26 de Maio de 2020,12h00
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Qual é a melhor forma para lidar com os resíduos? Essa é a grande questão que o Encontro Lixo Zero costuma levantar todos os anos, desde sua primeira edição em 2016, em diferentes cidades do Brasil. O evento, que desta vez acontece de forma online em virtude da pandemia do coronavírus, teve sua abertura ontem em uma roda de conversa com importantes nomes da gestão de resíduos na capital paulista.
Cerca de 280 pessoas ficaram conectadas para assistir ao debate “Um mundo sem lixo é possível!”, que contou com a participação de Edson Tomaz de Lima Filho, presidente da Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), e dos vereadores Gilberto Natalini (Partido Verde), Soninha Francine (Cidadania) e Eliseu Gabriel (PSB). A conversa foi conduzida pelas criadoras da Casa Causa e organizadoras do evento, Flavia Cunha (também embaixadora do Instituto Lixo Zero Brasil) e Luciana Annunziata e pela jornalista da TV Cultura, Adriana Couto.
“Encontro muitas pessoas que me questionam se é possível ser lixo zero e, de tanto receber essas questões, organizamos esse assunto para saber se é viável viver em um mundo sem lixo”, disse Flavia Cunha.
Abrindo o evento, Edson Tomaz chamou a atenção ao falar sobre a importância da reciclagem, principalmente sobre a gestão de resíduos na cidade de São Paulo durante a pandemia. “Quando começou o isolamento social, ainda não se falava sobre a questão do lixo, ficou no limbo, mas nós, junto com a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), fizemos um plano de contingência de gestão de resíduos sólidos para nos anteciparmos à crise”.
O plano foi dividido em três etapas: preventivas, administrativas e operacionais. As ações serão aplicadas conforme as mudanças do cenário diante da pandemia. Esses direcionamentos têm o objetivo de garantir a proteção da saúde pública, dos colaboradores e prevenir a disseminação do vírus.
Além disso, Edson trouxe números que classificou como curiosos para o debate, informando que durante o isolamento social houve um aumento de 25% na coleta seletiva durante o mês de abril (comparado com o mesmo período no ao passado). Além disso, o presidente da Amlurb apontou queda de aproximadamente 55% nos dados de varrição, em decorrência do menor volume de resíduos nas ruas.
O profissional lembrou que estes são números preliminares e podem estar ligado à maior adesão da população à reciclagem, além dos trabalhos de educação ambiental como o Recicla Sampa.
“Nós temos um site com bastante conteúdo sobre reciclagem que mostra como fazer a coleta seletiva em casa. Na plataforma, também é possível saber o dia e o horário que o caminhão da coleta seletiva passa em frente à sua casa”, disse.
Durante o debate, a vereadora Soninha Francine expôs o que acredita ser o maior desafio: fazer com que as informações sobre coleta seletiva e descarte cheguem ao maior número de pessoas. “Reciclagem é um assunto dinâmico, pois sempre está surgindo novas embalagens que não sabemos se é reciclável ou não, é preciso de muita informação e sensibilização para poder virar aquela chave na pessoa e despertar a conscientização”, destacou.
Soninha também lembrou sobre a necessidade da reciclagem do vidro, uma das bandeiras que levanta em seu mandato. Segundo ela, o material tem pouca taxa de reciclabilidade na capital e, por isso, surgiu a ideia de criar um grupo de trabalho para melhorar essa questão.
Na conversa sobre como cada autoridade pública pode ajudar a contribuir para um ambiente sem lixo, o vereador Eliseu Gabriel lembrou que é autor de uma lei que obriga a instalação de bituqueiras em frente a restaurantes, bares, lanchonetes e afins, bem como estabelecimentos de ensino superior. “Muita gente não tem conhecimento, mas isso é lei desde 2018”, contou.
O vereador Gilberto Natalini também é autor de uma lei que obriga a Prefeitura a utilizar água de reuso para lavagem de feiras, parques e ruas, por exemplo. O parlamentar disse ainda que vive uma vida quase sem lixo. “Mesmo no isolamento social, minha quantidade de materiais não aumentou. Eu reutilizo tudo o que posso, transformo meus resíduos orgânicos, como resto de frutas, verduras e legumes, em adubo por meio da compostagem. Quando coloco o lixo em frente de casa para o caminhão da coleta seletiva recolher, levo um saco muito leve”.
A mediadora Flávia Cunha reiterou que “lixo zero” é uma meta a ser atingida. “Deve ir para o aterro apenas aquilo que não é passível de reciclagem e nada mais”.
O evento é organizado pelo Instituto Lixo Zero e pela Casa Causa e conta com o apoio da ABRAPS (Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável). Para ter acesso à programação completa, basta acessar o site da Casa Causa e fazer sua inscrição gratuita. Os participantes receberão um link de acesso para as atividades. A cada dia, haverá painéis de cerca de 1h30, além de rodas de conversa com duração de aproximadamente 1 hora, onde será possível a maior interação entre os inscritos sobre os assuntos escolhidos.
Texto produzido em 26/05/2020
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