28 de Abril de 2020,11h00
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Comprar o produto pela embalagem está no hábito do consumidor brasileiro. Essa é uma das constatações do estudo global Packaging Matters, que aponta que 51% dos consumidores nacionais compram um novo produto porque a embalagem chama a atenção. No entanto, o atrativo de produtos como esse é extremamente prejudicial ao meio ambiente, já que 20% de todo o lixo produzido no Brasil é composto por embalagens plásticas, de acordo com dados da Unesp.
O cenário abriu oportunidade para um novo nicho de mercado: o das embalagens biodegradáveis, que possuem como principal função transformar lixo em vida. Quando descartadas, seu material compostado dá origem a um líquido orgânico que serve de adubo para plantas, hortas e jardins. Parece uma ótima alternativa para reduzir a produção de embalagens de uso único e, consequentemente, os impactos no meio ambiente. No entanto, o que a bióloga Miriam Santos de Moraes aponta é que a maneira como você descarta o seu material é o que realmente importa.
“O simples fato de ser biodegradável não deve ser visto como uma maneira para lidar com o problema do excesso do lixo”, defende a profissional.
Enquanto um copinho biodegradável pode ser degradado dentro de algumas semanas quando descartado adequadamente, o mesmo pode levar décadas para se decompor no oceano ou nos aterros sanitários. “As taxas de decomposição desses itens em aterros são muito lentas devido à ausência de luz solar, umidade e exposição ao ar”, explica.
Um objeto biodegradável é aquele que necessita apenas de compostos inofensivos, como água, CO2 e microrganismos naturais para se decompor de maneira rápida e segura.
“Para um produto ser considerável biodegradável, deve ser decomposto completamente e retornar para a natureza em um período de tempo razoavelmente curto”, explica Miriam.
Portanto, a reciclagem de produtos biodegradáveis depende principalmente de um fator: o local de descarte. O que a bióloga ressalta é que, como esse processo é desafiador e exigente, muitas dessas embalagens acabam em aterros sanitários, fazendo com que, mesmo produzidas com boa intenção, não sejam de fato sustentáveis. Já que em locais como esse, não possuem o ambiente necessário para sua decomposição na natureza, recebendo tratamento de resíduos sólidos comuns.
Conter, proteger e viabilizar o transporte dos produtos estão entre as funções básicas de uma embalagem, além de informar o consumidor e comunicar-se com ele. Criadas com o objetivo de acondicionar um produto fisicamente, as embalagens não são necessariamente as vilãs da sustentabilidade. O problema está no processo de fabricação, uso e destinação desse material.
Segundo Luciana Pellegrino, diretora da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), elas são as responsáveis por garantir à sociedade produtos apropriados para o consumo. "Tem material que não pode ter contato com a luz, ou com o oxigênio, tem produtos que liberam químicas, a embalagem olha para isso", explica.
Alvo de grandes críticas por estarem em excesso em lixões, aterros sanitários, rios e mares, as embalagens precisam de uma atenção por parte dos produtores sobre sua utilidade, e por parte dos consumidores, sobre o seu descarte. "A questão não é o material em si, mas o que vai ser feito com ele para que feche seu ciclo de vida", diz.
De acordo com a ABRE, a indústria hoje vem se adaptando a esse processo, buscando produzir embalagens de vida útil com mais capacidade para serem recicladas e dispensar aquelas ineficientes, que servem apenas o comodismo.
"Uma preocupação é como trabalhar com embalagens que tenham valor na cadeia de consumo", conta Luciana.
Para ela, não adianta trocar o material inerte pelo biodegradável sem o conhecimento da destinação ideal para cada um dos produtos. “Uma cadeia, para ser sustentável, precisa ter começo, meio e fim, mas principalmente um olhar para o fim”, defende.
Desde que as embalagens biodegradáveis sejam descartadas de maneira adequada, não há nada de errado em optar por consumi-las. Pelo contrário, seu uso contribui para a reciclabilidade, reduzindo o número de insumos enviados para lixões e aterros sanitários, e também a quantidade de matéria-prima que é extraída da natureza, visto que sua produção exige menor consumo de energia durante a fabricação.
No entanto, é importante que você fique atento a alguns detalhes:
Já para as embalagens comuns, o ideal é o processo de separação do seu lixo em dois para que elas sejam coletadas da maneira correta e retornem à indústria. Caso você ainda não pratique a reciclagem, aí estão algumas dicas para entrar de vez no processo:
Texto produzido em 22/01/2020
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