05 de Agosto de 2020,13h00
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Presente no nosso dia a dia, de diversas marcas e variedades, os aerossóis, seja de perfumaria, tintas para cabelo e até mesmo inseticidas, colocam o Brasil como um dos países que mais consomem o material no mundo, de acordo com a Euromonitor, maior empresa de pesquisas econômicas internacionais.
O alto consumo é vantajoso para a economia do segmento e do país, mas essas cifras acabam sendo convertidas em resíduos poluentes. As embalagens de aerossol, assim como pesticidas, lâmpadas fluorescentes, tintas e restos de produtos de limpeza, precisam de uma atenção especial na hora do descarte.
Os produtos contam com restos de gases tóxicos e inflamáveis que, se destinados incorretamente, podem provocar explosões (caso esteja em contato constante com o sol), além de prejudicar o meio ambiente e a saúde das pessoas que manipulem as embalagens de maneira inadequada.
Para aproveitar o alumínio das embalagens, alguns catadores acabam furando o produto com agulha por conta própria para retirar os gases e vender o metal. A ação é comum entre aqueles que preferem trabalhar sozinhos e não são vinculados a cooperativas.
A prática é totalmente prejudicial à saúde. A pressão interna do aerossol, mesmo que a lata esteja vazia, ainda é muito grande e, ao ser perfurada, acaba explodindo ou causando intoxicações.
As empresas fabricantes desse tipo de material, assim como indústrias que utilizam muito aerossol em sua operação, como as automotivas que usam spray de óleo e tintas na fabricação e manutenção de veículos, devem fazer a logística reversa desses produtos. O processo garante a reciclagem dos materiais e seu retorno à cadeia como matéria-prima. É o que determina a Lei Federal nº 12.305, da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Por esse motivo, alguns dos grandes geradores de aerossóis preferem contratar empresas especializadas na reciclagem desses produtos para garantir que tenham um destino final correto. Uma dessas companhias, responsáveis por tratar esses resíduos, é a Silcon Ambiental, que atua há 20 anos no ramo. O processo de reciclagem, realizado na cidade de Paulínia, interior de São Paulo, acontece de forma segura e autorizada pelos órgãos ambientais.
A reciclagem do aerossol recebe o nome de despressurização, termo que significa tirar a pressão do local. E é isso mesmo que acontece nos equipamentos preparados para perfurar a embalagem. No sistema da Silcon, a lata vazia entra num sistema fechado e vedado, uma espécie de cano. Em seu interior há uma agulha que fura a lata na parte em que será despressurizada.
No mesmo instante, todo gás expelido da embalagem é enviado por meio de tubos a um tanque de armazenamento.
“Um aerosol é composto aproximadamente de 30% de gases que poderiam ser reaproveitados”, explica Gian Esposito, gerente comercial da Silcon Ambiental.
A companhia revende o gás para concessionárias do composto que o reutilizam comercialmente. A empresa garante que é a única no país que faz a reciclagem desses compostos.
Outra substância reaproveitada no processo são os líquidos que sobram no interior das embalagens. Após a perfuração, eles são armazenados em outro tanque e revendidos para empresas de destilação. “Dependendo do tipo de líquido, ele pode até servir como composto para combustível”, explica Esposito. Líquidos que por lei não podem ser reaproveitados, como restos de inseticidas, são incinerados pela Silcon.
Depois de retirar os gases e líquidos, o alumínio da embalagem vai para um triturador onde é modelado em fardos para que sejam revendidos a empresas. Outro componente que é reaproveitado e comercializado são os plásticos das tampas dos produtos.
“Já propusemos a empresas fabricantes parcerias a criação de Postos de Entrega Voluntária para facilitar o encaminhamento, tratamento do produto e garantir a logística reversa”, finaliza Esposito.
No Brasil, a primeira empresa que fez a logística reversa de produtos de limpeza e inseticidas aerossóis foi a SC Johnson. Detentoras de marcas como Glade, Mr. Músculo, Baygon, Off e Raid a multinacional americana se aliou ao Instituto GEA, uma organização civil de ética e meio ambiente, e com o a ProLab Ambiental, empresa que também faz o processo de tratamento de resíduos desse tipo, para implantar um sistema de reciclagem que funciona até hoje.
Para executar a ação, os catadores de materiais recicláveis – cadastrados em cooperativas selecionadas pelo Instituto GEA - separam esse material n a triagem do lixo reciclável, contemplando até marcas que não sejam da SC Johnson. Os produtos vazios são enviados para a ProLab para que sejam tratados com segurança e comercializados por empresas que compram os insumos.
Essa operação possibilita que a companhia de inseticida e materiais para limpeza possa enviar para a reciclagem o mesmo montante de aerossóis que produziu, garantindo a logística reversa da categoria.
A ação não ficou restrita apenas à capital paulista, os pontos de coleta se expandiram para a Baixada Santista, Guarulhos, Campinas e algumas cidades do interior de São Paulo.
O Brasil é um dos países com maior índice de utilização de desodorantes e antitranspirantes do mundo, de acordo com a ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos). As projeções para 2020 é que cada habitante consuma até sete embalagens por ano e a estimativa é de que o mercado brasileiro comercialize mais de 1,4 bilhão de aerossóis anualmente, de acordo com a ABAS (Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes).
Especialistas afirmam que, do total de latas aerossóis, apenas 1% é enviada para reciclagem no Brasil. O percentual é ínfimo se comparado a outros países, como os Estados Unidos que reciclam 75% desses produtos.
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