.

Rondonópolis - o material já está proibido na cidade desde outubro de 2018.

Cataguases - na cidade mineira, o canudo está proibido desde setembro de 2018.

Montes Claros - a proibição entrou em vigor em outubro de 2018.

Cabedelo - na cidade paraibana, os comerciantes tiveram até o final de 2018 para se adaptarem a lei que proibiu o produto em estabelecimentos.

Conde - os comerciantes têm até o final de fevereiro de 2019 para retirarem o material de seus comércios. O canudo já está proibido na cidade desde agosto de 2018.

Fernando de Noronha - está proibida em toda a ilha o uso e a venda de qualquer plástico descartável.

Arraial do Cabo - a lei que proíbe o produto está em vigor desde junho de 2018.

Campos de Goytacazes - a comercialização e o uso dos canudos foram proibidos desde outubro de 2018.

Rio de Janeiro - pioneira na decisão, quem descumprir a lei pode levar multa de até R$6 mil reais.

Rio Grande do Norte - o produto está proibido em todo estado.

Imbé - proibição sancionada desde novembro de 2018.

Pelotas - o canudo está proibido na cidade desde novembro de 2018.

Santa Maria - a lei está em vigor desde setembro de 2018.

Ilha de Porto Belo - a cidade catarinense foi uma das primeiras a proibir o canudo.

Imbituba - o produto está proibido desde setembro de 2018.

São Francisco do Sul - a lei entrou em vigor desde o começo de outubro de 2018.

Caraguatatuba - o produto está proibido na cidade desde o final de outubro de 2018.

Ilhabela - o canudo foi proibido no começo de setembro de 2018.

Mairiporã - a cidade sancionou uma lei que obriga os comerciantes a oferecer apenas canudos de papel biodegradável ou de material reciclável.

Mirante do Paranapanema - produto proibido desde julho de 2018.

Presidente Prudente - o canudo de plástico já está proibido na cidade.

Santos - desde agosto de 2018, a cidade proibiu o produto.

São Sebastião - desde novembro de 2018, foi proibida a comercialização do produto.

São Vicente - o canudo de plástico está proibido na cidade desde setembro de 2018.

 

Texto produzido em 05/04/2019


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