Recicla Sampa - Consumo consciente - Menos é mais
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Consumo consciente - Menos é mais

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O primeiro passo para um consumo consciente está em praticar algumas perguntas diárias que podem ajudar na hora da compra: necessito realmente desse produto? Ele é durável e de boa qualidade? Vou poder reutilizá-lo ou reciclá-lo? Posso compartilhar com outras pessoas? Esse produto é menos prejudicial ao meio ambiente que o similar?

Estas questões são algumas das sugestões que o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) apresenta em seu guia de Proteção e Sustentabilidade. Disponível no site da instituição, o manual trata de vários assuntos, inclusive sobre resíduos e ensina o consumidor a ter escolhas mais "confiáveis, saudáveis e ecológicas" no seu dia a dia.

As escolhas são fundamentais para diminuir o impacto dos nossos hábitos no meio ambiente. Isso porque, quanto maior o consumo maior a geração de lixo. Na medida em que as pessoas adquirem mais mercadorias, mais recursos naturais são consumidos e, consequentemente, mais resíduos são gerados. Portanto, atividades simples como a compra de algum produto no supermercado ou uma ida ao restaurante ou ao shopping deixam pegadas no meio ambiente.

“Um dos impactos mais negativos está essencialmente no consumismo. Ser sustentável é consumir apenas aquilo que é realmente necessário”, afirma a jornalista Sandrine Lage.

Especialista em sustentabilidade, ela defende que o mais importante é a redução do resíduo, ou seja, evitar sua produção. E quando acontecer, preferir produtos nacionais, orgânicos e que estão na época.

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Compras em excesso. Foto: Recicla Sampa

Repense

Para além de ganhos ao meio ambiente, uma mudança de postura com escolhas e atitudes individuais sustentáveis serve de inspiração para outras pessoas pensarem e agirem de forma diferente. O efeito cascata também impacta na produção de novos itens, pressionando indústrias e serviços a repensarem os modelos adotados.

“É preciso repensar. Há dados que mostram que 4 milhões de embalagens são usadas apenas uma única vez e logo são descartadas. Aquelas que não vão parar na coleta seletiva, não têm valor de mercado e são direcionadas para um aterro sanitário. É fundamental que comecemos a repensar se aquela compra é realmente necessária”, explica Julia Luchesi, gerente da Triciclos, empresa ambiental.

A especialista também sugere que consumidores não olhem apenas os preços mais baratos para definir a compra. Agora é preciso avaliar a quantidade de embalagens usadas na produção de uma única mercadoria. Por exemplo, em vez de adquirir um creme dental embalado em uma caixa de papelão (totalizando duas embalagens), prefira a marca que optou em não embalar no item de papel.

“Com muitas embalagens, geramos resíduos que são colocados em um saco preto em frente a porta de casa e imaginamos que ele simplesmente desaparece. Com isso, criamos um certo distanciamento sobre o que produzimos. O grande problema é que isso cria uma desconexão da nossa relação com o meio ambiente”, explica.

A solução dada pela profissional é migrar para um tipo de consumo que seja mais duradouro e não àquele em que a pessoa consome e depois de cinco minutos já se desfaz do resíduo.

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Especialista sugere avaliar a quantidade de embalagens usadas na produção de uma única mercadoria. Foto: maramorosz/ shutterstock.com

Além disso, estabelecimentos comerciais e poder público também passam a se sentir mais responsáveis pela busca de uma forma mais eficiente de gestão, com a criação de determinações e leis, por exemplo. Para a psicóloga Solange Lúcia da Silva, uma mudança de hábito exige treino. "Precisamos de comportamentos novos, pessoas conscientizadas, para que a gente possa ter um retorno positivo no meio ambiente”.

Para Denise Conselheiro, gerente de educação do Instituto Akatu, importante entidade com ações e pesquisas ambientais, um mundo sustentável só será possível quando houver equilíbrio entre três pilares. "A demanda social, a questão econômica e o meio ambiente precisam se complementar. Um planeta que visa a sustentabilidade é aquele que preza o cuidado com você mesmo, com o outro e com o local em que você vive".

A profissional sugere fazer para si mesmo seis perguntas antes de adquirir um produto: "por que comprar? como comprar? o que comprar? de quem comprar? como usar? como descartar?"

Essas questões levam a reflexões que são bastante intensas sobre a origem dos produtos, a motivação da compra, a função de cada uma dessas mercadorias e na melhor forma de descartar o que utilizou. "Eu não falo para deixar de consumir. O ser humano tem a necessidade disso, isso faz parte do seu dia a dia. Porém, um consumo mais consciente faz diferença".    

No caso de hortaliças, precisa mesmo embalar em plástico?  Diante de varejistas em um evento ambiental, Daniela Lerario, CEO da Triciclos, trouxe essa questão. A executiva defende que o consumo do plástico, por exemplo, não é ruim. O que não é bom é a forma como o usamos, em excesso, e como ele é descartado.

“Mais de cinco trilhões de sacolas plásticas são distribuídas todos os anos no mundo. Assim como um milhão de garrafas plásticas são compradas por minuto. Acredito que dá para resolver isso com uma mudança de atitude, optando por uma garrafa de vidro definitiva”, pontuou.

Em outros países, por exemplo, o jornalista ambiental André Trigueiro conta que já repensaram o consumo de alguns produtos. A segunda cidade mais importante da Alemanha, Hamburgo, baniu das repartições públicas o café expresso que vem em cápsulas. “Porque é um gênero de resíduos que virou um problema para eles e levou a uma decisão: com dinheiro público, não. Não quero esse problema para mim”.

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Carrinho de compras. Foto: Recicla Sampa

O brasileiro está no caminho da sustentabilidade

Segundo o Panorama do consumo consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações, o brasileiro prefere o caminho da sustentabilidade ao do consumo. A pesquisa, realizada pelo Instituto Akatu, investiga a evolução do grau de consciência dos brasileiros no comportamento do consumo, indicando os desafios, motivações e barreiras para o consumo consciente.

Em sua quinta edição, o estudo detectou que entre os dez principais desejos dos brasileiros, sete tangem a questão da sustentabilidade, ou seja, expressam preferência por alternativas mais sustentáveis, sendo o primeiro lugar ocupado pela busca de um “estilo de vida saudável”. Alimentos saudáveis, frescos, nutritivos e água limpa, por exemplo, estão entre os outros itens apontados.

A nutricionista, Joseane Bessa Araújo, especialista em saúde pública, explica que a alimentação saudável pode ajudar a diminuir o consumo em excesso. “Ela é composta por alimentos naturais que não possuem embalagens, tornando a nossa comida mais sustentável”.

Quando nossa alimentação não é saudável, é comum optar por alimentos ultraprocessados (ricos em açúcar, gordura e sal) que são embalados, como: salgadinhos, refrigerante e suco em pó.

“Se tomarmos refrigerante todos os dias, vamos produzir lixo, ou seja, sete garrafinhas em uma semana”.

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Produção de garrafas plásticas. Foto: Recicla Sampa

Além disso, a alimentação baseada em ultraprocessados aumenta nosso consumo por não ser nutritiva. Quem nunca comeu um fast food e meia hora depois estava com fome de novo? Isso acontece porque esse tipo de comida tem energia, mas faltam outros nutrientes importantes que garantem a saciedade, como as fibras. “Assim, aumentamos o nosso consumo de comida, o que acarreta no aumento do peso e doenças como diabetes e, consequentemente, a nossa produção de lixo também”, explica.

Optando por uma alimentação saudável como uma fruta, por exemplo, um resíduo orgânico é produzido e ele pode virar adubo orgânico. Dessa forma, a escolha por comida natural, além de mais nutritiva, entra em um ciclo sustentável que protege o meio ambiente.

Faça você também!

O Recicla Sampa separou 10 dicas para te ajudar a diminuir o impacto ao meio ambiente:

  1. Opte por comprar produtos duráveis e resistentes, evitando os descartáveis;
  2. Compre produtos cujas embalagens são recicláveis;
  3. Escolha produtos de empresas com selo ambientais e com programas socioambientais;
  4. Conserte seus produtos no lugar de descartá-los;
  5. Doe produtos para que sejam usados por outras pessoas;
  6. Separe o seu resíduo em dois: comum e recicláveis;
  7. Tenha iniciativas sustentáveis no seu ambiente de trabalho;
  8. Não queime o lixo;
  9. Faça a compostagem dos resíduos orgânicos (entenda como aqui);
  10. Fique atento aos rótulos e suas informações ambientais;

Essas e outras informações estão disponíveis no ebook do IDEC distribuído gratuitamente. 

Texto produzido em 18/12/2019


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